Plataformas de bem-estar para empresas impulsionam startups

Apps que estimulam exercícios e portal que reúne benefícios crescem na pandemia

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São Paulo

As restrições impostas pela pandemia e os custos físicos e psicológicos do período levaram empresas a buscar formas remotas de promover o bem-estar entre seus funcionários, abrindo uma nova oportunidade de negócios para startups.

As startups seguem caminho semelhante ao da Gympass, unicórnio do setor que torna a adesão a academias mais acessível para funcionários de empresas.

A startup RadarFit, por exemplo, oferece um aplicativo para empresas incentivarem a prática de exercícios entre seu quadro de funcionários.

O app funciona como um jogo em que o usuário, ao se cadastrar, informa suas características físicas, doenças e frequência de atividade física. Depois, uma série de tarefas diárias é gerada, que envolvem de alimentação saudável a exercícios, de acordo com seu perfil. Conforme ele completa esses desafios, ganha um prêmio.

Segundo Jade Utsch, presidente-executiva do negócio, o faturamento cresceu 1.600% entre 2019 e 2020. “A pandemia deu uma alavancada surreal na RadarFit. Quando vimos, estávamos atuando em 25 países", diz.

Três mulheres sentadas no chão
Jennifer De Faria (da esq. para dir.), Tatiany Ribeiro e Jade Utsch, fundadoras do aplicativo RadarFit - Divulgação

A startup atende hoje mais de 30 empresas de médio e grande porte, diz Jade. O empreendimento começou voltado para o atendimento de empresas, mas agora abriu espaço para usuários finais. O plano empresarial mensal parte de R$ 4,90 por colaborador, enquanto o plano para pessoa física custa a partir de R$ 15,90.

Entre os clientes da plataforma está a Votorantim. “Ela nos contratou e pediu para atender clientes em outros países em que atuam. Corremos para fazer a mudança no idioma, e tivemos que nos adaptar à cultura de cada país”, afirma Jade.

Em julho, a startup teve um aporte de R$ 3 milhões em sua segunda captação, feita pelos fundos Bossa Nova Investimentos e Domo Invest, com participação do G2 Capital como reserva de rodada.

Com funcionários desgastados pelo home office, as áreas de recursos humanos de empresas foram empurradas a olhar mais para saúde mental e para o bem-estar da equipe. O assunto não surgiu durante a pandemia, mas se tornou a tônica do último ano, diz Maíti Junqueira, gerente de desenvolvimento de talentos da consultoria LHH.

“Surgiram novas parcerias diferenciadas de atendimento psicológico e bem-estar físico. Antes fazia parte de um plano, hoje a empresa, independente de recomendar, faz parcerias para incentivar o colaborador”, diz.

Outra startup que foi pega de surpresa foi a Caju, uma plataforma de benefícios que permite concentrar todos os benefícios corporativos em apenas um cartão de crédito.

“As empresas estão claramente se movimentando, e os RHs estão dispostos a pagar por um produto que reúna tudo que seja necessário para o colaborador”, diz o presidente-executivo Eduardo del Giglio.

Eduardo del Giglio, presidente-executivo da Caju, plataforma de benefícios que permite concentrar todos os benefícios corporativos em apenas um cartão de crédito - Karime Xavier/Folhapress

O diferencial, diz, está justamente em livrar o funcionário de ter o problema de ter um benefício que não é aceito em um estabelecimento. Por ter bandeira Visa, ele pode ser usado em qualquer local.

“Já para o RH tem a facilidade de reunir todos os benefícios em um só, e pode definir regras para deixar muito mais benefícios, seja para bem-estar, seja para alimentação”, diz.

Hoje, a startup, que começou em 2020, já tem mais de 2.000 clientes. A Caju recebeu um aporte de R$ 13 milhões liderado pelo fundo Valor Capital Group, pela Canary e também com a participação de Ariel Lambrecht, fundador da 99 e da Yellow.

No início de agosto, a empresa recebeu outro aporte R$ 45 milhões, liderado por Valor Capital Group, Caravela Capital e Volpe Capital. Os fundos Picus Capital, FJ Labs e Clocktower Technology também participaram da rodada.

Um homem de braços cruzados
Douglas Ferro, presidente-executivo ZeroPay, plataforma de seguros e benefícios para empresas - Divulgação

Já no Recife, a ZeroPay oferece seguros odontológicos e outros serviços para empresas. A empresa começou há quatro anos como uma plataforma de seguros online com cash back, mas acabou “pivotando” em 2019, uma gíria do meio para quando uma startup muda de rumo.

O negócio começou com atendimento ao usuário final, mas migrou também para o atendimento de áreas de recursos humanos. “Essa guinada veio depois que a Ser Educacional adquiriu parte da ZeroPay, e acabamos mudando o modelo de negócio”, diz Douglas Ferro, presidente-executivo da ZeroPay.

A partir de então, começou a fazer parceria com o RH do Ser Educacional, e viu que a entrada de um grande player teria um ganho maior. Surgiram novos projetos com o Easy Vantagens, um clube de benefícios para colaboradores. “Separamos vários descontos para empresas parceiras como descontos na Netflix, Spotify e ecommerce”, diz.

Com a pandemia, viu a necessidade de expandir o negócio para saúde mental, e criou o LabSaúde, que vai englobar todos os benefícios anteriores junto ao atendimento psicológico.

O perfil primário da startup é de pequenas e médias empresas. “Grandes também, mas é um pouco difícil de penetrar”, diz Ferro.

“Como somos uma startup, pensamos em outras que não conseguiriam ter um plano para um colaborador, por exemplo”.

A empresa já tem 270 mi usuários, com planos que partem de R$ 20.

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