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Bolsa cai 6,7% em outubro com risco fiscal; Petrobras desaba após falas de Bolsonaro

Ações ordinárias da estatal recuaram 6,49% nesta sexta

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São Paulo

A Bolsa de Valores brasileira caiu 2,09% nesta sexta-feira (29), encerrando o mês com 103.500 pontos. É o pior fechamento mensal desde novembro de 2020.

Outubro também acumula uma baixa de 6,74%, refletindo o nervosismo do mercado com o aumento do risco fiscal. Em 2021, as perdas chegam a 13,04%.

O dólar subiu 0,28% nesta sexta, a R$ 5,6420. No mês, a moeda americana alcançou uma valorização de 3,72% em relação ao real.

A percepção do mercado sobre o desequilíbrio nos gastos públicos piorou significativamente na semana passada, quando o governo Jair Bolsonaro (sem partido) revelou sua intenção de driblar o teto de gastos para ampliar o novo Bolsa Família, o Auxílio Brasil, no ano eleitoral de 2022.

Homem aponta para quadro eletrônico com índices negociados na Bolsa de Valores, em São Paulo (SP), nesta quinta (28) - Amanda Perobelli /Reuters

O governo também não conseguiu até o momento avançar com a PEC (proposta de emenda à Constituição) do precatórios, apresentada pelo Planalto como solução para acomodar parte dos gastos extras para fechar o Orçamento do próximo ano. Os seguidos adiamentos das discussões no Congresso aumentam o clima de incerteza.

Os resultados desta semana para Bolsa e dólar no Brasil denotam, segundo analistas, a perda de confiança na capacidade do Banco Central de fazer o necessário para conter o processo inflacionário, mesmo após a autoridade monetária ter elevado a taxa Selic para 7,75% ao ano na última quarta-feira (27).

"Além do pano de fundo macro, acredito que o movimento do mercado mostra uma clara perda de confiança no BC, que vem atrás da curva no processo de alta de juros e deveria ter explicitado um tom mais duro em seu comunicado após a decisão de alta de 1,5 ponto percentual na taxa Selic", escreveu Dan Kawa, da TAG Investimentos.

Ações da Petrobras caem com temor de intervenção do governo

No pregão desta sexta, o Ibovespa, índice de referência da Bolsa, foi puxado para baixo pelo desempenho ruim da Petrobras e dos setores de mineração e metalurgia.

As ações preferenciais (PETR4) e ordinárias (PETR3) afundaram 5,90% e 6,49%, respectivamente, apesar do lucro de R$ 31,1 bilhões no terceiro trimestre de 2021 e da decisão de dobrar o valor dos dividendos distribuídos aos seus acionistas anunciados pela companhia na véspera.

O lucro da estatal foi alvo de críticas de Bolsonaro na véspera. Sofrendo impactos do aumento de preços dos combustíveis em sua popularidade, o presidente disse que a estatal "tem que ser uma empresa que dê um lucro não muito alto como tem dado".

Analistas disseram que as declarações do presidente elevaram o temor de investidores sobre uma intervenção do governo na política de preços da companhia, sobretudo em um cenário de dólar e petróleo em alta.

"O mercado gostou bastante dos resultados da Petrobras, mas a declaração do presidente de interferir de alguma forma na política de preços é o que assusta o mercado", diz Romero Oliveira, head de renda variável da Valor Investimentos.

O petróleo Brent, referência para esse mercado, subiu 0,06% nesta sexta, a US$ 84,37 (R$ 476,04).

Os preços da commodity se recuperaram ao longo do dia, apoiados pela expectativa de que não haverá aumento na produção pela Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo), Rússia e seus aliados.

O desempenho fraco das ações de empresas ligadas à siderurgia reforçou a queda da Bolsa nesta sexta, com destaque para a Vale (VALE3), que caiu 2,84% e figurou entre as mais negociadas do dia.

A mineradora divulgou crescimento no terceiro trimestre de 33,6% na comparação com o mesmo período do ano passado, mas, em relação ao trimestre imediatamente anterior, houve queda de 48,7% no resultado.

A empresa vem perdendo ganhos com a desvalorização do minério de ferro ante a desaceleração econômica da China, principal compradora da commodity produzida pela brasileira.

Na véspera, houve desvalorização de 4,25% no preço do minério de ferro com 62% de pureza negociado à vista no porto de Qingdao, na China. Os contratos futuros do insumo também recuaram.

Com resultados também afetados pela expectativa de redução do consumo de aço na China, fecharam em baixa Usiminas (-7,54), CSN (-5,24%) e Gerdau (-1,82%), que lideraram a lideraram a lista de perdas no pregão.

Entre os papéis mais negociados, o destaque positivo foi a Suzano, que fechou em alta de 0,65%. A empresa apresentou aumento no resultado operacional do terceiro trimestre e expansão de cerca de 11% na capacidade de sua futura fábrica em Ribas do Rio Pardo (MS). Executivos da Suzano disseram esperar custo de produção estável nos próximos trimestres e recuperação na China.

Em nota aos clientes sobre o fechamento do mercado, a Ativa Investimentos reforçou que as dificuldades domésticas mais uma vez mantiveram o mercado acionário brasileiro descolado do desempenho positivo do exterior.

Nos Estados Unidos, os índices Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq avançaram 0,25%, 0,19% e 0,33%, respectivamente.

A alta poderia ter sido maior em Wall Street, onde os resultados frustrantes dos balanços de Apple e Amazon pressionaram negativamente. Mesmo assim, o S&P 500, referência para o mercado americano, e o Nasdaq, que concentra as empresas de tecnologia, acumularam ganhos mensais de 6,91% e 7,27%, respectivamente.

Com Reuters

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