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Covid-19 demonstrou 'potência' dos gastos públicos, diz FMI

Pandemia salientou divisão entre países quanto ao acesso a finanças baratas

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Chris Giles
Londres | Financial Times

A crise do coronavírus causou um aumento das dívidas pública e privada muito maior do que na crise financeira global, disse o FMI na quarta-feira (13), ao salientar uma "grande divisão financeira" entre os países que têm acesso a finanças e os que não têm.

A dívida foi geralmente bem usada durante a pandemia, segundo Vitor Gaspar, chefe de política fiscal do FMI, protegendo as famílias e as empresas da Covid-19, acelerando a recuperação e melhorando as perspectivas econômicas.

Quase 90% do apoio fiscal ativo mobilizado durante a crise da Covid foi assumido pelas economias avançadas e a China. Embora esses países também tivessem melhor acesso às vacinas, o FMI disse que isso demonstrou o valor de poder apoiar as economias com gastos públicos durante uma crise.

Poster anunciando a chegada da reunião anual do Banco Mundial e da FMI do lado de fora da sede da FMI em Washington, EUA - Mandel Ngan - 07.out.2021/AFP

Em comparação, a falta de acesso a crédito barato minou as perspectivas dos países emergentes e em desenvolvimento, segundo Gaspar. "A lacuna financeira parece se traduzir em perspectivas econômicas. E no caso dos países de baixa renda [a grande divisão] parece criar dificuldades que persistem em médio prazo."

"Em 2020, a política fiscal provou sua potência", acrescentou Gaspar, já que os países mais pobres hoje enfrentam maiores prejuízos econômicos em longo prazo da Covid-19, com receitas fiscais deprimidas e piora das finanças públicas subjacentes.

No Monitor Fiscal do FMI, publicado na quarta-feira (13), as economias avançadas não saíram da pandemia ilesas, com níveis de dívidas que deverão se estabilizar pouco abaixo de 100% da renda nacional. No entanto, isso foi menos que o esperado seis meses atrás.

Os deficits também provavelmente voltarão a níveis administráveis conforme as economias se recuperam aos níveis normais de produção, perto de sua tendência pré-pandemia. O FMI não recomendou que esses países tomem medidas adicionais para reduzir os deficits.

Quando investirem no futuro, Gaspar disse que a pandemia já mostrou que os empréstimos para gastos de capital "bem gastos" terão um retorno positivo, reforçando o desempenho econômico e não aumentando a carga da dívida em longo prazo.

"Provavelmente a vacinação neste momento da Covid-19 seja o investimento público global de mais alto retorno até hoje", disse Gaspar, acrescentando que em muitos países pobres o investimento para ajudar as pessoas a se adaptarem ao aquecimento global teve retornos muito altos.

O FMI realizou um exercício de simulação para avaliar os prováveis efeitos dos programas de infraestrutura e apoio familiar propostos pelo governo Biden nos EUA, juntamente com o fundo de recuperação da União Europeia.

Esses programas enormes somados acrescentarão 0,7% ao nível do Produto Interno Bruto global nos próximos anos, na avaliação do FMI, aumentando os investimentos e as taxas de juros reais no processo, com os benefícios sentidos de forma mais intensa nos EUA, na UE e nos países exportadores de matérias-primas.​

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