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Facebook lança a carteira para moeda digital Novi

Companhia escolheu a stablecoin Paxos Dollar após criptomoeda proposta pela empresa, chamada Diem, não obter aprovação das autoridades regulatórias

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Siddharth Venkataramakrishnan Hannah Murphy
Londres e San Francisco | Financial Times

O Facebook lançou a muito aguardada versão piloto de sua carteira de moeda digital, chamada Novi, nos Estados Unidos, mas escolheu usar a “stablecoin” Paxos Dollar, depois que a criptomoeda proposta pela empresa, chamada Diem, fracassou em obter aprovação das autoridades regulatórias.

David Marcus, que comanda as operações da divisão Novi do Facebook, anunciou em um post de blog na terça-feira (19) que a companhia tinha colocado em operação o projeto piloto, em partes dos Estados Unidos e também na Guatemala.

Usuários podem baixar o app em seus iPhones ou celulares Android e se registrar usando um documento oficial de identidade, disse Marcus, acrescentando que a transferência de dinheiro entre carteiras digitais seria gratuita. A bolsa de criptomoedas americana Coinbase está fornecendo serviços de custódia à Novi.

Funcionário do Facebook na sede da companhia, em Menlo Park, na Califórnia - Josh Edelson - 23.out.2019/AFP

O grupo de capital para empreendimentos Andreessen Horowitz é investidor na Coinbase e Marc Andreessen, seu fundador, faz parte do conselho do Facebook.

A decisão do Facebook de utilizar uma “stablecoin” existente em lugar de sua moeda digital Diem, que a carteira Novi tinha sido concebida para deter originalmente, reflete as dificuldades de colocar em prática esse segundo projeto do Facebook.

O setor como um todo vem enfrentando questões quanto à proteção aos consumidores, lavagem de dinheiro e estabilidade monetária. Mas as autoridades regulatórias expressaram preocupação especial quanto a ter o gigante da mídia social, cuja reputação foi abalada por diversos escândalos, operando uma moeda própria, desde que a companhia anunciou a iniciativa em 2019, unida a diversos parceiros que incluem empresas de tecnologia e organizações sem fins lucrativos.

Marcus, que também foi o executivo encarregado de comandar inicialmente o projeto Diem, disse que o apoio da empresa à sua moeda digital “não mudou”, acrescentando que “pretendemos que a carteira digital migre para a rede de pagamentos Diem assim que esta receba aprovação das autoridades regulatórias”.

Ele também disse que seu objetivo era que a Novi tivesse capacidade de interagir operacionalmente com outras carteiras de moedas digitais, no futuro.

As chamadas “stablecoins”, lastreadas por ativos como o dólar, vêm servindo como um conduto vital para clientes que buscam fazer a transição das moedas tradicionais para as criptomoedas.

Mas o Conselho de Estabilidade Financeira, um órgão internacional que monitora os mercados financeiros e oferece recomendações, alertou em outubro que “uma ‘stablecoin’ mundial “poderia “desafiar a abrangência e a efetividade das abordagens regulatórias, supervisórias e fiscalizatórias existentes”.

O Paxos Dollar é a oitava maior “stablecoin”, de acordo com a CoinGecko, uma empresa que fornece informações sobre criptomoedas. Mas responde por menos de 1% de um setor que movimenta US$ 130 bilhões e é dominado pela Tether, a líder do mercado, seguida pela USD Coin, operada pela Coinbase e pela companhia de sistemas de pagamentos Circle.

O Paxos se posicionou como uma moeda digital mais responsável e recebeu da Controladoria Federal da Moeda americana uma “aprovação preliminar condicional” para uma licença bancária nos Estados Unidos.

“O Paxos abriu caminho no mercado de criptomoedas ao criar soluções regulamentadas dentro de estruturas estabelecidas”, escreveu Walter Hessert, vice-presidente de estratégia do Paxos, em um post de blog.

Marcus disse que o Paxos Dollar havia sido escolhido em parte porque suas reservas eram detidas 100% em dinheiro e em instrumentos equivalentes, o que permite que os usuários saquem dinheiro rapidamente em suas moedas locais.

Embora o plano original do Diem fosse criar uma criptomoeda sintética lastreada por uma cesta de moedas, e sua sede ficasse na Suíça, mais tarde a divisão se transferiu aos Estados Unidos para se concentrar no lançamento de uma única “stablecoin”, lastreada pelo dólar em razão de um para um. Os investidores no projeto incluem a Coinbase e a Andreessen Horowitz.

Mesmo assim, na terça-feira um grupo de senadores democratas que inclui Brian Schatz, Sherrod Brown, Richard Blumenthal e Elizabeth Warren apelou ao Facebook que encerrasse o projeto, assim como o projeto Novi.

“O Facebook está uma vez mais levando adiante planos para uma moeda digital, com um cronograma agressivo. (...) Ainda que esses planos sejam incompatíveis com a paisagem regulatória atual das finanças —não só para o Diem especificamente mas também para as ‘stablecoins’ em geral”, escreveram os senadores em uma carta a Mark Zuckerberg, o presidente-executivo do Facebook.

“O Facebook não merece confiança para administrar um sistema de pagamentos ou uma moeda digital, quando sua capacidade existente de administrar riscos e manter os consumidores seguros se provou completamente insuficiente”.

Tradução de Paulo Migliacci

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