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Falta de suprimentos na Apple afeta receita e custa à fabricante do iPhone US$ 6 bilhões

Ações caem depois de grupo tecnológico dizer que escassez de peças será pior neste trimestre

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Patrick McGee
San Francisco | Financial Times

As ações da Apple caíram depois que a maior empresa do mundo errou as estimativas de lucros devido à crise global de chips, que segundo ela vai durar até o fim do ano.

Tim Cook, o presidente-executivo, disse que "restrições de oferta maiores do que se esperavam" custaram à empresa US$ 6 bilhões (R$ 33,6 bilhões) nos três meses até setembro, acrescentando que a escassez custaria ainda mais no período de fim de ano —sua época mais lucrativa.

As restrições de oferta "afetaram o iPhone, o iPad e o Mac", disse Cook aos investidores, citando a escassez de chips e "interrupções de fabricação relacionadas à Covid" no sudeste da Ásia.

Logo da Apple em loja da companhia em Paris - Gonzalo Fuentes - 17.set.2021/Reuters

A empresa registrou US$ 83,4 bilhões (R$ 467 bilhões) de receitas em seu quarto trimestre fiscal, um aumento de 29% em relação ao ano anterior, mas abaixo das expectativas de US$ 84,3 bilhões (R$ 472,1 bilhões).

As ações da Apple fecharam o pregão desta sexta-feira (29) em queda de 1,8%.

O lucro líquido superou as expectativas, porém, subindo 62%, para US$ 20,5 bilhões (R$ 114,8 bilhões), contra estimativas de US$ 20,2 bilhões, graças ao crescimento dos serviços de maior margem.

O iPhone foi responsável por 46,6% de toda a receita no último trimestre, com crescimento de 47% nas vendas de smartphones, chegando a US$ 38,9 bilhões (R$ 217,8 bilhões). A comparação foi favorecida pelos atrasos relacionados à Covid no lançamento do iPhone 12 há um ano, com a receita geral da Grande China aumentando 83%, para US$ 14,6 bilhões (R$ 81,8 bilhões).

Luca Maestri, diretor-financeiro da companhia, disse ao Financial Times que a Apple tem 745 milhões de assinantes pagantes por seus serviços, contra 660 milhões há seis meses. Isso ajudou a receita dos negócios de serviços da Apple a crescer 25,6% em relação ao ano anterior, para US$ 18,3 bilhões (R$ 102,5 bilhões), sua segunda categoria de crescimento mais rápido depois do iPhone.

A divisão Mac somou apenas 1,6%, com US$ 9,18 bilhões (R$ 51,41 bilhões) em receita, enquanto as vendas do iPad saltaram 21,4%, para US$ 8,3 bilhões (R$ 46,5 bilhões). A receita da Wearables, categoria que inclui fones de ouvido e relógios inteligentes, aumentou 11,5% para US$ 8,8 bilhões (R$ 49,3 bilhões).

A Apple se recusou a oferecer orientações específicas para a temporada de fim de ano, mas Maestri disse que "a demanda está muito, muito forte" e antecipou receitas recordes. Analistas projetam que a Apple gerará US$ 120 bilhões (R$ 672 bilhões), em comparação com US$ 111,4 bilhões (R$ 623,8 bilhões) um ano atrás.

"Gostaríamos de ter mais oferta do que hoje", disse Maestri.

No período de 12 meses, a Apple ganhou mais de US$ 1 bilhão por dia no ano fiscal, pela primeira vez. As receitas aumentaram 33,3%, para US$ 365,8 bilhões (R$ 2 trilhões), sua taxa de crescimento mais rápida desde 2012. O lucro líquido chegou perto de US$ 100 bilhões no ano, aumentando 64,9%, para US$ 94,7 bilhões (R$ 530,3 bilhões).

A Apple teve um desempenho tão bom que os analistas acharam difícil imaginar um crescimento de dois dígitos, e Wall Street previu uma expansão de 4,6% nos próximos 12 meses, de acordo com a S&P Capital IQ.

"Está claro que o crescimento vai desacelerar no próximo ano, como acontecerá com quase todas as grandes tecnologias", disse Gene Munster, investidor da Loup Ventures.

Munster estava mais entusiasmado do que a maioria, dizendo que o crescimento de 7% a 9% parece sustentável pelos próximos anos "até que a Apple se lance em novas categorias de produtos", como realidade aumentada e possivelmente veículos.

O desempenho financeiro da Apple também pode se expandir mais rapidamente graças a uma combinação cada vez maior de serviços de margens mais altas, incluindo a receita da App Store e um impulso na publicidade.

Analistas da Evercore ISI observaram que as margens brutas de 42,2% no último trimestre ficaram acima das estimativas. Isso ocorreu porque a Apple não cumpriu as previsões de vendas de iPhone com margens mais baixas, mas as ultrapassou em serviços, que ostentaram uma margem recorde de 70,5%, contra 34,3% para hardware.

"Estabelecemos recordes de todos os tempos em todos os setores (em serviços)", disse Maestri aos investidores. "AppleCare, música, vídeo, publicidade, serviços de pagamento e a App Store foram um recorde do trimestre de setembro."

Tradução de Luiz Roberto M. Gonçalves

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