Descrição de chapéu juros copom inflação

Instituições financeiras elevam projeções para dólar com insegurança fiscal

Relatório do BC reforça prognóstico de altas juros e inflação e baixa expectativa para PIB

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Reuters

O vendaval no noticiário político-fiscal doméstico na semana passada​ já provocou revisões para cima nas estimativas para o dólar ante o real, num momento em que a moeda norte-americana mostra força no exterior por expectativas de menor liquidez conforme o banco central norte-americano se prepara para reduzir estímulos.

O cenário de maior cautela acerca do câmbio foi consolidado nesta segunda-feira (25) pela pesquisa Focus do Banco Central, em que o prognóstico de economistas e outros profissionais do mercado para o dólar pulou a R$ 5,45 para o fim deste ano e do próximo, ante R$ 5,25 da previsão anterior para ambos os períodos. O mercado elevou ainda os números para juros e inflação e baixou os para o crescimento econômico.

A XP promoveu forte alta em seus cálculos, vendo agora cotação de R$ 5,70 ao fim deste ano e de 2022, ante taxas anteriores de R$ 5,20 e R$ 5,10, respectivamente, argumentando que o que se tem visto é "uma mudança de regime na condução da política fiscal, e não 'apenas' uma piora na margem".

Dólar - Dado Ruvic - 12.mai.2021/Reuters

O dólar interbancário não fecha no nível de pelo menos R$ 5,70 desde 13 de abril passado, quando encerrou em R$ 5,7175.

"Apesar das mesmas projeções para o final deste e do próximo ano, acreditamos que a taxa de câmbio apresentará muita volatilidade, especialmente com a aproximação das eleições", disse em nota do fim da sexta-feira Caio Megale, economista-chefe da XP.

O Credit Suisse passou a ver taxa de câmbio de 5,50 por dólar ao fim de 2021 e 2022 –antes, o banco calculava dólar de R$ 5,20 para ambos os períodos.

A piora de cenário pela instituição suíça veio na esteira de forte reação negativa dos mercados financeiros na semana passada à proposta do governo de romper o teto de gastos, o que levou o dólar futuro a superar os R$ 5,76 no pior momento da sexta-feira (22).

Na mesma toada, a Necton Investimentos passou a ver cotação de R$ 5,55 ao fim deste ano, acima da taxa de R$ 5,40 prevista anteriormente.

O Santander Brasil ajustou na última quinta-feira (21) sua estimativa para a taxa cambial, vendo dólar de R$ 5,35 ao fim deste ano, acima do patamar de R$ 5,25 da projeção anterior. O banco manteve o prognóstico de R$ 5,55 para a conclusão de 2022.

"Com os ventos do exterior mudando de direção, riscos idiossincráticos continuam a pressionar os prêmios de risco e os preços dos ativos domésticos. Além de um aumento do risco global, incertezas persistem internamente no âmbito fiscal e no nível político-institucional, com a proximidade das eleições presidenciais", disse a economista-chefe do banco, Ana Paula Vescovi, e seu time econômico em relatório.

Em relatório divulgado no término da semana passada, o Morgan Stanley foi curto e direto: "Fiquem vendidos em real". Para estrategistas da instituição, um Banco Central mais duro na política monetária não seria suficiente para reverter a direção de alta do dólar contra o real neste momento.

"Notamos que as manchetes recentes apontam mais ruído fiscal à frente, como detalhes em torno da implementação do programa Auxílio Brasil a serem acertados entre governo e Congresso", afirmaram os profissionais no documento.

O Morgan recomenda posição em "knock-out calls" em opções de dólar/real para três meses ATMF (no dinheiro, ou seja, com preço do ativo-objeto igual ou muito próximo ao do exercício).

"Knock-out calls" envolvem uma estratégia de opção com barreiras –no caso, de R$ 5,90 por dólar. Na prática, a recomendação indica percepção de que o dólar pode se aproximar desse patamar.

"É uma aposta com custo atraente numa trajetória de baixa do real nas próximas semanas", disseram os profissionais do Morgan.

Dados de uma agência dos Estados Unidos mostraram que especuladores que operam na Bolsa Mercantil de Chicago tornaram a vender contratos de reais, elevando posições pessimistas na moeda brasileira em meio à forte pressão cambial no Brasil diante de temores sobre a trajetória das contas públicas.

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