Greve na GM em São Caetano tem que terminar, decide Tribunal do Trabalho

Justiça nega pedido da montadora para declarar abusiva a paralisação, mas determina volta ao trabalho

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São Paulo

O trabalho na General Motors em São Caetano do Sul, no ABC paulista, deve ser retomado nesta quinta-feira (14), decidiu o TRT-2 (Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região). Cerca de 4.100 metalúrgicos estão em em greve desde o dia 1º.

O dissídio coletivo foi apresentado pela montadora na semana passada. A empresa queria que a paralisação fosse considerada abusiva –quando isso acontece, os grevistas podem ter os salários descontados, por exemplo.

Dos três pontos de divergência entre o sindicato e a GM, dois foram concedidos conforme queriam os metalúrgicos.

A Justiça do Trabalho determinou a manutenção da cláusula que garante a estabilidade de emprego para os funcionários com doenças ocupacionais –aquelas com ligação ao trabalho, como lesões por esforços repetitivos. O desconto anual da contribuição ao sindicato também foi mantido.

O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano do Sul, Aparecido Inácio da Silva, o Cidão, diz que a decisão da Justiça será levada a uma assembleia na quinta de manhã.

Linha de produção da GM em São Caetano do Sul, região do ABC (Divulgação)
Linha de produção da GM em São Caetano do Sul, no ABC - Divulgação

A tendência, porém, é que a decisão seja cumprida e a produção na fábrica, retomada. A multa diária caso os metalúrgicos não voltem ao trabalho é de R$ 50 mil.

Nesta quarta-feira (13) de manhã, os trabalhadores da GM em São Caetano recusaram proposta de acordo parcial fechada entre o sindicato e a empresa em audiência na Justiça do Trabalho na sexta (8). A decisão contrária ao acordo foi tomada em assembleia realizada no início da manhã na porta da fábrica.

Essa proposta estabelecia dez pontos de negociação considerados consensuais, como o reajuste de 10,42% para os salários e também para o piso da categoria, a refeição no restaurante da empresa e o vale-transporte. O índice refere-se ao INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) acumulado até 31 de agosto de deste ano.

O acordo parcial também fixava em um ano a duração das cláusulas sociais e econômicas, além de estabelecer a antecipação do 13º de 2022 para fevereiro do próximo ano e o retorno de uma regra de progressão salarial.

Esses pontos foram homologados pela Justiça do Trabalho no julgamento desta quarta.

Segundo o Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano, a discordância em relação à cláusula que garante a estabilidade foi a mais importante para a decisão de recusar o acordo parcial.

A GM diz que seus esforços eram por uma proposta que seja justa para as duas partes. "Considerando o atual cenário econômico e os impactos da pandemia, esperamos poder retomar a produção o mais rápido possível", diz a empresa, em nota.

Enquanto a empresa e os trabalhadores não chegam a um acordo, a linha de montagem da planta de São Caetano segue paralisada. A produção diária da fábrica é de aproximadamente 750 veículos dos modelos Spin, Tracker, Joy e Joy Plus (versões antigas do Onix e do Prisma).

Na semana em que a greve teve início, a montadora havia anunciado a retomada dos dois turnos de produção e esperava dobrar a produção do utilitário Chevrolet Tracker.

O processo no TRT-2 foi iniciado pela GM na semana passada. A empresa pediu a suspensão da greve, o que foi negado pela juíza do trabalho Raquel Gabbai de Oliveira, convocada a atuar no tribunal.

O julgamento definiu também que a GM pagará integralmente pelos dias parados, mas as horas não trabalhadas até o dia 12 terão de ser 50% compensadas. As horas referentes ao trabalho no dia 13 também serão pagas, mas precisarão ser integralmente compensadas pelos metalúrgicos.

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