Descrição de chapéu aeroportos

Latam divulga que passagem barata veio para ficar, mas preço não para de subir

Alta no ano é de 56,8%, diz IBGE; para presidente da empesa no Brasil, alta de viagem programada reduz valores

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Brasília

O presidente da Latam Brasil, Jerome Cadier, afirmou nesta quinta-feira (14) que a tendência é que cada vez menos consumidores comprem passagens em cima da hora, geralmente mais caras que as adquiridas antecipadamente.

“As viagens serão mais planejadas e, com isso, o preço médio mais baixo das passagens veio para ficar”, disse o executivo, durante o evento virtual Latam Experience, que aconteceu nesta quinta e continua nesta sexta-feira (15), a fim de discutir o futuro da indústria de turismo e da aviação civil.

Até agora, porém, os brasileiros estão se deparando com passagens aéreas cada vez mais caras.

No acumulado de 12 meses, as passagens aéreas tiveram alta de 56,81%, segundo dados divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) na última sexta-feira (8). O indicador supera o índice geral da inflação acumulada de 12 meses, que ficou em 10,25% no período, o maior desde fevereiro de 2016.

Segundo Cadier, outra tendência do consumo pós-pandemia é a adoção de mais ferramentas digitais para agilizar a operação. Na companhia aérea, por exemplo, parte das viagens atualmente têm check-in automático (o passageiro nem precisa entrar no site), e o despacho das bagagens é feito por totens de autoatendimento nos aeroportos.

“A adoção de ferramentas tecnológicas vai mudar o perfil das viagens aéreas para sempre”, disse o executivo, que acredita no aumento da fatia das viagens de turismo doméstico, em detrimento às viagens de negócios.

Homem branco com turbina de avião ao fundo
O presidente da Latam Brasil, Jerome Cadier, afirma que o número de rotas domésticas da Latam Brasil deve passar de 44 para 56 até junho de 2022. - Karime Xavier / Folhapress

Segundo Cadier, os últimos seis meses exigiram maior capacidade de planejamento das companhias aéreas, tendo em vista o controle das variantes do novo coronavírus e as barreiras sanitárias impostas pelos países.

“O mercado internacional está se recuperando mais lentamente”, afirmou. “Nós já atingimos 90% da demanda do mercado doméstico em relação ao patamar de 2019, antes da pandemia. Já no mercado internacional, estamos entre 20% e 25% da demanda”, disse.

Por conta das incertezas, as pessoas estão postergando as viagens internacionais, um segmento que só vai se recuperar ao final de 2023, segundo o executivo.

Cadier aposta no aumento do turismo doméstico no Brasil. “Antes da pandemia, a Latam Brasil operava 44 bases domésticas. Ao final do segundo trimestre de 2022, serão 56”, disse.

A flexibilidade obtida com a redução de custos fixos permitiu à companhia testar novas rotas. “Consigo me adaptar mais rápido às mudanças de demanda”, disse Cadier, lembrando que a Latam Brasil voltou a liderar o mercado de voos domésticos nos últimos meses. “Mas isso para nós não é o mais importante, e sim manter uma operação sustentável”.

Plano de recuperação

Nesta quinta-feira, o grupo Latam informou que solicitou ao Tribunal de Nova York a prorrogação do prazo para apresentar com exclusividade seu plano de recuperação judicial, no âmbito do Chapter 11 (lei de falência norte-americana). O prazo, que venceria nesta sexta (15), foi prorrogado para 26 de novembro.

Este é o prazo final para a companhia apresentar seu plano com exclusividade ( sem que terceiros apresentem aos credores propostas de compra da empresa, por exemplo).

"Por meio do Capítulo 11, as subsidiárias serão capazes de redimensionar suas operações e adaptá-las ao novo ambiente de demanda e reorganizar seus balanços financeiros, permitindo que ressurjam como negócios mais ágeis, eficientes e sustentáveis ​​para um novo estágio pós-pandêmico", disse a empresa, em nota.

No evento desta quinta, Cadier fez questão de destacar o caráter educativo do pedido de recuperação judicial feito pela companhia, que aderiu ao Chapter 11 em maio do ano passado, seguindo a controladora, a chilena Latam, que havia tomado a iniciativa em março de 2020.

“De agradável, o Chapter 11 não tem nada”, afirmou Cadier. “Mas esta decisão se mostrou fundamental para garantir a sustentabilidade financeira da companhia”.

Segundo ele, a Latam aderiu ao Chapter 11 para se tornar mais competitiva e, com isso, conseguiu renegociar tudo, atingindo um custo de operação mais baixo. Como exemplo, Cadier citou a otimização da frota.

“Quando se tem aviões diferentes, as peças, o treinamento e a manutenção também são diferentes, o que aumenta os custos”, afirmou. “Nos últimos meses, otimizamos a frota para aeronaves Boeing 777 e 787”.

Outro exemplo de melhoria de desempenho, atrelada a metas ESG (de governança ambiental, social e corporativa) está relacionado a adoção de um software que vai auxiliar cerca de 200 aeronaves A320 a repensar sua rota de descida –medida que deve ser aplicada até março do ano que vem. Com isso, segundo o presidente da Latam Brasil, haverá a diminuição de 300 toneladas na emissão de gás carbônico (CO2).

“Não foi e não está sendo fácil passar pela crise. Ninguém gosta de sofrer, mas isso leva a mudanças que podem ser positivas. Já fui chamado de cavaleiro do apocalipse antes da pandemia, mas hoje estou otimista”, afirmou Cadier. “A gente se reinventou”.

Esta semana, a empresa informou ter recebido uma proposta de financiamento da sua dívida, dentro do processo de recuperação judicial em que está inserida. A proposta é da ordem de US$ 5 bilhões (R$ 27,7 bilhões), de acordo com pessoas ouvidas pela Folha, e está relacionada a uma redução significativa da participação dos acionistas chilenos no capital da companhia.

A aérea, porém, continua em contato com outros interessados em financiar sua dívida, que soma quase US$ 18 bilhões (cerca de R$ 100 bilhões).

Atualmente, o grupo Latam opera no Brasil, Chile, Colômbia, Equador e Peru. São 970 voos diários para 117 destinos em 16 países.

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