Repressão a empresas marca o fim da era dourada da economia chinesa

Se antes os executivos tinham sinal verde para crescer a qualquer custo, hoje as autoridades querem ditar quais indústrias florescem

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Paul Mozur
The New York Times

As companhias tecnológicas chinesas estão sofrendo com a regulamentação. Credores nervosos esperam um socorro à maior empreiteira do país. Números crescentes de executivos vão para a cadeia. Uma indústria inteira está fechando.

Para o líder chinês, Xi Jinping, tudo faz parte do plano.

Sob seu comando, a China está reformulando a operação das empresas e limitando o poder dos executivos. Muito atrasadas, mas de rápida execução, as políticas são conduzidas por um desejo de controle do Estado e independência, assim como preocupações sobre dívida, desigualdade e influência de países estrangeiros, incluindo os Estados Unidos.

Xi Jinping com punho levantado
Xi Jinping discursando na cerimônia que marca o centenário da fundação do PCC (Partido Comunista da China), em 1º de julho de 2021 - Xie Huanchi/Xinhua

Reforçado pelo nacionalismo cada vez maior e seu sucesso com a Covid-19, Xi está reformulando o mundo empresarial da China à sua própria imagem. Acima de tudo, isso significa controle. Se antes os executivos tinham sinal verde para crescer a qualquer custo, hoje as autoridades querem ditar quais indústrias florescem, quais estouram e como isso acontece. E as mudanças oferecem uma ideia da visão de Xi para administrar a economia, antes de uma reunião política que deverá solidificar seus planos de exercer um terceiro mandato sem precedentes no governo.

O objetivo é reparar problemas estruturais, como o excesso de dívida e a desigualdade, e gerar um crescimento mais equilibrado. Vistas em conjunto, as medidas marcam o fim da era dourada das empresas privadas que transformaram a China em uma potência manufatureira e um centro de inovação. Economistas advertem que governos autoritários têm um registro instável com esse tipo de transformação, mas reconhecem que poucos colocaram tantos recursos e planejamento no esforço.

Só em uma semana do mês passado, credores temeram o destino da maior empreiteira da China, a Evergrande, sem que as autoridades falassem em um socorro; o banco central anunciou que todas as transações envolvendo criptomoedas não aprovadas seriam ilegais; e as autoridades detiveram os dois executivos máximos do grupo HNA, conglomerado de logística e transporte endividado, e condenaram o presidente do Kweichow Moutai Group, uma companhia de bebidas de alto nível, à prisão perpétua por aceitar propinas.

Na Conferência Mundial da Internet na China, na semana passada, uma autoridade indicou que os esforços para conter os gigantes da internet não tinham terminado, advertindo sobre a "expansão desordenada de capital". Antes uma vitrine do poder dos empresários chineses, a conferência deste ano se tornou uma plataforma para prometer lealdade às iniciativas do Estado para distribuir a riqueza.

Tradução Luiz Roberto M. Gonçalves

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