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Selic deve subir 1 ponto percentual por reunião, diz diretor do BC

Fabio Kanczuk afirma que ritmo não é compromisso e Copom pode rever indicação se cenário mudar

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Brasília

O diretor de Política Econômica do BC (Banco Central), Fabio Kanczuk, reiterou nesta quarta-feira (13) que a autoridade monetária continuará elevando a taxa básica de juros (Selic) em 1 ponto percentual por reunião até atingir um nível "significativamente acima" do neutro, em patamar que desaquece a economia.

Ele não especificou, contudo, qual seria o nível final dos juros. Segundo o relatório Focus desta semana, em que a autarquia divulga levantamento feito com economistas, o mercado elevou as expectativas e espera que a Selic termine 2022 a 8,75%. Na semana anterior a aposta era de 8,5%.

Kanczuk afirmou que uma mudança brusca no cenário econômico poderia fazer o BC revisar a postura.

"Claro que se ocorrer uma grande mudança, podemos ter que aumentar ou diminuir o ritmo, mas é suficiente e podemos fazer com este ritmo", afirmou em evento organizado pelo HSBC.

Fabio Kanczuk, diretor de Política Econômica do BC (Banco Central)
Fabio Kanczuk, diretor de Política Econômica do BC (Banco Central)
Geraldo Magela - 13.out.2021/Agência Senado

O diretor disse que "poderia acelerar ou desacelerar" o ritmo de alta da Selic se houvessem mudanças de conjuntura. "Tudo pode acontecer, 1 ponto percentual é uma sugestão, não é um compromisso", afirmou.

"Imagine se temos más notícias no fiscal. Se mudamos o regime fiscal, tudo muda, então vamos mais rápido na política monetária", ponderou.

Ele supôs ainda que caso os números de inflação "fiquem loucos" e muito maiores que os projetados, o BC teria que reavaliar o ritmo porque, neste caso, "1 ponto percentual por reunião não seria suficiente mais".

O diretor disse que o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC tem um “plano de voo” para convergir inflação à meta.

"O BC fez simulações e o que importa mais agora é o número final da Selic e não o ritmo, já estamos em um ritmo rápido. Se continuarmos subindo 1 ponto percentual por reunião, temos condições de convergir a inflação 2022 [à meta]", afirmou.

No mês passado, o BC elevou a taxa básica de juros em 1 ponto percentual, para 6,25% ao ano e indicou que fará nova alta de mesma magnitude na próxima reunião, no fim de outubro. Acelerar o ritmo seria subir a Selic acima desse patamar para fazer frente à escalada de preços e das expectativas de inflação nos últimos meses.

Diante de surpresas inflacionárias, em que os preços sobem acima do esperado, o mercado tem elevado a pressão para que o BC intensifique o ritmo de alta dos juros.

A projeção da autarquia para a inflação do próximo ano é de 3,7%, ligeiramente acima do centro da meta determinada pelo CMN (Conselho Monetário Nacional) para o período, de 3,5% com tolerância de 1,5 ponto para cima ou para baixo.

A expectativa do BC para a inflação de 2022 está abaixo do projetado pelo mercado. Segundo o relatório Focus desta semana, em que a autarquia divulga levantamento feito com economistas, a estimativa é de que o ano termine com 4,17%.

"As expectativas do BC e do mercado estão subindo. Isso significa que temos que fazer uma política monetária mais restritiva", disse o diretor.

Kanczuk reafirmou que atualmente o horizonte relevante, para quando o BC entende que a política monetária faz efeito, é 2022 e 2023, mas que o foco principal do BC é a inflação do próximo ano.

"Quero olhar para 2022 como foco, porque neste ponto, quando a inflação está alta, em torno de 10%, fica mais incerto como a inércia irá se comportar", pontuou.

Inércia é o quanto o índice atual afeta os dados futuros. Segundo o diretor, a ênfase das comunicações oficiais do BC na inflação de 2022 não foi um erro, foi deliberado, porque pode contaminar 2023.

Para este ano, há consenso no mercado e no BC de que a inflação deve estourar a meta fixada pelo CMN em 3,75%, com 1,5 ponto percentual de tolerância para cima e para baixo.

A projeção do BC é que a inflação chegue ao pico em setembro, com 10,2%, e desacelere nos meses seguintes, até fechar o ano com 8,5%, 3,25 pontos percentuais acima do teto da meta. O mercado espera 8,59%.

Kanczuk afirmou que os preços das commodities ainda são um risco para a inflação brasileira, mas que deve ser reduzido no longo prazo.

Além disso, segundo ele, as discussões sobre a possibilidade de o país entrar em dominância fiscal não devem afetar a política monetária.

"Dominância fiscal não é problema do Banco Central, mas do Ministério da Economia, não devemos reagir a isso", disse. Kanczuk reforçou que o compromisso do BC é com a inflação.

O país entra em dominância fiscal quando a política monetária depende do controle das contas públicas e da dívida para conter a inflação. Nesse cenário, quando o BC eleva a taxa básica de juros, a dívida aumenta a ponto de afetar os preços.

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