Aço deve subir mais nos próximos anos, avalia Gerdau

Empresa tem expectativa de manter as elevadas margens de lucro registradas em 2021

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São Paulo | Reuters

A Gerdau espera manter suas margens de lucro nos patamares elevados registrados neste ano, sustentadas por um cenário de preços internacionais de aço em alta e demanda forte em seus principais mercados, afirmaram executivos do grupo siderúrgico nesta terça-feira (30).

A visão, porém, contrasta atualmente com incertezas trazidas pela variante ômicron do coronavírus para a economia global e desaceleração no mercado de construção civil, em que as vendas no varejo passaram a mostrar mais recentemente sinais de desaceleração.

"Estamos vendo uma mudança estrutural do mercado internacional sobre a questão de preços (de aço)", disse o vice-presidente da Gerdau, Marcos Faraco, em apresentação a analistas e investidores.

Vista interna de usina da siderúrgica Gerdau - David McNew - 30.jun.2013/Reuters

"Nós acreditamos que vamos vislumbrar para os próximos anos um patamar de preços mais elevado do que vimos até então. É assim que estamos olhando para 2022", disse o executivo.

Questionado sobre os negócios da companhia nos Estados Unidos, importante gerador de resultado para o grupo, após o acordo entre EUA e União Europeia que elimina tarifas de importação de aço, o presidente-executivo da Gerdau, Gustavo Werneck, afirmou que a empresa espera margens em 2022 semelhantes a este ano.

"Esperamos uma estabilidade de margens, com relação ao que vem sendo praticado nos últimos trimestres", disse Werneck. No terceiro trimestre, a margem Ebitda (lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustada da Gerdau foi de 32,9% ante 17,5% no mesmo período de 2020. No ano até o fim de setembro, o indicador é de 30,4%.

Segundo Werneck, os "spreads metálicos", a diferença entre os preços do produto siderúrgico acabado e de sucata usada como matéria-prima, devem se manter em patamares históricos elevados na América do Norte, no próximo ano.

"Atingimos nos últimos meses patamares históricos de spreads, mas a gente não acredita que estes picos perdurarão ao longo de todo o ano de 2022", disse Werneck. "Mas certamente, ao longo dos próximos trimestres, com tudo o que tem acontecido na economia americana, estes spreads navegarão em patamares historicamente elevados e seguimos muito otimistas com nossa operação", acrescentou o executivo. Ele se referiu ao pacote de infraestrutura aprovado no início do mês pelo governo de Joe Biden, no valor de mais de US$ 1 trilhão (R$ 5,6 trilhões, na cotação atual).

No Brasil, a expectativa da Gerdau para 2022 é elevar as vendas no mercado doméstico entre 4% e 6% sobre a forte base de 2021, quando a demanda por aço no país cresceu cerca de 25% sobre 2020, disse Faraco.

"Estamos olhando para 2022 com manutenção nos patamares de demanda, um patamar bastante alto", afirmou o executivo. Ele acrescentou que a companhia também está trabalhando com cenário de queda nos volumes de importação de aço pelo país para o próximo ano.

Já a divisão de aços especiais deve continuar sentindo os efeitos da crise na oferta de semicondutores para o setor automotivo, seu principal cliente. As montadoras reduziram neste ano perspectiva de crescimento de vendas e produção diante da falta de componentes eletrônicos, algo que não deverá se resolver por completo em 2022.

"No Brasil, essa dificuldade está sendo mitigada pelo crescimento do segmento de veículos pesados, que representa mais de 50% de nossas entregas de aços especiais no país", disse Werneck.

"Enxergamos um ano de 2022 para nossos resultados de aços especiais de certa forma parecido com 2021 (no Brasil)", afirmou o executivo. Ele acrescentou que nos EUA, após a empresa ter concluído investimentos em sua principal usina no segmento no país, em Monroe, os resultados da divisão devem mostrar melhora sobre este ano.

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