Amazon é alvo de protestos durante Black Friday; estivadores em Santos participam

Coalização de sindicatos critica baixos salários e ambientalistas condenam consumo excessivo

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tilbury, Londres e São Paulo | Reuters

A Amazon foi alvo de protestos de ambientalistas e trabalhadores em diferentes pontos do mundo nesta sexta-feira (26), inclusive no Brasil.

Uma coalizão internacional, intitulada Make Amazon Pay (Faça a Amazon Pagar), incentivou trabalhadores a iniciar uma greve global a partir desta sexta em sinal de alerta. Composta por cerca de 40 organizações, incluindo Greenpeace e Oxfam, a mobilização acusa o grupo americano de colocar os benefícios antes do bem-estar de seus funcionários.

A aliança de sindicatos alega que a empresa não paga impostos suficientes, nem para amparar trabalhadores nem para contribuir com o caixa dos estados.

O Settaport (Sindicato dos Empregados Terrestres em Transportes Aquaviários e Operadores de São Paulo) aderiu à mobilização e organizou um protesto que reuniu cerca de 40 pessoas. O grupo estendeu uma faixa com a inscrição "Faça a Amazon Pagar" no chão da Praça Mauá, em Santos.

Protesto contra a Amazon em Santos, São Paulo - Nelson Almeida/AFP

Segundo a organização, a Amazon é responsável pela "precarização das relações do trabalho, pelos ataques ao meio ambiente e à organização de trabalhadores".

Em nota, a empresa diz que "esses grupos representam uma grande variedade de interesses" e que, "apesar de não ser pefeita em nenhuma área", leva seu papel e impacto muito a sério.

Afirma que tem compromisso em zerar a emissão de carbono até 2040 e em manter "salários e benefícios competitivos, criando novas maneiras de mantê-los seguros e saudáveis em nossa rede de operações".

No Brasil, a empresa diz que criou mais de 6.000 empregos diretos e indiretos, "com salários e benefícios competitivos à indústria".

Ativista do grupo Extinction Rebellion, contra mudanças climáticas, usa máscara alusiva a Jeff Bezos, CEO da Amazon, durante protesto em Londres, Reino Unido - Tolga Akmen/AFP

Grupos ambientalistas também promoveram manifestações contra a companhia.

Ativistas do movimento ambientalista Extinction Rebellion bloquearam 15 armazéns da Amazon em toda a Europa durante a Black Friday nesta sexta-feira (26). A maior empresa de comércio eletrônico do mundo enfrenta protestos de trabalhadores e motoristas de entregas no Reino Unido, Alemanha, França, Holanda e Itália.

Os defensores do clima afirmam que o consumo excessivo prejudica o meio ambiente

"A Black Friday simboliza uma obsessão com o consumo excessivo que não é consistente com um planeta habitável", disse o grupo Extinction Rebellion, após bloquear 13 depósitos da Amazon em todo o Reino Unido.

No Reino Unido, uma federação que representa varejistas independentes estimou que 85% desses pequenos comerciantes boicotariam a Black Friday, considerada uma prática por grandes grupos.

Paralisações pela Europa

Sindicatos nas maiores economias da Europa também convocaram trabalhadores de depósitos e motoristas de entregas para fazer uma greve contra o que eles disseram ser os salários e impostos injustamente baixos.

Na Alemanha, o maior mercado da empresa depois dos Estados Unidos, o sindicato Verdi informou que cerca de 2.500 funcionários entraram em greve nos centros de expedição da Amazon em Rheinberg, Koblenz e Graben.

Na França, um dos principais sindicatos trabalhistas do país, CGT, convocou os trabalhadores da Amazon no país a entrarem em greve. A coalizão sindical também relatou uma greve na Itália.

"A coalizão exige que a Amazon pague seus trabalhadores de forma justa e respeite seu direito de se associar a sindicatos, pague sua parte justa dos impostos e se comprometa com a sustentabilidade ambiental real", disse a coalizão "Faça a Amazon pagar" em um comunicado.

No centro escocês de Dunfermline, vários ativistas impediram a entrada e a saída de veículos de distribuição, informou a agência de notícias britânica PA.

"Esta ação visa expor os crimes da Amazon, tornando-a um exemplo de um sistema econômico mais amplo projetado para nos empurrar a comprar coisas que não precisamos a um preço que não podemos pagar", disse Extinction Rebellion em um comunicado.

Na Holanda, ativistas bloquearam o acesso a um depósito da Amazon no aeroporto de Amsterdã.

Segundo fotos da agência de notícias holandesa ANP, uma dezena de pessoas postou fotos em frente ao galpão, exigindo em um cartaz que a empresa "pare de explorar os trabalhadores e o planeta".

"Os funcionários da Amazon estão sujeitos a contratos de curto prazo, longas jornadas de trabalho, baixos salários e pausas programadas para ir ao banheiro", denunciou a filial holandesa do grupo no Twitter.

Para o grupo ambientalista, conhecida por suas espetaculares ações de bloqueio, a Black Friday simboliza uma obsessão pelo consumo excessivo incompatível com um planeta sustentável.

Contactada pela AFP, a Amazon afirmou que trabalha para minimizar o impacto nos seus clientes através da sua rede europeia.

"Levamos nossas responsabilidades muito a sério, incluindo nosso compromisso de alcançar a neutralidade de carbono até 2040", disse um porta-voz do grupo, frequentemente criticado por suas práticas sociais e fiscais.

A Amazon concentra a maior parte dos ataques às ofertas promocionais oferecidas por muitos varejistas nesta sexta-feira (26) para lançar a temporada de compras natalinas.

(Colaboraram AFP e Paula Soprana)

Faixa com os dizeres "Make Amazon Pay" ("Faça a Amazon pagar", em tradução livre) - Ben Stansall/AFP
  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.