ArcelorMittal anuncia R$ 4,6 bilhões em investimentos no Brasil

Para empresa, substituição de importações e infraestrutura sustentarão vendas nos próximos anos

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Rio de Janeiro

A siderúrgia ArcelorMittal anunciou nesta quinta-feira (11) investimentos de US$ 850 milhões (R$ 4,6 bilhões, pelo câmbio atual) para ampliar a capacidade de produção em suas operações brasileiras. Os recursos serão destinados à ampliação de uma mina e de uma unidade industrial em Minas Gerais.

Segundo o presidente da empresa no Brasil, Jeferson De Paula, os projetos são justificados pela expectativa de crescimento das vendas internas em um cenário com câmbio menos favorável a importações e perspectivas de elevados investimentos em infraestrutura.

"Estamos otimistas com a demanda futura por parte das indústrias que trabalham com o nosso aço", afirmou o executivo, que prevê vendas de aço crescendo 5% ao ano nos próximos anos. Este ano, a companhia já havia aprovado outros R$ 1,9 bilhão em investimentos em Santa Catarina.

Do total aprovado, US$ 350 milhões (R$ 1,9 bilhão, no câmbio atual) serão gastos na mina Serra Azul, em Itatiaiuçu, a 75 quilômetros de Belo Horizonte. A empresa construirá uma unidade de produção de pellet feed (minério super fino), ampliando a capacidade da mina em 4,5 milhões de toneladas por ano.

O objetivo é fornecer minério de alta qualidade para operações da ArcelorMittal no México, que também terão investimentos em expansão da capacidade. A previsão é que a nova unidade comece a produzir no segundo semestre de 2023.

Os outros US$ 500 milhões (R$ 2,7 bilhões) serão investidos na conclusão de uma nova linha de produção na usina de João Monlevade, a 115 quilômetros da capital mineira, com a construção de uma unidade de sinterização, um alto-forno e uma aciaria.

A expansão do projeto Monlevade foi aprovada pela companhia em 2008 e iniciada em 2011, mas foi suspensa após a crise econômica iniciada em 2014. Com a recuperação do mercado, as obras serão retomadas ainda em 2021.

O objetivo é elevar em um milhão de toneladas por ano a capacidade de produção de aço na unidade, que já havia recebido uma nova unidade de laminação antes da suspensão do investimento. As operações devem começar no segundo semestre de 2024.

Pela projeção de câmbio médio do período de obras, a companhia diz que o investimento total deve ficar em R$ 4,3 bilhões: R$ 1,8 bilhão em Serra Azul e R$ 2,5 bilhões no projeto Monlevade.

A expectativa da Arcelor é que as expansões gerem 1.350 postos de trabalho permanentes, que serão recrutados e treinados nas regiões onde ficam os projetos. Durante o pico das obras, diz De Paulo, serão necessários até oito mil trabalhadores.

O anúncio dos investimentos foi feito durante a divulgação do balanço da ArcelorMittal, que registrou lucro de US$ 4,6 bilhões (R$ 25 bilhões) no terceiro trimestre, o melhor resultado trimestral da siderúrgica desde 2008.

O desempenho foi impulsionado pela elevação nos prêmios pagos por aço, mesmo em um momento de queda em suas vendas. A receita da empresa no Brasil mais que dobrou, crescendo 122% em comparação com o terceiro trimestre de 2020.

No país, a ArcelorMittal produziu 3,1 milhões de toneladas, alta de 35,3% em relação ao mesmo período do ano anterior. Os embarques cresceram 16,6%, para 2,8 milhões de toneladas.

O crescimento das vendas no país após a pandemia, diz a empresa, é atípico, fruto da injeção de dinheiro público e programas de auxílio e da busca por eletrodomésticos durante o período de confinamento. "Sem poder sair, a pessoa comprou uma geladeira. E isso tem aço", diz o presidente da Arcelor.

Em 2020, enquanto o PIB despencou, as vendas de aço cresceram 5%. Em 2021, a alta já chega a 24%. De Paula diz que o câmbio desvalorizado ajuda nesse processo, ao dar competitividade a máquinas e equipamentos fabricados no Brasil.

Ele vê ainda um movimento de incentivo à produção local após a pandemia, que levou a grandes gargalos nas cadeias globais de suprimento. Além disso, diz, a China vem restringindo as operações de siderúrgicas mais antigas para limitar a poluição, o que reduz o excesso de oferta global de aço.

De Paula diz que o cenário atual de insegurança política e fiscal não pesou na decisão, por se tratar de projetos de longo prazo. Ele lembra que a companhia foi a primeira a construir uma siderúrgica no país e celebra este o centenário de suas operações brasileiras.

"Conhecemos o Brasil, já passamos por muitas crises fortes, crises mais ou menos e anos excelentes", afirma. "O Brasil não é um país estável, é inconstante, mas achamos que na média vai crescer. Então estamos prontos para os próximos 100 anos."

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