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Briga por espaço na 'Disney brasileira' coloca Hopi Hari contra Beto Carrero e Playcenter

Justiça determinou cancelamento de assembleia de credores do processo de recuperação judicial do Hopi Hari

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Brasília

Era para ser uma assembleia que marcasse uma nova etapa na história do parque temático Hopi Hari, que há cinco anos está em recuperação judicial. Nesta quarta-feira (3), a atual gestão do parque (a segunda desde que a empresa entrou em recuperação) iria apresentar aos credores a quarta versão do plano de retomada da companhia, depois de discutir os detalhes com o principal credor, o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).

Segundo informou à Folha o presidente do Hopi Hari, Alexandre Rodrigues, o banco estatal é o detentor majoritário da dívida de R$ 500 milhões do parque, responsável por 90% do total. Na assembleia, seria apresentada a linha de financiamento de US$ 500 milhões (R$ 2,8 bilhões) obtida pela atual administração do parque junto ao banco americano Whitehall & Company, anunciada pela empresa no dia 31.

Mas o evento foi cancelado nesta segunda (1º) pelo juiz Fábio Marcelo Holanda, da 1º Vara do Foro de Vinhedo. Segundo Rodrigues, devido ao fato de a cogestora Manchester Consultoria, que auxilia o juiz no processo, ter exigido documentos contábeis da antiga administração do parque. Já o Valor Econômico informa que o pedido procurou atender um dos credores, o Prevhab, que contestaria o anúncio do acordo feito com o Whitehall, uma vez que ele não estava incluído no plano de recuperação judicial.

O juiz deu um novo prazo de 30 dias para que os dados sejam apresentados.

Vista áerea de parque com roda gigante e piscina entre as instalações
Vista do parque temático Hopi Hari, em Vinhedo, no interior paulista. - Eduardo Anizelli/ Folhapress

O acordo com o Whitehall era uma "carta na manga" que a gestão do Hopi Hari estava guardando para apresentar oficialmente aos credores na assembleia, mas foi atropelada pela proposta hostil de compra feita no sábado (30) pelos concorrentes —liderada pelos parques Beto Carrero e Playcenter, que envolve ainda o parque aquático Wet'n Wild, o grupo imobiliário Senpar, a RTSC Participações e a KR Capital.

"É completamente descabida essa proposta dos concorrentes, porque a Justiça já determinou que quem não faz parte do grupo credor não pode fazer uma proposta de compra de uma empresa que está em recuperação judicial", disse Rodrigues. "Essa proposta só poderia ser feita se a empresa fosse à falência".

O problema é que o Prevhab —Entidade Fechada de Previdência Complementar (EFPC) voltada à administração de planos de previdência destinados a trabalhadores de uma mesma empresa ou associação— também teria se juntado ao grupo dos rivais do Hopi Hari que tentam comprar a empresa, mostrando que o mundo dos parques de diversão não está para brincadeira.

A Folha tentou contato com o Beto Carrero, com sede em Penha (SC), mas não obteve retorno até a publicação desta reportagem. Não foi possível contato com o Prevhab, que tem sede no Rio.

Por trás dessa disputa, está o plano do governador de São Paulo, João Doria, de transformar a região que engloba Vinhedo (sede do Hopi Hari), Itupeva, Jundiaí e Louveira, a cerca de 75 km da capital paulista, em um distrito turístico região que desperta interesse cultural, histórico, ambiental e econômico, conta com orla marítima ou complexos de lazer e parques temáticos. O anúncio do distrito turístico de Serra Azul será feito no próximo dia 30.

O lugar, que soma 41 quilômetros quadrados, tem potencial para ser uma "Disney brasileira": além do Hopi Hari, tem atrações como o parque Wet'n Wild, o resort Quality, o shopping SerrAzul e o Outlet Premium.

Segundo Rodrigues, a Prevhab apenas ouviu a proposta dos concorrentes, mas não se juntou a eles. "Essa proposta de compra por parte dos concorrentes veio apenas para bagunçar a assembleia de credores", diz. "Não acredito que eles tenham intenção de comprar o Hopi Hari".

De acordo com o executivo, o Beto Carrero vem perdendo turistas para o parque paulista, instalado em uma região que tende a se valorizar ainda mais após se tornar distrito turístico. Já o Playcenter está na capital paulista.

O plano de Rodrigues era que o capital de R$ 2,8 bilhões obtido junto ao Whitehall ajudasse a atual administração a cumprir o plano de recuperação judicial, previsto para 20 anos, e desse à empresa maior tranquilidade para promover a expansão e o desenvolvimento dos negócios.

Com capacidade para 26 mil pessoas, o Hopi Hari está funcionando com 60% da capacidade. "Estamos recebendo 15 mil turistas por dia, entre sexta-feira e domingo, além de feriados, nosso movimento está forte", diz Rodrigues. O parque tem 700 funcionários e parte das antigas dívidas trabalhistas já começou a ser paga, segundo ele.

Depois de ficar três meses fechado este ano, o Hopi Hari deve fechar o ano com faturamento de R$ 100 milhões, diz o executivo.

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