Descrição de chapéu Banco Central

Governo propõe que imóvel possa ser dado como garantia em mais de um empréstimo

Proposta cria instituições gestoras, que poderão usar bens para crédito em diferentes bancos

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Brasília

O governo enviou ao Congresso nesta quinta-feira (25) um projeto de lei com o objetivo de permitir que imóveis e outros ativos –mesmo ainda em financiamento– sejam dados como garantia em mais de um empréstimo.

A proposta flexibiliza a chamada alienação fiduciária do imóvel (modalidade de financiamento em que o comprador transfere o bem à instituição financeira que o financia, como forma de garantia), permitindo que o ativo possa ser usado como lastro em diferentes operações.

O texto ainda libera a criação das chamadas instituições gestoras de garantias (IGG), empresas que serão autorizadas pelo Banco Central a "fracionar" os bens em diferentes operações de crédito —inclusive, em diferentes bancos.

Unidade da Caixa em São Paulo - Ronny Santos - 16.abr.2021/Folhapress

Segundo os técnicos do governo, a garantia pode dar respaldo atualmente a somente um contrato de crédito até a quitação de dívida.

Com as mudanças, quem tiver um imóvel em financiamento pode usá-lo para outros empréstimos no mesmo banco. Para usar a IGG, será preciso repassar como garantia o bem para a instituição —que poderá usar o ativo para operações em vários bancos.

A IGG se comportaria como fiadora e se responsabilizaria frente aos bancos no caso de inadimplência (podendo suspender todas as operações do devedor e cobrar antecipadamente os débitos).

Adolfo Sachsida, secretário de Política Econômica, afirmou que as medidas vão destravar o uso das garantias —que hoje ficam, em grande parte, em poder dos bancos.

"Você vai no banco, compra uma casa de R$ 100 mil, pega R$ 10 mil emprestado. A casa inteira fica em garantia para o banco. Está errado isso, a garantia do banco tem que ser R$ 10 mil. Os outros R$ 90 mil é seu", disse, em cerimônia no Palácio do Planalto para anunciar a medida.

Segundo Sachsida, o fracionamento dos ativos vai facilitar o crédito e diminuir as cobranças de juros no mercado. "É uma vantagem muito grande para o trabalhador e para o empreendedor", disse.

A apresentação do projeto de lei não foi acompanhada pela divulgação da íntegra do texto. Segundo o governo, as IGG não poderão ser instituições financeiras e nem oferecer crédito e terão funcionamento a ser regulamentado pelo CMN (Conselho Monetário Nacional).

O texto prevê ainda a execução extrajudicial de crédito garantido por hipoteca, independentemente de previsão contratual.

A proposta disciplina também as atividades do agente de garantias, que poderá constituir, registrar, gerir e executar judicialmente garantias e, quando autorizado pela lei, promover a execução extrajudicial.

De acordo com o governo, também consta no texto do projeto a quebra do monopólio da Caixa no penhor e a previsão de que o CMN possa afastar as exigências do prazo mínimo e das condições para resgate antecipado das Letras Financeiras.

Outro ponto retira a exclusividade de Caixa e Banco do Brasil na operação da folha de pagamento do Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação). Isso abrirá caminho para que estados e municípios licitem a folha a outros bancos e obtenham uma receita de R$ 4 bilhões nos próximos anos, nas contas do governo.

"As medidas previstas no projeto de lei buscam melhorar a confiança das garantias prestadas às operações de crédito, facilitando a sua realização. Nesse sentido, as medidas previstas têm o potencial de alavancar o crédito no âmbito nacional, e, por conseguinte, contribuir para o desenvolvimento do mercado financeiro brasileiro", diz o Palácio do Planalto, em nota.

A Febraban (Federação Brasileira de Bancos) afirmou que recebeu com otimismo as medidas anunciadas.

"A proposta apresentada pelo governo tem o mérito e o potencial de ampliar as garantias, o que é uma medida inclusiva", afirma nota da entidade. "Mais famílias e empresas terão a oportunidade de oferecer garantias em suas operações de crédito e com isso ampliar a sua capacidade de tomar empréstimos e a taxas mais baixas", diz a Febraban.

Principais pontos do projeto de lei

  • Imóveis em financiamento poderão ser usados para garantir mais empréstimos no mesmo banco (a chamada extensão da alienação fiduciária, modalidade de financiamento em que o comprador transfere o bem à instituição financeira como forma de garantia)
  • Imóveis e outros ativos poderão ser usados para empréstimos em diferentes bancos por meio das Instituições Gestoras de Garantias –empresas a serem criadas pelo projeto, que passarão ao cliente uma lista de bancos parceiros que oferecerão os empréstimos
  • Retira a exclusividade de Caixa e Banco do Brasil na operação da folha de pagamento do Fundeb, abrindo caminho para que ela seja licitada a outros bancos (por meio de estados e municípios)
  • Retira o monopólio da Caixa no penhor civil de ativos
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