Pacheco não garante votação da PEC dos Precatórios na próxima semana

Proposta é aposta do governo para pagar Auxílio Brasil de R$ 400 ainda em dezembro

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Brasília

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), afirmou nesta quinta-feira (25) que a aprovação da PEC dos Precatórios é uma prioridade, mas não garantiu que a votação será feita na próxima semana, como deseja o governo do presidente Jair Bolsonaro.

O governo havia estabelecido como prazo máximo a votação na próxima semana da PEC na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) e também no plenário do Senado. Jair Bolsonaro pretende pagar ainda em dezembro o Auxílio Brasil de R$ 400 e para isso depende da aprovação da proposta, que vai abrir espaço no orçamento.

Pacheco foi questionado sobre o pedido do presidente da CCJ, Davi Alcolumbre (DEM-AP), para que a pauta do plenário fosse dedicada exclusivamente para a apreciação das indicações para cargos. Isso porque o presidente do Senado marcou uma semana de esforço concentrado para esse fim.

O governo, por sua vez, gostaria de apresentar o alto quórum do esforço concentrado para aprovar a PEC dos Precatórios, que precisa do voto favorável de 49 senadores, em dois turnos.

lenário do Senado Federal durante sessão deliberativa ordinária semipresencial
Senador Rodrigo Pacheco no plenário do Senado Federal - Waldemir Barreto - 16.nov.2021/Agência Senado

"Vamos tentar coexistirem os interesses das sabatinas que são a prioridade do esforço concentrado, mas a PEC do Precatório também o é. Ultrapassada a fase da Comissão de Constituição e Justiça e cabendo ao plenário a apreciação, aproveitando inclusive a presença dos senadores e das senadoras no plenário, eventualmente tentarmos a apreciação da PEC já na próxima semana, muito importante para o Brasil", afirmou o presidente do Senado, que ressaltou em seguida que não poderia, no entanto, garantir a votação.

"Não posso garantir. A PEC tem que cumprir a etapa da Comissão de Constituição e Justiça, o parecer já foi lido, houve pedido de vista. Precisa ser apreciada na CCJ. Finalizada na CCJ, vai a plenário e assim que chegar no plenário eu vou ter o senso de urgência em relação à PEC, porque ela precisa ser apreciada", completou.

O presidente do Senado também foi questionado de eventuais entraves provocados pela PEC dos Precatórios atrasar a votação do orçamento, que ficaria para 2022. Pacheco novamente não garantiu que isso não vá acontecer, mas disse que seria possível evitar.

"Vamos tentar justamente evitar isso [que orçamento não seja votado, por causa da PEC], por isso que é uma luta contra o tempo. Precisamos dar uma solução a esse problema, dos precatórios, do espaço fiscal, do programa social, definição também da votação do orçamento. Todas essas missões precisam ser cumpridas pelo Congresso", afirmou.

A PEC dos Precatórios começou a tramitar nesta quarta-feira (24) no Senado, com a leitura na CCJ do texto do relator e líder do governo Fernando Bezerra (MDB-PE). Houve, no entanto, um pedido de vistas coletivo e por isso a votação foi adiada para a próxima terça-feira (30).

Alguns partidos no Senado, como o PSD, pressionam para que a análise da proposta seja retomada apenas em dezembro. Lideranças argumentam que é preciso mais tempo para analisar a nova versão da PEC.

A resistência ao relatório aumentou ao longo da quarta-feira nas principais bancadas e, nos bastidores, afirma-se que atualmente o governo não teria votos para aprovar a medida no plenário. As duas principais bancadas, o MDB e o PSD, consideradas fundamentais para que a PEC seja aprovada, se reuniram e passaram a apresentar reservas com o relatório final. Pediram mudanças, sob a ameaça não cederem os votos que o governo precisa.

Apesar de o governo ceder em pontos no relatório de Bezerra, as concessões não se mostraram suficientes para garantir uma margem segura de apoio necessário para uma PEC --49 dos 81 senadores.

O líder do do MDB, Eduardo Braga (AM), disse que o partido ainda vai analisar o texto para sugerir mudanças no dispositivo que adia o pagamento de precatórios, dívidas da União já reconhecidas na Justiça.

Segundo o senador, isso irá gerar um efeito bola de neve e, ao longo dos anos, a lista de precatórios a ser paga ficará ainda maior. "Não tem como ser assim", afirmou Braga.

A criação de um teto para a quitação dessas dívidas é um dos pilares da PEC. O governo quer preservar essa parte da proposta, mas o adiamento do pagamento de precatórios também é criticado pelo Podemos, segundo maior bancada do Senado,

A PEC dos Precatórios concentra hoje as atenções do presidente Jair Bolsonaro no Congresso. Ela autoriza o governo a gastar mais e viabiliza promessas do governo na área social, como o aumento no Auxílio Brasil, que buscam dar impulso a Bolsonaro para a campanha à reeleição em 2022.Para ampliar em cerca de R$ 106 bilhões as despesas do próximo ano, a PEC tem dois principais pilares.

Uma medida permite um drible no teto de gastos, fazendo um novo cálculo retroativo desse limite. A outra medida cria um valor máximo para o pagamento de precatórios, que são dívidas da União reconhecidas pela Justiça.

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