Pressão de acionistas levou Burger King e Domino's a suspenderem fusão

Desde que o acordo foi anunciado, em julho, as ações do BKBR na B3 caíram 40%, contra 17% do Ibovespa

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Brasília

No domingo (31), a Burger King Brasil (BKBR), dona da rede de fast-food de mesmo nome, anunciou a rescisão do contrato de aquisição da Domino’s, bandeira de pizzarias controlada pela gestora de fundos de investimento Vinci Partners. Os acionistas da Domino’s iriam receber 54,08 milhões de ações ordinárias, equivalentes a 16,4% da BKBR.

Relatório do banco Goldman Sachs, assinado pelos analistas Thiago Bortoluci e Galdino Falcão, apontam que, desde que o acordo foi anunciado, em julho, as ações do BKBR na B3 caíram 40%, contra 17% do Ibovespa (índice que reúne as ações mais negociadas na Bolsa).

Neste momento, a continuidade do acordo significa uma maior diluição dos atuais acionistas do BKBR em favor da Vinci Partners, que poderia se tornar a maior acionista individual da companhia.

Em comunicado ao mercado, a controladora do Burger King no Brasil disse que o negócio estava sendo desfeito "após reavaliação das partes sobre as atuais condições de mercado vis à vis as condições existentes quando da negociação e assinatura de tal acordo de associação".

REUTERS

"Foi claramente uma pressão dos acionistas do BKBR, que preferem esperar um momento melhor para concluir o acordo", diz o Sergio Molinari, sócio da Food Consulting e professor da ESPM (Escola Superior de Propaganda Marketing). Segundo ele, a aquisição da Domino’s é positiva para os dois lados.

Procurada pela Folha, a BKBR não quis comentar o assunto.

"Eles têm marcas fortes, sinergia de operações, de logística, estão presentes na maioria das praças de alimentação", afirma. "E neste momento de recuperação do setor de alimentação fora do lar, os segmentos que mais crescem são justamente hambúrgueres e pizzas", diz.

Prova que ambas as partes querem dar continuidade ao negócio, diz ele, está no próprio fato relevante, que conferiu um ano de exclusividade às empresas para prosseguirem com a operação.

"O distrato estabelece o direito de preferência da companhia [BKBR], pelo prazo de 12 meses a contar da presente data, para adquirir a totalidade das ações de emissão da DP Brasil no caso de qualquer alienação de controle da DP Brasil, pelo mesmo preço por ação oferecido pelo terceiro", diz o comunicado.

Segundo Molinari, com a retomada das atividades econômicas e o avanço da vacinação, o negócio de alimentação fora do lar vem se recuperando com consistência. "Depois de um recuo de 28% nas vendas no ano passado, o mercado deve crescer 16% este ano em termos reais, já descontada a inflação", diz ele.

No ano que vem a perspectiva é de crescimento de 8% em termos reais. "Mesmo em um cenário de menor crescimento do PIB [Produto Interno Bruto] e perda do poder aquisitivo da população, o mercado cresce, embora com margens mais apertadas", afirma o consultor, destacando que as classes A e B respondem por 60% do consumo do setor.

De acordo com Molinari, a expectativa para este ano é de um faturamento de R$ 170 bilhões (da indústria de alimentos e bebidas). Já a venda direta para o consumidor final deve movimentar R$ 420 bilhões.

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