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Santander Brasil piora cenário econômico para Brasil e vê Selic a 11,5% em 2022

Banco aponta que PEC dos Precatórios surpreendeu os mercados

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Paula Arend Laier
SÃO PAULO | REUTERS

A equipe de macroeconomia do Santander Brasil revisou projeções para a economia brasileira e agora espera expansão de 1% para o Produto Interno Bruto (PIB) em 2022, de crescimento de 1,5% anteriormente, enquanto a Selic deve terminar o próximo ano em 11,5%, de estimativa anterior de 9%.

Ana Paula Vescovi e equipe destacaram que houve importantes sinais de mudanças na política fiscal, principalmente no arcabouço legal do teto de gastos, que tem sido a principal âncora fiscal nos últimos anos, e chamaram a atenção para o elevado grau de incerteza sobre os rumos da política econômica.

Para 2021, o Santander Brasil manteve a projeção de alta de 4,9% do PIB, mas para 2023 cortou a previsão de crescimento de 0,8% para estabilidade. No caso da Selic, mudou de 8,25% para 9,25% a taxa esperada para o final deste ano e de 7% para 9% no fim de 2023.

Banco revisou projeção para crescimento da economia brasileira em 2022 de 1,5% para 1%
Banco revisou projeção para crescimento da economia brasileira em 2022 de 1,5% para 1% - Kacper Pempel - 10.mai.2021/Reuters

O secretário de Política Econômica do Ministério da Economia, Adolfo Sachsida, reconheceu nesta sexta-feira que as perspectivas para o Produto Interno Bruto (PIB) pioraram para 2022, mas buscou frisar que o país segue na trajetória de consolidação fiscal a despeito da mudança na regra do teto de gastos.

Em live promovida pela Genial Investimentos, ao ser questionado sobre o desempenho da economia no ano que vem, ele reconheceu ter havido impacto nos números, sem especificá-los.

"Infelizmente o cenário piorou", admitiu Sachsida, citando um ambiente externo mais desafiador, com possibilidade de crise de energia na Europa e crise de abastecimento na China, e marcado por problemas de quebras de cadeias produtivas.

"As condições financeiras infelizmente pioraram, evidente que isso tem efeito nas nossas projeções", completou o secretário.

Em relação ao IPCA, o banco agora calcula altas de 9,6%, 5,2% e 3,5% em 2021, 2022 e 2023, de previsão anterior de 9%, 4,7% e 3,3%. Para a taxa de câmbio, prevê o dólar a 5,50 reais neste ano (de estimativa anterior de 5,35 reais), passando a 5,70 reais no próximo (de 5,55 reais). Para 2023, manteve em 5,20 reis.

A PEC dos Precatórios, aprovada em primeiro turno no plenário da Câmara dos Deputados nesta semana, "surpreendeu claramente os mercados (nós inclusive), tanto em termos do montante de despesas adicionais propostas, mas também em termos do 'veículo legal' utilizado para afrouxar a restrição orçamentária em 2022".

A equipe do banco ponderou que as mudanças ainda precisam ser aprovadas em outras etapas no Congresso Nacional, mas que a discussão já teve impacto sobre as condições de mercado —com forte aumento da volatilidade nos preços de ativos brasileiros— e resultou em expectativas econômicas menos otimistas.

Adolfo Sachsida diz não ter dúvidas que a PEC será aprovada no Congresso, ao mesmo tempo em que defende as alterações promovidas pelo texto.

Para o secretário, a mudança na janela de correção do crescimento dos gastos públicos pelo IPCA do ano anterior, ante sistemática atual que considera os 12 meses acumulados até junho do ano anterior, representa um "avanço", já que uma parte importante das despesas obrigatórias da União é corrigida pelo INPC de janeiro a dezembro do ano anterior.

Os economistas do Santander Brasil também estimam que a dívida bruta do governo ficará em 81,2% do PIB em 2021, subindo para 87,5% em 2022 e para 94,6% em 2023. Os percentuais projetados anteriormente eram 80,7%, 83,8% e 87,8%.

A dívida líquida, calculam, deve ficar em 58,7% do PIB neste ano, 62,6% no próximo ano e 67,8% no seguinte, ante estimativa anterior de 58%, 60,5% e 64,1%. O resultado primário do setor público deve ficar em -0,3% em 2021, passando a -1,7% em 2022 e -1,3% em 2023, calculam, de -0,5%, -1,3% e -1,1% anteriormente.

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