Touro de Ouro da Bolsa é alvo de protesto contra a fome

Peça foi instalada em frente à B3 nesta terça-feira (16)

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São Paulo

O Touro de Ouro instalado em frente à Bolsa de Valores brasileira, a B3, não durou um dia sem ser alvo de protestos. Na manhã desta quarta-feira (17), ativistas se reuniram para colar na peça um cartaz (um lambe-lambe) onde se lê "fome".

A escultura é uma réplica do Touro de Wall Street, localizado no distrito financeiro de Nova York, e foi instalada na área central da capital paulista nesta terça-feira (16). A versão brasileira foi batizada de Touro de Ouro por ser dourada. A original é de bronze.

O ato foi "um recado direto ao governo Bolsonaro e a toda a elite brasileira que sustenta o presidente", afirma Tabata Luz, integrante dos movimentos Fogo no Pavio e Raiz da Liberdade, responsáveis pela manifestação.

Os grupos nasceram, respectivamente, como a juventude e o coletivo negro do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto), que, em conjunto com a Frente Povo Sem Medo, ocupou a Bolsa de Valores brasileira em setembro, em outro protesto contra a fome. Atualmente, eles são independentes do movimento de moradia.

Protesto de grupos sociais em frente à Bolsa de São Paulo (B3) na manhã desta quarta-feira (17) - Roberto Casimiro/Fotoarena/Agência O Globo

"Carregamos com a gente esse histórico de luta e de ação direta do MTST. Não foi muito difícil pensar o quão simbólico seria deixar uma marca do Brasil nesse touro. E, infelizmente, a marca do Brasil hoje é a fome", diz Luz.

O protesto foi gravado e publicado nas redes sociais. "Assim como o Touro de Wall Street é alvo de trabalhadores e trabalhadoras que resistem, aqui o Touro de Ouro também será!", disseram os movimentos nas publicações.

Procurada, a B3 afirmou em nota que a escultura "homenageia a força e a coragem do brasileiro, além de ser um presente para a cidade de São Paulo, visando à revitalização do centro histórico da cidade".

"Esculturas de touro, que representam o otimismo com o mercado financeiro, estão presentes em centros financeiros de diversas cidades no mundo, como Nova York e Frankfurt", complementou.

Assim como no protesto de setembro na Bolsa, a repercussão nas redes sociais foi imediata. Esse alcance faz parte da estratégia, segundo Luz. "A ideia era ser uma ação que conseguisse repercutir nas redes ao longo do dia, assim como a imagem do touro está repercutindo", afirma a ativista.

No jargão do mercado acionário, o touro representa os momentos de alta da Bolsa, pois o touro chifra para cima. A estátua fica ao sul da ilha de Manhattan.

A versão brasileira foi instalada em frente ao prédio da Bolsa, na rua 15 de Novembro, e está autorizada pela Subprefeitura Sé a permanecer no local por três meses.

O Touro de Ouro foi idealizado em parceria com o sócio da XP e presidente da empresa de educação financeira Vai Tourinho, Pablo Spyer —também conhecido por apresentar o programa Minuto Touro de Ouro, na Jovem Pan—, e concebido pelo artista plástico e arquiteto Rafael Brancatelli.

A peça, diz a B3, "simboliza o mercado financeiro e a força do povo brasileiro". O número de investidores na Bolsa brasileira avançou nos últimos meses, mas ainda representa uma parcela pequena da população.

Em outubro, a B3 atingiu a marca de 4 milhões de contas de pessoas físicas em renda variável. O número de CPFs únicos é de 3,4 milhões, pois uma mesma pessoa pode ter conta em diversas corretoras. O valor mediano (média, sem considerar os extremos) de cada carteira é de R$ 8.000, segundo a B3.

A título de comparação, em setembro havia 234 milhões de cadernetas de poupança ativas no país.

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