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Ações sobem 15% na estreia e Nubank se torna 3ª empresa mais valiosa do país

Banco digital fica atrás apenas de Petrobras e Vale em valor de mercado

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São Paulo

Em sua estreia na Bolsa de Nova York (Nyse), nos Estados Unidos, as ações do Nubank não foram afetadas pelo sentimento de maior aversão ao risco que dominou os mercados globais nesta quinta-feira (9). Os papéis encerraram com uma forte valorização de 14,78%, cotados a US$ 10,33 (R$ 57,39).

O movimento foi na contramão do observado entre os principais índices acionários das bolsas americanas —o S&P 500 encerrou com queda de 0,72%, enquanto o Nasdaq recuou 1,71%. O Dow Jones ficou próximo da estabilidade.

Na abertura dos negócios, a alta dos papéis da fintech chegou a superar os 30%, o que fez o valor de mercado saltar para a casa dos US$ 50 bilhões (R$ 277,8 bilhões). No final do pregão, a empresa encerrou com valor de mercado de US$ 47,6 bilhões (R$ 264,45 bilhões).

David Vélez, Cristina Junqueira e Edward Wible, co-fundadores do Nubank, durante cerimônia de início de negociação das ações na Bolsa de Nova York (Nyse), nos EUA
David Vélez, Cristina Junqueira e Edward Wible, co-fundadores do Nubank, durante cerimônia de início de negociação das ações na Bolsa de Nova York (Nyse), nos EUA - Brendan McDermid - 9.dez.2021/Reuters

Na véspera, a empresa foi avaliada pelos investidores em cerca de US$ 41,5 bilhões (R$ 230,56 bilhões), quando o valor por ação foi fixado em US$ 9 (R$ 50).

Na B3, em que foram listados simultaneamente certificados correspondentes às ações negociadas na Nyse, os BDRs do Nubank subiram 20,1% nesta quinta, a R$ 10,04. Cada BDR representa uma fração de 1/6 de uma ação originalmente negociada na bolsa americana.

Com o resultado, o banco digital se posiciona como a terceira maior empresa brasileira com ações listadas em Bolsa de Valores em valor de mercado.

O Nubank fica atrás apenas de Petrobras (US$ 70,7 bilhões, R$ 392,7 bilhões) e Vale (US$ 69,3 bilhões, R$ 385 bilhões).

Pelo critério de valor de mercado, a fintech já está à frente de nomes como Ambev (US$ 43,7 bilhões, R$ 242,8 bilhões) e Itaú Unibanco (US$ 36,5 bilhões, R$ 202,7 bilhões), sendo a instituição financeira mais valiosa da América Latina, de acordo com cálculos de investidores.

"A reflexão mais importante desse IPO é como a visão do investidor estrangeiro sobre tecnologia é muito diferente da visão do investidor nacional", diz Thiago Lobão, fundador e presidente executivo da Catarina Capital, gestora de investimentos voltada para o setor de tecnologia e que aportou recursos na oferta do banco digital.

Segundo ele, enquanto no mercado local alguns analistas enxergaram com certo ceticismo a chegada da fintech à Bolsa, já em uma escala mais global, foi possível verificar, pela forte alta dos papéis, que a visão é bem mais favorável em relação à evolução para o negócio.

"Com o IPO, o Nubank tem a missão agora de começar a partir para um rumo de geração de lucratividade e ser um gerador de caixa em maior intensidade, mas o investidor estrangeiro olha isso com muito mais paciência e com paralelos bem mais sustentáveis de outras empresas de tecnologia do que o investidor brasileiro", afirmou Lobão.

Um dos questionamentos de parte do mercado diz respeito à falta de lucratividade do banco —de janeiro a setembro, o grupo teve prejuízo de US$ 99,1 milhões (R$ 550,6 milhões).

Ele acrescenta que a diferença de percepção de investidores brasileiros e internacionais sobre o negócio digital ajuda a explicar a demanda significativamente superior vinda de bolsos de fora do país, ante os locais.

O ambiente menos benigno do que se previa até pouco tempo atrás para as empresas de tecnologia, reconhece Lobão, pode trazer volatilidade para a performance das ações ao longo das próximas sessões.

Mas em um horizonte de médio e longo prazo, acrescenta ele, as perspectivas se desenham bastante positivas para o crescimento do negócio.

No final do mês passado, o Nubank disse que as afiliadas de Sequoia Capital, Tiger Global Management, SoftBank Latin America Funds e outros iriam ancorar o IPO e comprar ações no valor de pelo menos US$ 1,3 bilhão (R$ 7,2 bilhões).

Danielle Lopes, analista da casa de análise Nord Research que recomendou aos investidores que não entrassem na oferta, assinala que, a partir de agora, as atenções estarão todas centradas em quando o banco conseguirá finalmente dar lucro aos seus acionistas.

"A empresa tem a promessa de monetizar a base de clientes, mas talvez não seja tão rápido quanto o esperado", afirma a especialista. "Se o mercado esperar lucro e a empresa não entregar, a gente sabe que as ações podem sofrer."

(Com Reuters)

Erramos: o texto foi alterado

Diferentemente do publicado em versão anterior desta reportagem, o prejuízo do Nubank de janeiro a setembro de 2021 foi de R$ 550,6 milhões, e não de R$ 550,6 bilhões como havia sido escrito.

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