Bolsa cai 0,72% e dólar sobe a R$ 5,69 com inflação no radar

Ajuste a riscos domésticos prejudica Ibovespa na penúltima sessão do ano

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

A Bolsa de Valores brasileira recuou nesta quarta-feira (29) pelo segundo dia seguido. A inflação e a alta dos juros voltaram ao radar de investidores, que também demonstram preocupação com o avanço das contaminações por Covid-19.

No penúltimo pregão do ano, o índice Ibovespa cedeu 0,72%, a 104.107 pontos. O dólar subiu 0,93%, a R$ 5,6940. Além de refletir riscos internos, a moeda americana costuma ter maior procura nesta época devido a ajustes contábeis realizados por empresas.

O IGP-M (Índice Geral de Preços – Mercado), conhecido como indicador de inflação do aluguel no Brasil, acumulou alta de 17,78% nos 12 meses de 2021. O resultado veio acima do esperado.

Analistas consultados pela agência Bloomberg apontavam avanço menor, de 17,62%.

Homem observa gráfico na Bolsa de Valores brasileira, em São Paulo (SP)
Homem observa gráfico na Bolsa de Valores brasileira, em São Paulo (SP) - Amanda Perobelli - 28.out.2021/Reuters

Rafael Ribeiro, analista da Clear Corretora, destaca que o resultado acima do esperado de mais um indicador de inflação refletiu diretamente na alta da curva de juros, o que explica a segunda queda consecutiva do mercado brasileiro, mesmo em um dia de poucas negociações. "Prevalece a tendência de baixa de curtíssimo prazo", disse.

Os juros dos contratos DI (Depósitos Interbancários) para janeiro de 2023 subiam 0,15 ponto percentual, a 11,82% ano. Negociados entre os bancos, esses contratos são a principal referência para as taxas de juros de financiamentos ao longo do próximo ano.

Eles também sinalizam a expectativa de investidores sobre os próximos passos do Banco Central no combate à inflação.

A alta da curva de juros indica que o mercado espera que a autoridade monetária siga elevando a taxa Selic para frear o aumento dos preços, encarecendo os custos operacionais das empresas e prejudicando o mercado de ações.

Recompondo carteiras com foco em 2022, fundos multimercados estão reduzindo suas posições em ativos de risco e apostando em investimentos ligados a juros e câmbio, colaborando para a queda da Bolsa nesta semana, segundo Flávio de Oliveira, gerente de renda variável da Zahl.

O petróleo Brent subiu 0,33%, a US$ 79,20 (R$ 448,37). Apesar da alta da commodity, as ações preferenciais da Petrobras recuaram 0,83%.

As ações da Vale subiram 0,59%, em um dia de recuperação dos contratos futuros de minério de ferro.

Empresas ligadas ao turismo e transporte aéreo lideraram as perdas na Bolsa brasileira. Azul, CVC e Gol recuaram 7,34%, 7,33% e 6,72%, respectivamente. O avanço da variante ômicron é uma pedra no caminho da recuperação desses setores.

Nos Estados Unidos, o índice Dow Jones subiu 0,25%, enquanto o S&P 500 avançou 0,14%. Ambos alcançaram pontuações recordes. A Nasdaq cedeu 0,10%.

A B3, a Bolsa de Valores brasileira, divulgou nesta quarta a terceira e última prévia do índice Ibovespa, que vai vigorar de 3 de janeiro de 2022 a 29 de abril de 2022.

Entraram na carteira Positivo Tec ON (POSI3), CSN Mineração ON (CMIN3) e 3R Petroleum ON (RRRP3), totalizando 93 ativos de 90 empresas. Saíram GetNet UNT (GETT11) e Banco Inter PN (BIDI4).

O Ibovespa é o principal indicador de desempenho das ações negociadas. É composto pelas ações listadas na B3 que correspondem a cerca de 80% do número de negócios e do volume financeiro do mercado de capitais doméstico.

A cada quatro meses as ações presentes no índice são reavaliadas e, eventualmente, são substituídas conforme os critérios estabelecidos para a composição da carteira.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.