Bolsas voltam a cair com avanço da ômicron e pressão dos juros

Nubank cai mais 8,2% em Nova York; Marfrig e JBS disparam com dólar no radar

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São Paulo

O avanço da variante ômicron do coronavírus voltou a preocupar investidores nesta terça-feira (14), provocando a segunda queda seguida dos principais índices mundiais de ações, já pressionados pela inflação global e pela consequente elevação das taxas de juros.

O Ibovespa, referência da Bolsa de Valores brasileira, recuou 0,58%, a 106.759 pontos, alinhado à baixa do mercado americano, onde Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq cederam 0,30%, 0,75% e 1,14%, respectivamente.

Na abertura da sessão, o Ibovespa chegou a avançar 1,6%, a 109.147 pontos, mesmo após a divulgação de uma queda acima do esperado no setor de serviços. A alta, porém, perdeu sustentação durante a tarde.

Impulsionado pela curva ascendente dos juros futuros nos Estados Unidos, o dólar avançou 0,35%, a R$ 5,6940.

População faz fila para receber dose de reforço da vacina contra a Covid-19 em Londres, no Reino Unido, nesta terça (14)
População faz fila para receber dose de reforço da vacina contra a Covid-19 em Londres, no Reino Unido, nesta terça (14) - Hannah McKay/Reuters

Dados sobre o aumento da inflação ao produtor nos Estados Unidos reforçaram a expectativa de que o Fed (Federal Reserve, o banco central americano) irá sinalizar a antecipação da elevação dos juros do país na tarde desta quarta-feira (15).

"A necessidade de contenção do processo inflacionário [nos EUA], via elevação dos juros da economia, resultará na inevitável valorização do dólar, penalizando, em especial, as moedas dos emergentes", disse Ricardo Gomes da Silva, superintendente da Correparti Corretora.

O mercado também espera que a autoridade monetária americana sinalize uma redução mais rápida do seu programa de compras de ativos.

Apertos monetários também são esperados na Europa, onde bancos centrais da zona do euro e do Reino Unido realizarão suas reuniões na quinta-feira (16).

As Bolsas de Londres, Paris e Frankfurt fecharam em queda de 0,18%, 0,69% e 1,08%, nessa ordem.

Ao mesmo tempo em que a inflação requer a retirada de estímulos econômicos criados para o enfrentamento da crise econômica gerada pela pandemia, a progressão da variante ômicron reaviva preocupações sobre a retomada de restrições para conter contaminações.

Setenta e sete países já registraram casos da nova cepa da doença, informou a Organização Mundial da Saúde nesta terça. Na véspera, o Reino Unido anunciou a primeira morte de um paciente infectado pela mutação do vírus.

Na China, a circulação de pessoas voltou a ser restringida após a detecção do primeiro caso de ômicron.

A Agência Internacional de Energia informou que a ômicron deverá prejudicar a recuperação da demanda global.

No setor de commodities, o petróleo novamente refletiu pelo segundo dia seguido as preocupações sobre a pandemia. O barril do Brent, referência para esse mercado, caiu 1,45%, a US$ 73,37 (R$ 413,87).

Na Bolsa brasileira, as ações preferenciais da Petrobras recuaram 1,19%. A Vale fechou praticamente estável, cedendo apenas 0,01%.

Três empresas do ramo frigorífico puxaram as lista das maiores altas do dia. A Marfrig e a JBS saltaram 6,80% e 5,34%, nessa ordem. A BRF avançou 3,58%.

Fortes exportadoras de proteína animal, as empresas são beneficiadas pela alta do dólar, o que acaba compensando com folga o aumento de custos gerados pela alta dos juros, segundo Leonardo Alencar, analista de Agro, Alimentos e Bebidas da XP Investimentos.

Alencar ainda destacou que os papéis de JBS e Marfrig estavam descontados e, segundo ele, quedas recentes não refletem os fundamentos das empresas, que, afirma, seguem com perspectivas positivas.

Na Bolsa de Nova York, as ações do Nubank caíram 8,23%. Esse é o segundo tombo desde a oferta inicial na semana passada. Na véspera, a empresa havia recuado 8,78%. O Nubank ainda acumula alta de 10,22% desde quando abriu capital em Bolsa.

As ações da XP recuaram 6,39% na Nasdaq após a Itaúsa ter anunciado a venda de 1,4% de sua participação na empresa, levantando R$ 1,2 bilhão.

Com Reuters

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