Concessões podem gerar R$ 160 bilhões em transporte e saneamento até 2026, diz Abdib

Entidade mapeia 300 projetos nas áreas de infraestrutura e social tocados por governos estaduais

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Rio de Janeiro

Projetos de concessão já licitados ou com leilão próximo vão acrescentar R$ 160 bilhões à curva de investimentos em transporte e saneamento no país, segundo estimativa da Abdib (Associação Brasileira da Indústria de Base).

Os dois setores tiveram uma série de projetos leiloados nos últimos anos, com destaque para a concessão da área de atuação da Cedae (Companhia Estadual de Água e Esgoto), no Rio de Janeiro, e da Rodovia Presidente Dutra, que liga São Paulo ao Rio de Janeiro.

Segundo a Abdib, a análise dos projetos já licitados ou a licitar indica que os setores receberão R$ 19,2 bilhões em 2022 e terão um pico de investimentos de R$ 43,7 bilhões em 2024. No fim do período estudado, os aportes serão de R$ 28,5 bilhões.

Em seu Livro Azul da Infraestrutura, a Abdib diz que as diferentes esferas de governo no país preparam cerca de 1.600 oportunidades em concessões ou PPPs (parecerias público-privadas). E cita o PPI (Programa de Parcerias e Investimentos) do governo federal como um dos motores desse cenário.

Com os resultados positivos, o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, passou a ser visto no Palácio do Planalto como um garoto-propaganda do governo por sempre entregar "boas notícias" ao presidente.

"Resultados quanto a melhoria da governança, transparência e diálogo com o setor privado foram nítidos e reconhecidos pelo mercado", afirma o estudo. "Projetos bem estruturados foram leiloados, obtendo êxito em seus objetivos."

A entidade diz que o avanço é "inequívoco" mas que os investimentos em infraestrutura no país ainda são insuficientes para atender às necessidades do setor. Em 2020, a infraestrutura recebeu R$ 124,2 bilhões, queda de 3% em relação ao verificado no ano anterior.

A queda foi puxada pela parcela do investimento público, que caiu de R$ 42,3 bilhões para R$ 26,2 bilhões. Impulsionado pelas concessões e PPPs, o investimento privado subiu de R$ 85,8 bilhões para R$ 98 bilhões.

O valor investido em 2020 representou 1,47% do PIB (Produto Interno Bruto), bem abaixo dos 4,31% que a entidade considera necessários para suprir os gargalos de infraestrutura do país. Mas o único setor que teve aportes abaixo do ideal foi o de transportes.

Considerados pela Abdib "os dois setores mais atrasados na infraestrutura", transportes e saneamento receberam R$ 36,3 bilhões em 2020. O valor é maior do que a média de R$ 32,1 bilhões por ano prevista para as concessões até 2026, mas inclui aportes públicos.

"Percebemos claramente que precisamos de muito mais projetos privados e também complementação de investimentos públicos no período. Temos de apostar nas duas frentes simultaneamente", diz, em nota, Venilton Tadini, presidente-executivo da Abdib.

Ele defende que a busca por investimento privado não deveria eliminar o investimento público. "Os governos brasileiros precisam rever prioridades e ampliar o orçamento para investimentos públicos. Isso porque nem todas as necessidades podem ser supridas pelo investimento privado", disse, na nota.

Entre os projetos federais mapeados para os próximos cinco anos estão ferrovias como a Fiol (Ferrovia de Integração Oeste-Leste), licitada em abril, e os investimentos garantidos em troca de renovação de concessões das ferrovias existentes.

Há ainda seis rodadas de concessões de aeroportos, três delas já realizadas, e 14 projetos de rodovias. Apenas a Presidente Dutra, contrato que inclui um trecho da BR 101 entre Rio e São Paulo, terá investimentos de R$ 14,8 bilhões, diz o estudo.

Na edição do Livro Azul de 2021, a Abdib mapeou também as oportunidades geradas por estados e municípios, que aceleraram projetos de concessão e PPPs nos últimos anos com apoio do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).

Segundo a Abdib, governos estaduais e do Distrito Federal apresentam mais de 300 projetos em áreas como transporte, energia, saneamento, telecomunicações e infraestrutura social.

Nessa lista estão as concessões de saneamento já licitadas este ano, como a da Cedae e de áreas em Alagoas, Amapá, Espírito Santo e Mato Grosso do Sul, por exemplo. No próximo dia 13, Alagoas leiloa a concessão para a prestação dos serviços em outras duas regiões.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.