Covid leva 100 milhões de menores de idade à pobreza, afirma Unicef

'É a maior ameaça para a infância em nossos 75 anos de história', diz diretora

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Nova York | AFP

A pandemia de coronavírus levou pelo menos 100 milhões de crianças à pobreza, 10% a mais desde 2019, de acordo com um relatório do Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) divulgado nesta quinta-feira (9), que afirma que esta é "a maior ameaça em seus 75 anos de história".

No período aumentou o número de menores de idade com fome, fora da escola, abusados, vivendo na pobreza e forçados a casamentos, destaca a organização no relatório "Prevenir uma década perdida: Ação urgente para reverter o impacto devastador da Covid-19 em menores e jovens".

Além disso, também diminuiu o número de menores com acesso ao atendimento de saúde, às vacinas e aos serviços essenciais.

Menina escreve no caderno em classe ao ar livre durante a pandemia de Covid-19, no Paraguai - Norberto Duarte - 29.abr.2021/AFP

"A pandemia de Covid-19 representa a maior ameaça para a infância em nossos 75 anos de história", advertiu a diretora do Unicef, Henrietta Fore.

"Em um ano em que deveríamos olhar para frente, nós estamos retrocedendo", lamentou.

O relatório afirma que 60 milhões de menores a mais do que antes da pandemia vivem em casas com poucos recursos. Além disso, em 2020 mais de 23 milhões não receberam vacinas essenciais, quatro milhões a mais que em 2019 e o número mais elevado em 11 anos.

Antes da pandemia, um bilhão de crianças em todo o mundo sofriam necessidades extremas e não tinham acesso a educação, saúde, moradia, saneamento básico ou água.

O número aumenta e amplia cada vez mais a distância entre menores de idade ricos e pobres.

Mais de 1,6 bilhão de estudantes ficaram sem aulas, 13% dos adolescentes no mundo sofrem problemas de saúde mental e mais de 10 milhões de casamentos com menores podem acontecer até o fim da década como consequência da pandemia de Covid-19.

O número de crianças obrigadas a trabalhar chega a 160 milhões no mundo, 8,4 milhões a mais que nos últimos quatro anos, e outras nove milhões podem entrar para a lista até o fim de 2022 devido à pobreza provocada pelo coronavírus.

Ao menos nove milhões de crianças podem ser adicionadas até o final do próximo ano ao grupo de 50 milhões de que já sofrem a forma de desnutrição mais grave, também por causa da Covid-19.

Além disso, 426 milhões de crianças, o que representa uma a cada cinco, vivem em zonas de conflito. As mulheres e as meninas são vítimas de violência sexual.

E o impacto da mudança climática também afeta os menores de idade.

Na melhor das hipóteses, para alcançar os níveis de pobreza infantil pré-pandemia levará "sete ou oito anos", disse Fore.

"Nunca a atenção à infância foi tão crucial como hoje".

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