Descrição de chapéu Auxílio Brasil

Governo adia promessa de incluir famílias no Auxílio Brasil e não prevê pagar atrasados

Plano era fazer segunda rodada de pagamentos em dezembro a novos beneficiários

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Brasília

O governo do presidente Jair Bolsonaro (PL) não cumprirá a promessa de ampliar o número de famílias atendidas pelo Auxílio Brasil ainda em 2021. Também não há previsão para que os beneficiários do programa social recebam uma compensação retroativa, como chegou a ser anunciado.

O plano informado pelo governo era começar a pagar, no mínimo, R$ 400 para mais de 17 milhões de famílias cadastradas no Auxílio Brasil a partir de novembro.

A ordem partiu de Bolsonaro em outubro, que repetiu publicamente, por diversas vezes, a promessa de turbinar o programa social substituto do Bolsa Família, elevar a renda transferida à população vulnerável (de R$ 190 por mês para R$ 400) e ampliar o número de famílias atendidas (de 14,5 milhões atualmente para mais de 17 milhões).

Fila no primeiro dia de pagamento do Auxílio Brasil, em novembro, em agência da Caixa na zona leste de SP - Rivaldo Gomes 17.nov.2021/Folhapress

Essa promessa chegou a ser reiterada pelo ministro João Roma (Cidadania) no início de dezembro.

Integrantes do governo diziam que, após a autorização do Congresso para ampliar os gastos (por meio da PEC dos Precatórios), seria possível realizar uma segunda rodada de pagamentos ainda em dezembro. Assim, a promessa seria cumprida.

Mas técnicos do Ministério da Cidadania afirmam agora que isso não será mais viabilizado neste ano, e sim apenas na folha de pagamento de janeiro.

Ou seja, a expansão da cobertura (número de famílias atendidas) só deve ocorrer no próximo mês, apesar de a PEC (proposta de emenda à Constituição) dos Precatórios ter sido promulgada nos dias 8 e 16 de dezembro –a PEC foi fatiada em duas partes– e de o governo ter a intenção de ampliar o programa desde novembro.

Também não há mais a previsão de que as famílias recebam um complemento retroativo a novembro que serviria para equivaler o benefício ao valor de R$ 400 prometido pelo presidente.

Procurado, o Ministério da Cidadania informou que "a expectativa da pasta é alcançar cerca de 18 milhões na próxima folha regular de pagamento [em janeiro], zerando a fila de espera, o que demonstra o compromisso do governo federal em garantir e ampliar continuamente o atendimento nas ações de proteção social para os cidadãos mais vulneráveis".

Segundo técnicos do governo, não houve tempo suficiente para operacionalizar o pagamento às famílias restantes (mais de 3 milhões) ainda em dezembro, pois a liberação da verba, diante da promulgação da PEC, atrasou.

Sobre a desistência de pagamento do valor retroativo, o ministério argumentou que, na MP (medida provisória) que eleva o valor da renda transferida pelo Auxílio Brasil, não há previsão de pagamento retroativo desse benefício.

No dia 2 de dezembro, Roma reforçou a promessa do governo de ampliar o número de famílias atendidas até o fim do ano e de pagar um valor retroativo referente a novembro.

"Ainda em dezembro pretendemos zerar a fila, passando de 14,7 milhões para 17 milhões de beneficiários [famílias]", disse Roma, em pronunciamento no Palácio do Planalto. "Os prazos estão apertados, estão além do que esperávamos, mas não serão obstáculo para a gente cumprir a nossa missão", concluiu o ministro na ocasião.

Segundo o Ministério da Cidadania, o Auxílio Brasil pagou em dezembro um benefício médio de R$ 408,84 a 14,5 milhões de famílias.

O governo, portanto, conseguiu elevar o valor transferido aos beneficiários, mas não cumpriu a promessa de atender a mais famílias que o Bolsa Família nem de pagar o valor retroativo a novembro.

A maior diferença entre o Auxílio Brasil e o Bolsa Família é a intenção do governo de ampliar a verba para o programa.

De olho nas eleições de 2022, Bolsonaro foi aconselhado por aliados a destinar mais recursos para essa área. Essa é uma das principais apostas de governistas na campanha à reeleição.

A popularidade dele subiu no auge do auxílio emergencial, mas agora segue em queda —mesmo com o aumento do orçamento do Auxílio Brasil, o novo programa ainda estará longe de alcançar a cobertura de famílias carentes que o auxílio emergencial teve.

O plano do governo é colocar um orçamento de aproximadamente R$ 89 bilhões para o Auxílio Brasil em 2022. Nos últimos anos, a verba do Bolsa Família ficou perto de R$ 35 bilhões.

O Ministério da Cidadania afirma que, a partir de janeiro de 2022, os recursos estão garantidos para atender a quase 18 milhões de famílias com um benefício mínimo de R$ 400.

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