Ministro é criticado por live com Bolsonaro sobre Itapemirim e defende licença dada à empresa

Trecho de transmissão gerou críticas nas redes sociais após suspensão de voos da companhia

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São Paulo

O ministro da infraestrutura, Tarcísio de Freitas, defendeu nesta segunda-feira (20) a licença dada à Itapemirim para entrar no setor aéreo.

Tarcísio e o presidente Jair Bolsonaro (PL) têm sido criticados por live transmitida em outubro do ano passado em que comemoraram a entrada da companhia no setor e a liberação para voos em meio a um processo de recuperação judicial. O vídeo voltou a circular nas redes no final de semana.

Na live, o presidente desembrulha uma miniatura de ônibus da empresa e comemora o anúncio feito pelo ministro da entrada da companhia rodoviária no setor de transporte aéreo.

Bolsonaro mostra ônibus do grupo Itapemirim em live de outubro de 2020
Bolsonaro mostra ônibus do grupo Itapemirim em live de outubro de 2020 - Reprodução

Em evento do ministério na manhã desta segunda, Tarcísio afirmou que a empresa cumpriu todos os requisitos para obtenção da licença com a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil). Segundo ele, o processo de certificação envolveu questionamentos à equipe responsável pela recuperação judicial e ao Ministério Público Estadual, que acompanha o processo.

A licença foi viabilizada pela separação das pessoas jurídicas que operariam o transporte terrestre e o aéreo. Ambas fazem parte do grupo Itapemirim, que enfrenta processo de recuperação judicial desde 2016.

"Havia uma diferença de CNPJ, ou seja, quem está em recuperação judicial é a empresa rodoviária. E esse CNPJ, que nasceu com a empresa aérea, tinha todas as certidões negativas", disse o ministro, em referência às obrigações fiscais, trabalhistas e previdenciárias da nova empresa.

O ministro também defendeu a atuação da Anac na regulação da atuação da empresa, que convivia com atrasos de salários e benefícios de funcionários, suspensão do plano de saúde dos trabalhadores, dívidas com fornecedores, descumprimento de horários, cancelamentos de voos, atendimento criticado por clientes e envio de dados errados sobre número de passageiros para a ​Anac (Agência Nacional de Aviação Civil).

"Em alguns momentos, quando se pensou em vender mais passagens, a agência interviu (sic) imediatamente. E, se não tivesse havido essa intervenção, o problema poderia ser ainda mais grave", disse.

Nas redes sociais, porém, usuários têm criticado a autorização para a empresa operar no setor de transporte aéreo. "Bolsonaro foi garoto-propaganda da Itapemirim, em live. Tá explicada a razão de uma empresa em recuperação judicial obter autorização da Anac para operar sem as mínimas condições exigidas", escreveu um deles.

"Itapemirim está fechada com Bolsonaro. E não abre", brincou outro. "Já faz 24 horas que a Itapemirim suspendeu as suas operações após seis meses de atividades, deixou milhares de usuários largados a própria sorte e o ministro @tarcisiogdf que fez reunião com a empresa e levou miniatura pro presidente, ainda não disse NADA", cobrou no domingo (19) uma página anônima que tem divulgado os vídeos relacionados ao caso.

A diretoria colegiada da Anac outorgou a concessão para que a empresa voasse em maio deste ano, em reunião extraordinária e online, feita para análise exclusiva do caso.

A decisão autorizou a empresa a explorar o serviço aéreo público regular e não regular de passageiros, cargas e malas postais, nacionais e internacionais.

A companhia anunciou a suspensão dos voos na sexta (17), após seis meses de operação. A medida afetou pelo menos 40 mil passageiros, segundo o Procon-SP.

Após a interrupção de todos os voos da empresa na semana passada, a Anac suspendeu a comercialização de passagens aéreas da companhia.

No sábado (18), a empresa informou que prioriza a reacomodação em voos de outras companhias dos passageiros que precisam retornar para casa. "Os demais passageiros com viagens de ida e volta, que se encontram em sua cidade de domicílio, serão atendidos prioritariamente com reembolso total dos valores pagos", afirmou, em nota.

A companhia orienta os passageiros a entrar em contato pelo email falecomaita@voeita.com.br ou diretamente com sua agência de viagem.​

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