Pré-candidato a SP, Tarcísio apresenta projetos que dependem de concessão em ano eleitoral

Ministro deve deixar o cargo em abril e diz que concessões devem gerar 1,2 milhão de empregos até 2022

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Brasília

O ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas fez, nesta segunda-feira (20), um balanço de seus três anos no comando da pasta. A maior parte dos investimentos planejados por Tarcísio até o final do mandato do presidente Jair Bolsonaro (PL), no entanto, está atrelada à concessão de 50 projetos durante a campanha eleitoral no próximo ano.

São empreendimentos que exigirão pesados investimentos, algo entre R$ 150 bilhões e R$ 165 bilhões, mais da metade do que o governo conseguiu atrair até o momento.

Dentre os principais projetos estão a privatização do porto de Santos, a venda de 18 aeroportos na última rodada da Infraero —​incluindo Congonhas (SP) e Santos Dumont (RJ)— e a concessão de mais de 8 mil quilômetros de rodovias.

No setor ferroviário, o governo prevê a renovação dos contratos da FCA e da MRS e a concessão da Ferrogrão, um projeto ainda alvo de bastante críticas do mercado. Ao todo, esses projetos devem exigir R$ 55 bilhões em capital privado.

O ministro, de terno, sentado, gesticula com a mão direita enquanto mantém a esquerda sobre a mesa
O ministro da Infraestrutura e pré-candidato ao governo paulista, Tarcísio de Freitas - Amanda Perobelli - 16.ago.21/Reuters

Para disputar as eleições ao governo de São Paulo como candidato de Bolsonaro, Tarcísio deixará até abril o ministério, abrindo mão de concluir o que o governo chama de maior programa de concessões do mundo, com investimentos previstos de R$ 250 bilhões.

Deste total, o país garantiu R$ 89 bilhões até agora a promessa de geração de mais de 500 mil empregos diretos e indiretos.

Caso seja concluída, a maior parte dos projetos só será leiloada no próximo ano, quando estão previstos investimentos de R$ 165 bilhões com cerca de 50 projetos, como a privatização do porto de Santos e a última rodada dos aeroportos.

Ao todo, a previsão é de 1,2 milhão de novos postos de trabalho, um alento para a campanha de Bolsonaro que viu os índices da economia se deteriorarem drasticamente devido principalmente à pandemia causada pelo coronavírus.

Segundo Tarcísio, somente neste ano foram entregues 108 obras públicas, mais R$ 5,5 bilhões investidos na duplicação de mais de 2 mil quilômetros de rodovias, e a realização de 40 leilões, que atraíram R$ 37,6 bilhões em investimentos contratados da iniciativa privada em ferrovias, aeroportos, rodovias, portos e hidrovias.

Durante a apresentação do balanço, o ministro tentou manter o tom técnico no discurso. No entanto, as realizações da pasta ganharam um tom ufanista em um vídeo exibido mostrando as obras e os investimentos.

"É a balsa que agora conecta as pessoas na Amazônia, a duplicação de rodovias que reduz os acidentes", disse o ministro sobre os projetos.

Tarcísio deve se desincompatibilizar do cargo até o início de abril para dar início à sua campanha ao governo paulista.

Na sua equipe, existe a preocupação de que, com sua saída para fazer campanha política, projetos relevantes percam força.

O ministro frisou ainda que o sucesso do programa de concessões "não se resume somente aos investimentos, mas também à digitalização [dos processos] e à revisão de marcos legais".

Ele lembrou do trabalho realizado junto ao Congresso para a aprovação do BR do Mar, criando um novo marco para a navegação de interior (cabotagem), o Pró Trilhos, que implantou o regime de autorizações nas concessões ferroviárias, e a renovação do Código de Trânsito Brasileiro e do marco legal do transporte rodoviário de passageiros.

"Aqui a gente está falando de futuro", disse Tarcísio. "A gente pode imaginar que teremos uma matriz de transporte mais equilibrada, vamos dos atuais 20% para mais de 40% do modo ferroviário na matriz [de transporte], vamos ter incentivos à navegação de interior (cabotagem), um sistema mais competitivo e sustentável. Vamos ter uma redução de até 35% no custo Brasil com a maior oferta de transportes. O Brasil precisa ser líder em infraestrutura na América Latina e vamos chegar lá."

Defendendo o governo, Tarcísio afirmou que o Brasil é o país com mais serviços privatizados tanto na concessão de infraestrutura, quanto de energia [com novos marcos e abertura de mercado do gás, por exemplo], saneamento.

"Com tudo que está em andamento agora eu tenho certeza que o Brasil vai se tornar um grande canteiro de obras.

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