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Queda da inflação pela metade em 2022 vai permitir corte de juros em 2023, diz Itaú

Instituição ainda vê emprego fraco e contração do PIB no ano eleitoral

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São Paulo

A inflação deverá cair do patamar de 10% em 2021 para 5% em 2022, o que permitirá ao Banco Central reduzir a taxa básica de juros a partir do primeiro semestre de 2023. Essa é a avaliação do Itaú Unibanco, que divulgou nesta quarta-feira (15) detalhes do seu cenário para os próximos anos.

Mario Mesquita, economista-chefe da instituição, afirmou que a economia em 2022 ainda será marcada pelos efeitos da pandemia. Dessa vez, por uma queda na atividade provocada pela necessidade de juros mais altos para controlar a inflação gerada por fatores relacionados à crise sanitária.

O Itaú projeta uma alta da taxa básica dos atuais 9,25% para 11,75% no próximo ano. A economia deve crescer 4,7% em 2021 e ter contração de 0,5% em 2022.

Retrato de Mario Mesquita, economista-chefe do Itaú Unibanco, em São Paulo, em outubro de 2019
Mario Mesquita, economista-chefe do Itaú Unibanco - Zanone Fraissat - 31.out.2019/Folhapress

Dados mais recentes de atividade mostram que o resultado deste ano pode ser menor, mas não muito diferente do esperado, segundo Mesquita. Para o próximo ano, o risco está na necessidade de o BC ter de elevar os juros para algo mais próximo de 13% ao ano, o que levaria a mais retração econômica.

Questionado sobre riscos relacionados ao processo eleitoral, como novas pressões por aumento de gastos, ele afirmou que a instituição considera em seu cenário qualquer aumento na percepção de risco que tenha reflexos no câmbio, leve a aumento da inflação, necessidade de mais aperto monetário e menor crescimento.

Para o economista, a autonomia do BC é um fator que traz um grau de incerteza menor em relação a eleições passadas.

Mesquita afirmou também não ver pressões adicionais de alta da taxa básica no Brasil por conta do aumento dos juros nos EUA, lembrando que o Fed (o banco central americano) deverá fazer ao longo de todo o ano de 2022 aumento equivalente ao anunciado pelo Copom (Comitê de Política Monetária) em apenas uma de suas reuniões. Com isso, o diferencial de juros não irá cair —o Fed se reúne nesta quarta-feira e deverá acelerar o ritmo de retirada de estímulos.

Segundo o Itaú, o aumento dos juros já se reflete na economia brasileira, com desaceleração nas concessões nos últimos meses e recuo nas vendas de setores mais sensíveis ao crédito, como veículos, móveis e material de construção.

A expectativa é de aumento na inadimplência, mais concentrada em pessoas físicas do que jurídicas. Ainda assim, um aumento mais modesto do que em outros períodos em que a desaceleração da atividade se deu após um período de crescimento mais exuberante do crédito.

Segundo o economista, o aumento do salário mínimo no começo do ano e a queda da inflação ao longo de 2022 devem ser os fatores que vão melhorar as condições de vida da população. Por outro lado, a instituição ainda não vê uma expansão forte do emprego.

"A principal herança de 2022 para 2023 será a redução da inflação, o que vai permitir que o Banco Central, no início de 2023, comece um processo de flexibilização da política monetária", afirmou.

"Não vejo o mercado de trabalho dando um grande alento. É mais a redução da inflação mesmo."

Sobre a questão fiscal, a instituição não descarta a possibilidade de um superávit primário do setor público em 2021, por fatores como alta da inflação, receitas extraordinárias com dividendos e boa arrecadação de estados e municípios. Isso não deve se repetir no próximo ano, uma vez que as receitas costumam acompanhar a inflação corrente, enquanto as despesas estão indexadas à inflação passada.

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