Venda online lidera gasto no varejo mesmo com reabertura, diz Rede

Empresa de pagamento do Itaú Unibanco não vê desaceleração da modalidade após hábitos mudarem

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São Paulo

O valor das vendas online do varejo avançou 42% no terceiro trimestre deste ano em relação ao mesmo período de 2020, segundo dados da Rede, empresa de meios de pagamento do Itaú Unibanco, divulgados nesta terça-feira (7).

O desempenho é superior aos 24% das vendas físicas, apesar do movimento de reabertura das atividades no período após a redução de restrições impostas pela pandemia.

Paula Cardoso, presidente da Rede, afirma que o avanço do online é uma tendência que veio para ficar, uma mudança de comportamento, e diz não acreditar em um movimento de perda de fôlego no uso de meios digitais de pagamento.

Enfeites em tons rosa, tendência para o Natal, invadem a rua 25 de Março, na região central da capital paulista - Rubens Cavallari - 23.nov.2021/Folhapress

"Não vejo, pelo menos no curto prazo, uma desaceleração. Acho que houve realmente uma mudança de comportamento. A gente tem um exército de 80 milhões de brasileiros comprando online. É muita gente", afirma a executiva.

Segundo Cardoso, a participação do online no varejo passou de 4,5% antes da pandemia para cerca de 8%, mas ainda há muito espaço quando comparado com outros países. Ela cita dados da empresa Euromonitor, que apontam participação de 35% na Coreia do Sul e na Inglaterra.

Sobre a evolução dos meios de pagamento, a presidente da Rede destacou o crescimento do Pix e das carteiras digitais e afirmou que o país deve ter um cenário de substituição do uso dos cartões físicos em muito pouco tempo.

"A gente já vê as carteiras digitais tomando um papel bastante forte. A integração de tudo o que possa ser pagamento, focada em uma jornada de serviço de compra, seja online ou físico, é a forma como a gente está vendo essa evolução."

A quantidade de transações com carteiras digitais, especificamente Google pay, Apple pay e Samsung pay, dobrou de julho de 2019 para setembro de 2021, com um gasto médio praticamente estável. Destaca-se o uso em despesas com alimentação, mercados e drogarias e cosméticos. Segundo a Rede, 72% dos usuários são homens e 28%, mulheres.

O levantamento mostra também que, no total, o valor transacionado pelo varejo no terceiro trimestre de 2021 cresceu 27,5% em relação ao mesmo período de 2020 e 11,9% sobre o segundo trimestre deste ano, segundo os dados com a base de clientes da empresa.

Setores em retomada

Na comparação com o mesmo período do ano passado, a Rede destaca questões que refletem a retomada após o pior momento da pandemia com outras que mostram mudanças de comportamento.

No primeiro caso, estão os crescimentos em relação ao mesmo trimestre do ano passado de despesas físicas e online com passagens aéreas (149,9%), hospedagem (109,7%), bares e baladas (94%) e agências de matrimônio e buffets (80%). Todos com desempenho retomando a trajetória anterior à pandemia.

Já as despesas apenas online em restaurantes cresceram apenas 18% em relação ao mesmo período de 2020, mas houve um salto de 428% em relação a 2019, mostrando também um novo comportamento de consumo no país.

Ela destaca ainda segmentos outros segmentos que em alta, como materiais de construção, móveis de escritório, floriculturas e laboratórios, impulsionados também pelas mudanças de consumo durante a crise sanitária.

Na divulgação dos dados, o economista-chefe do Itaú Unibanco, Mario Mesquita, falou sobre o ambiente macroeconômico no período, marcado por uma queda do PIB (Produto Interno Bruto) de 0,1% em relação ao trimestre anterior.

Mesquita destacou o indicador de atividade do banco (Idat), que mostrou, no período, a primeira queda não relacionada diretamente com as medidas de isolamento provocadas pela pandemia.

Segundo ele, o indicador perdeu dinamismo desde meados de setembro, o que estaria relacionado, principalmente, ao avanço da inflação, que afeta a confiança das famílias e reduz o seu poder de compra.

"A gente acha que isso explica o fato de o Idat estar andando de lado desde meados de setembro, período em que houve aumento da mobilidade."

Ele afirma que parte do crescimento econômico de 4,7% previsto neste ano pelo banco pode ser transferido para 2022 a depender do ritmo de retomada de diversos setores. Para o próximo ano, a expectativa do Itaú é uma contração de 0,5%.

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