Veto de Bolsonaro a assessor de Guedes deixa rusgas com PP

Integrantes do governo articularam nomeação do ex-deputado Alexandre Baldy, mas aliados do presidente foram contrários ao plano

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Brasília

O veto do presidente Jair Bolsonaro (PL) à indicação do ex-deputado Alexandre Baldy (PP-GO) para a vaga de articulador político do Ministério da Economia criou rusgas com integrantes do PP.

Membros do partido ficaram irritados com a quebra de um acordo que estava sendo costurado pelo ministro Ciro Nogueira (Casa Civil) e pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). O episódio mostrou a influência que antigos aliados de Bolsonaro ainda exercem nas decisões do Palácio do Planalto.

Baldy foi barrado pelo presidente diante do cenário eleitoral em Goiás. O ex-deputado estuda concorrer a uma vaga no Senado alinhado à chapa do governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM), o que desagradou o líder do PSL na Câmara, Major Vitor Hugo (GO) —um dos parlamentares mais próximos de Bolsonaro. Vitor Hugo quer concorrer ao governo do estado.

Governador João Doria e ex-secretário dos Transportes Metropolitanos Alexandre Baldy
Governador João Doria e ex-secretário dos Transportes Metropolitanos Alexandre Baldy - Zanone Fraissat/Folhapress

Uma ala do PP defende que Ciro insista na articulação para nomear Baldy para o posto de articulador político do ministro Paulo Guedes (Economia). Mas há pouca chance de isso avançar.

Além da resistência de Bolsonaro, Baldy informou a aliados que prefere focar na estratégia eleitoral para a eleição ao Senado em 2022.

Ex-ministro das Cidades durante o governo Michel Temer, Baldy foi secretário estadual dos Transportes Metropolitanos de São Paulo até outubro no governo João Doria (PSDB), o que é apontado como outro fator contrário à sua indicação. O tucano é desafeto de Bolsonaro.

Com o veto a Baldy, há um impasse em relação à vaga de articulador das pautas prioritárias da equipe econômica no Congresso.

O ministro da Economia sinalizou a aliados que a ideia de mexer na articulação política da pasta perdeu força, mas a ala política ainda quer avançar na costura para escolher um novo chefe da Assessoria Especial de Relações Institucionais do ministério.

Membros do PP avaliam que Guedes está enfraquecido e veem uma oportunidade para introduzir um nome de confiança da legenda dentro do Ministério da Economia, uma pasta geralmente preenchida por técnicos, justamente no momento em que se negocia o Orçamento de 2022.

O ministro da Economia chegou a dar aval à sugestão de nomear Baldy —mas o plano foi vetado por influência de bolsonaristas.

A decisão do presidente ocorre às vésperas de uma semana decisiva para o Ministério da Economia, que quer concluir a votação da PEC (proposta de emenda à Constituição) dos Precatórios.

A PEC é hoje o principal item da pauta econômica no Congresso, pois libera um aumento de cerca de R$ 106 bilhões no próximo ano e viabiliza a promessa de Bolsonaro para pagar um valor de R$ 400 aos beneficiários do Auxílio Brasil.

Apesar do veto a uma indicação de Ciro, o PP mantém o plano de se alinhar a Bolsonaro na campanha de reeleição ao Palácio do Planalto, mas líderes do partido passaram a ver com ressalvas o poder que tem no governo –ou que teria em um novo mandato de Bolsonaro.

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