O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou nesta quinta-feira (20) que a inflação no Brasil é impactada pela recente alta nos preços de petróleo e questões climáticas, com fortes chuvas em regiões do Brasil e seca em outras áreas.
Em evento promovido pelo Santander, Campos Neto disse que esses fatores já provocaram um pequeno crescimento das expectativas de mercado para a inflação e serão levados em consideração nas análises do Banco Central.
Campos Neto disse ainda que a inflação acumulada em 12 meses pode ter atingido seu pico, iniciando movimento de baixa.
"Sobre a inflação no Brasil, achamos que, quando olhamos o acumulado em 12 meses, estamos perto do máximo, começamos a ver recuo", disse.
Segundo ele, o Brasil enfrenta um momento de inflação alta associada a uma inflação importada, fator relacionado ao patamar de preços no exterior e taxa de câmbio.
Além disso, Campos Neto afirmou que a inflação de preços monitorados tem sido menor do que as projeções do órgão, atribuindo parte desse resultado à resistência de governantes em subir preços em ano eleitoral.
Entre os preços monitorados, ou administrados, estão energia elétrica, gás de cozinha, taxa de água e esgoto e transporte urbano.
"Estamos olhando os números que projetamos para os preços monitorados e têm sido menores do que projetamos. Parte disso é porque os estados estão com muito dinheiro, estamos em ano de eleição e ninguém quer subir preços monitorados em ano eleitoral", disse.
"Alguns estados estão com melhor condição de fluxo de caixa, podem adiar (os reajustes), temos eleição", reforçou.
O presidente do BC disse que observa esse movimento e que uma reversão da tendência de baixa pode ser um problema.
Campos Neto disse que a alta acumulada em 12 meses dos preços monitorados passou de 2,6% em 2020 para 16,9% em 2021. Dentro da variação total de 16,9% no ano passado, ele ressaltou que a maior fatia é de energia elétrica. Excluindo esse fator, o índice cai para 2,2%.
No evento, ele também afirmou que a melhor maneira de o BC contribuir para crescimento e estabilidade do país é atacar inflação.
O presidente do BC ressaltou que se houver desconexão no mercado financeiro, o Banco Central estará pronto para agir.
"Muitos dizem que o BC intervém pouco, mas vendemos mais dólares do que governos no passado", afirmou.
Campos Neto também afirmou que a dinâmica eleitoral neste ano mostra uma situação muito polarizada, mas que os candidatos estão tentando se mover para o centro, o que já refletiu no mercado.
O presidente do BC voltou a dizer que o Brasil tem tido crescimento estrutural baixo e que o mercado vê essa dificuldade.
"Quando você olha as pesquisas, as pessoas esperam que o crescimento estrutural seja menor. Eu acho que isso vem do fato de que, quando você olha para o curto prazo ou mesmo o longo prazo, o Brasil não tem conseguido mostrar capacidade de crescer de forma sustentável", disse.
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