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Argentinos protestam contra FMI enquanto país luta para pagar dívida bilionária

Prazo para honrar US$ 730 milhões acaba nesta sexta (28); outros US$ 365 milhões precisar ser devolvidos até terça

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Adam Jourdan Miguel Lo Bianco
Buenos Aires | Reuters

A Argentina está enfrentando uma bomba de bilhões de dólares em pagamentos de dívidas ao FMI (Fundo Monetário Internacional) que se aproxima da data de pagamento e sem certeza se o país sul-americano honrará, em meio a negociações tensas para renovar cerca de US$ 40 bilhões em empréstimos.

O país, que há anos enfrenta crises cambiais e de dívida, deve devolver US$ 730 milhões ao FMI nesta sexta-feira (28) e outros US$ 365 milhões na terça-feira da próxima semana, embora as autoridades não tenham confirmado planos de pagamento.

"Saberemos o que vai acontecer nas próximas horas", disse a porta-voz do governo Gabriela Cerruti em coletiva de imprensa nesta quinta-feira. Ela acrescentou: "O governo da Argentina está disposto a chegar a um acordo para pagar de forma sustentável".

Membros de grupos de esquerda fazem manifestação contra o FMI (Fundo Monetário Internacional) às vésperas de uma parcela de US$ 730 milhões devida no pagamento da dívida do país, em Buenos Aires - Alejandro Pagni - 27.jan.2022/AFP

O Fundo não respondeu imediatamente a um pedido de comentário sobre os pagamentos iminentes.

As negociações da Argentina com o FMI para renovar um empréstimo fracassado de 2018 se atrapalharam nos últimos meses devido a divergências entre os dois lados sobre a rapidez com que o país deve reduzir seu deficit fiscal como parte de um plano econômico de médio prazo.

Isso atingiu os preços dos títulos soberanos, alguns dos quais caíram para menos de US$ 0,30. Políticos mais voltados à esquerda dentro da coalizão peronista no poder também começaram a endurecer seus argumentos contra o Fundo.

Nesta quinta-feira (27), centenas de pessoas foram às ruas de Buenos Aires para protestar contra o FMI, que muitos culpam pelas medidas de austeridade que agravaram uma grande crise econômica em 2001 a 2002 a qual mergulhou dezenas de argentinos na pobreza.

"O que estamos propondo não é apenas parar de pagar a dívida e romper com o Fundo, mas reestruturar toda a economia de acordo com as necessidades da maioria", afirmou Celeste Fierro enquanto marchava na cidade em frente ao prédio do banco central.

Fierro, como outros na manifestação, disse que o país não deve pagar suas dívidas com o FMI. "Acreditamos em romper com o Fundo e ignorar essa dívida, que é uma fraude."

Vilma Ripol, outra manifestante, disse que os pagamentos devem ser suspensos e que o Congresso deve investigar a dívida para evitar a repetição da crise econômica de 2001.

"Foi um desastre em 2001 do qual levou anos para nos recuperarmos e pagamos", disse ela. "Continuamos pagando e nossa sociedade continuou caindo. Já chega."

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