Aeronautas recusam proposta da Azul e crise dos voos cancelados se estende

Aérea havia proposto reduzir folgas de funcionários em troca de vale-alimentação

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Brasília

Os pilotos e comissários de bordo da Azul recusaram nesta quarta-feira (12) a proposta da empresa de reduzir o número de folgas dos meses de fevereiro e março, em troca de um vale-alimentação mensal de R$ 463,21.

A Azul havia proposto um ACT (Acordo Coletivo de Trabalho) que envolvia, além da redução facultativa do número de folgas, a publicação de escalas quinzenais e não mais mensais, como de praxe.

Apresentada na noite de segunda-feira (10) em live do SNA (Sindicato Nacional dos Aeronautas), a proposta foi uma tentativa da Azul de minimizar o impacto da redução da equipe, afastada após contaminação com Covid-19, diante do avanço da variante ômicron. Só entre os dias 6 e 12 de janeiro, o total de voos cancelados soma 765.

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Aviões da Azul estacionados no hangar da empresa no aeroporto Internacional de Viracopos, em Campinas - Eduardo Knapp/Folhapress

A situação da companhia aérea é a mais crítica, porque a empresa já trabalhava com 100% da sua capacidade. A Azul já começou o processo de contratação de aeronautas, especialmente comissários de bordo, mas o processo leva tempo, por se tratar de uma mão de obra muito especializada.

Segundo Ondino Dutra, presidente do SNA, mais de 2 mil aeronautas participaram da votação e, destes, 74% responderam não à proposta.

"O resultado é reflexo da insatisfação histórica dos tripulantes com suas escalas de serviço", afirmou Dutra à Folha. "Os profissionais não se sentem reconhecidos em seus esforços nos últimos tempos, em especial, depois de terem aceitado redução de salário e várias flexibilizações operacionais".

O SNA vem recebendo diversas denúncias sobre programações de voo planejadas com o número de comissários reduzidos, o que contraria regimentos da categoria.

O sindicato enviou ofício à Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) informando que só no dia 6 de janeiro foram 16 voos realizados com equipe reduzida. Na data, a Azul começou a informar o cancelamento dos voos, que então representavam 5% da sua malha, o equivalente a 45 viagens no dia.

"Importante destacar que muitos comandantes que teriam operado com a suposta planejada tripulação reduzida indagaram previamente e formalmente à companhia aérea sobre a legalidade do ato, sendo que a empresa, por meio de email, informou que tal circunstância figuraria exceção à regra, e que estaria autorizada pela ​Anac e Diretoria de Operações", diz o ofício enviado pelo SNA à Anac.

O sindicato dos aeronautas pediu à agência que investigue as denúncias recebidas quanto às possíveis operações com tripulações reduzidas e, caso seja verificado o descumprimento da regra, tome as providências cabíveis.

Questionada pela Folha, a Anac informou que todas as denúncias recebidas pela "são devidamente apuradas". Segundo a agência, "em caso de constatação de indícios de irregularidade, é instaurado processo administrativo para investigar os fatos e adotar as medidas administrativas pertinentes".

Procurada pela Folha, a Azul não retornou até o fechamento desta reportagem.

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