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Banco Mundial corta projeção de PIB do Brasil e vê pior desempenho entre principais emergentes

Instituição também diz que avanço da ômicron deve continuar afetando atividade mundial

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São Paulo

O Banco Mundial reduziu a projeção de crescimento da economia brasileira em 2022 dos 2,5% estimados em junho do ano passado para 1,4%, de acordo com relatório divulgado nesta terça-feira (11).

Essa é a menor taxa de crescimento entre os 18 países emergentes cujas projeções foram destacadas pela instituição. Considerando 28 economias da América Latina e Caribe, o Brasil deve superar apenas o Haiti, para o qual é projetada estagnação.

Os números são parte do documento Perspectivas Econômicas Globais.

Para o Banco Mundial, o crescimento global deve sofrer desaceleração acentuada, de 5,5% de crescimento em 2021 para 4,1% em 2022 e 3,2% em 2023, conforme a demanda reprimida durante a pandemia se dissipe e o apoio fiscal e monetário seja reduzido em todo o mundo. Em 2020, o PIB (Produto Interno Bruto) mundial caiu 3,4%.

David Malpass, presidente do Banco Mundial - AFP

Até 2023, todas as economias avançadas terão alcançado a total recuperação da crise econômica gerada pela pandemia. As emergentes e em desenvolvimento permanecerão 4% abaixo da tendência anterior, segundo a instituição. Uma das explicações é que muitas economias emergentes e em desenvolvimento estão eliminando as políticas de apoio para conter as pressões inflacionárias bem antes de atingir a recuperação.

O Brasil, que voltou a se destacar pelas taxas de inflação e de juros elevadas, por exemplo, ficará abaixo da média de crescimento mundial no período, segundo as projeções da instituição. Depois de cair 3,9% em 2020, o PIB brasileiro deve crescer, respectivamente, 4,9%, 1,4% e 2,7% nos três anos seguintes, de 2021 a 2023.

As estimativas para o Brasil feitas pelo Banco Mundial são maiores que as feitas pelo Banco Central do Brasil, de 4,4% em 2021 e 1% em 2022. As projeções da pesquisa Focus do BC com analistas mostram crescimento de 4,5% e 0,28%, respectivamente.

"A economia brasileira deve desacelerar para 1,4% em 2022, graças ao fraco sentimento dos investidores, à erosão do poder de compra em decorrência da alta inflação, às restrições da política macroeconômica, à redução da demanda pela China, e à queda nos preços do minério de ferro", diz o relatório em seu anexo sobre a América Latina e Caribe.

De acordo com a instituição, o crescimento nos países dessa região deve desacelerar de 6,7% estimados para o ano passado para 2,6% neste ano. O movimento é atribuído a restrições nas políticas monetária e fiscal, à ainda lenta melhoria nas condições do mercado de trabalho e às condições externas menos favoráveis para esses países.

Segundo o banco, até 2023 a região perderá terreno na renda per capita em relação às economias avançadas e também às emergentes da Ásia e Europa.

Para o Banco Mundial, após uma forte recuperação em 2021, a economia global está entrando em acentuada desaceleração em meio a ameaças de novas variantes da Covid-19 e ao aumento da inflação, do endividamento e da desigualdade de renda. Esses fatores podem pôr em risco a recuperação de economias emergentes e em desenvolvimento.

O rápido avanço da variante ômicron, diz o banco, indica que a pandemia deve continuar afetando a atividade econômica no médio prazo. Além disso, uma notável desaceleração nas principais economias, incluindo Estados Unidos e China, vai impactar a demanda externa nas economias emergentes e em desenvolvimento.

"A economia mundial está enfrentando simultaneamente a Covid-19, a inflação e as incertezas políticas, com gastos públicos e políticas monetárias em território ainda desconhecido. O aumento da desigualdade e os desafios relacionados à segurança são especialmente prejudiciais para os países em desenvolvimento", disse David Malpass, presidente do Banco Mundial.

"Colocar mais países em um caminho de crescimento favorável requer ações internacionais coordenadas e um conjunto abrangente de políticas nacionais como resposta."

O relatório traz uma seção sobre o impacto da Covid sobre a desigualdade global. A avaliação é que a pandemia aumentou a desigualdade global de renda, revertendo parcialmente a queda que havia sido alcançada ao longo das duas últimas décadas.

A pandemia também causou o aumento da desigualdade em muitas outras esferas da atividade humana, como no acesso à educação e à saúde e no mercado de trabalho, que foram maiores para as mulheres e os trabalhadores informais e pouco qualificados.

"Essa tendência tem potencial para deixar marcas duradouras: por exemplo, as perdas de capital humano causadas por interrupções nos estudos podem se alastrar por gerações", diz o relatório.

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