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Bolsa aprofunda queda com crise entre servidores e Bolsonaro

Risco fiscal direciona mercados em meio à pressão do funcionalismo por aumento

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São Paulo

Mercados de ações e de câmbio voltaram a refletir o aumento da percepção de investidores sobre o risco fiscal do país nesta terça-feira (4), que cresce na esteira da crise entre a elite do funcionalismo e o presidente Jair Bolsonaro (PL).

O Ibovespa fechou em queda de 0,39%, a 103.513 pontos. Com isso, o índice referência da Bolsa de Valores brasileira acumula perda de 1,25% nos dois primeiros pregões de 2022. O mercado acionário do país fechou 2021 com queda de 12%.

Parâmetro para medir a confiança do investidor na economia do país, o dólar encerrou a sessão com valorização de 0,47%, a R$ 5,6890. Expectativas de aumento nos juros nos Estados Unidos também direcionaram a alta da divisa americana.

O aperto monetário prometido pelo Fed (Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos) tem valorizado títulos do Tesouro americano, que atraem para si investimentos outrora aplicados nos mercados de ações. Esse movimento vem promovendo a valorização global do dólar neste início de ano.

Pedestres diante da sede da B3, a Bolsa de Valores brasileira, em São Paulo (SP)
Pedestres diante da sede da B3, a Bolsa de Valores brasileira, em São Paulo (SP) - Rahel Patrasso - 22.dez.2021/Xinhua

Apesar das turbulências externas, analistas apontam o cenário político doméstico como principal responsável pelo desempenho negativo do mercado de ações do país.

"O cenário fiscal continua pesando no mercado nacional, principalmente após novas reivindicações de servidores públicos por aumento de salário", diz o economista Alexsandro Nishimura, sócio da BRA.

Relatório da XP Investimentos distribuído nesta terça destacou que a preocupação com aumentos de gastos com pessoal coloca novamente no radar de investidores risco fiscal, que havia saído de foco no final do ano passado com as aprovações da PEC dos Precatórios e do Orçamento de 2022.

Análise da XP sobre os riscos fiscais, divulgada na semana passada, também aponta a desoneração da folha de pagamentos como um ponto de preocupação, uma vez que o Orçamento de 2022 não detalha regras para a compensação da renúncia de arrecadação.

No cenário global, a alta dos juros e a inflação se consolidam como preocupações maiores para o mercado do que o avanço da Covid, que registra alta recorde devido à variante ômicron.

"Ao menos do ponto de vista da atividade econômica, a Covid preocupa menos porque vem gerando baixos números de hospitalizações e mortes", diz Romero de Oliveira, da Valor Investimentos.

Nos Estados Unidos, a Nasdaq recuou 1,33%. A Bolsa de ações de empresas de tecnologia é a mais afetada pela expectativa de alta nos juros, pois concentra companhias ainda em formação de caixa e, por isso, com custos operacionais afetados pelo aumento dos juros dos financiamentos.

Em sentido oposto, o Dow Jones, índice de ações mais tradicional do país, subiu 0,59% e renovou sua maior pontuação histórica.

O índice S&P 500, referência no mercado americano, recuou 0,06%.

Na Bolsa brasileira, a CSN Mineração subiu 7,09%, registrando a maior alta do dia. A valorização do minério de ferro e a perspectiva de elevação do câmbio beneficiaram os setores de mineração, siderurgia e frigoríficos, segundo a Ativa Investimentos.

Destaques negativos para Banco Inter, que caiu 13,68%, e para o Banco Pan, que cedeu 7,82%. As empresas de varejo e tecnologia recuaram com a alta nos juros futuros.

A Petrobras subiu 0,38%, impulsionada pela valorização do petróleo no mercado internacional. O barril do Brent subiu 1,27%, a US$ 79,98 (R$ 450,31).

A Opep (organização dos países produtores) e seus aliados decidiram manter o atual nível de aumento da produção, que é de 400 mil barris por dia. O ritmo de produção mantém o preço da commodity aquecido em meio ao crescimento da demanda diante da retomada das atividades econômicas.

Erramos: o texto foi alterado

Versão anterior desse texto afirmava incorretamente que o dólar caiu.

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