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Bolsa avança com expectativa de menor polarização eleitoral

Redução de preocupações leva investidor a ativos com potencial de crescimento

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São Paulo

Bolsa e câmbio refletiram nesta quinta-feira (20) sinais de alívio na polarização política e no risco fiscal doméstico. O cenário internacional, porém, tirou um pouco do fôlego do mercado doméstico após uma baixa tardia dos principais índices acionários dos Estados Unidos.

O Ibovespa, índice de referência da Bolsa de Valores brasileira, subiu 1,01% a 109.101 pontos. O indicador está na sua melhor pontuação desde outubro. O dólar caiu 0,85%, a R$ 5,4190, a menor cotação desde o início de novembro. Na véspera, a Bolsa já tinha subido 1,26%. A moeda americana havia recuado 1,70%.

Mulher caminha em frente à Bolsa de Valores, em São Paulo (SP) - Rahel Patrasso - 22.dez.2021/Xinhua

Parte do mercado avalia que a fala do ex-presidente Lula (PT), que defendeu a união com Geraldo Alckmin (sem partido), levou aos investidores a mensagem de que o líder nas pesquisas de intenção de voto está procurando se afastar da polarização que vem dominando o cenário político do país.

O economista João Leal, da gestora Rio Bravo, disse que o aceno de Lula a potenciais aliados de campos políticos tradicionalmente rivais enviou um sinal positivo ao mercado sobre gestão mais responsável das contas públicas, apesar de haver desencontro de informações vindas de economistas próximos ao petista.

"Sim, talvez a situação das contas públicas no ano que vem... haja uma gestão de responsabilidade fiscal, com Lula trazendo Geraldo [Alckmin] como vice-presidente. Talvez a gente tenha, se Lula eleito, um governo mais pragmático, mais perto do que foi 2002", comentou Leal.

Além disso, houve algum alívio nos temores fiscais, após notícias de que o governo do presidente Jair Bolsonaro (PL) reduziu as perspectivas de reajustes salariais para servidores públicos. Pressionado após prometer aumento a policiais federais, Bolsonaro afirmou nesta quarta (19) que não poderia estender a correção para outras categorias.

Aumentos de gastos do governo e promessas populistas de concorrentes ao Planalto figuram entre as principais preocupações de investidores neste ano eleitoral.

Valorizações de materiais básicos sustentaram a alta da Bolsa nos últimos dias. Petróleo e minério de ferro, commodities importantes para o mercado brasileiro, estão em alta. Isso vem atraindo investidores estrangeiros e aumentando o fluxo de dólares para o país.

No caso do minério, a principal responsável pela alta é a China. O país, maior consumidor da matéria-prima, vem anunciando estímulos econômicos e isso deve amenizar a crise no seu setor imobiliário.

Bolsas na Ásia fecharam em alta após Pequim reduzir suas taxas de juros de referência, destacou a Ativa Investimentos em seu boletim.

Quanto ao petróleo, a maior cotação em sete anos é resultado da oferta restrita mantida pela Opep (organização de países exportadores) e das preocupações com conflitos no Oriente Médio e, principalmente, da escalada de ameaças entre as principais potências ocidentais e a Rússia, que mobiliza tropas para uma eventual invasão à Ucrânia.

Após quatro altas, porém, o barril do Brent caiu 1,38% nesta quinta, a US$ 87,2 (R$ 472,38). A commodity ainda sustenta a maior cotação desde outubro de 2014.

Além de um cenário político mais moderado e commodities em alta, ativos da Bolsa brasileira estão excessivamente baratos, segundo Jason Vieira, economista-chefe da Infinity Asset. O preço estaria atraindo investidores para o Brasil, de acordo com o analista.

Rodrigo Moliterno, chefe de renda variável da Veedha Investimentos, destaca que perspectivas favoráveis ao mercado brasileiro começam a levar investidores a fazer uma rotação de setores, com trocas de posições em ações de produtores de materiais básicos para outros com maior potencial de crescimento, como imobiliário e tecnologia.

André Querne, sócio da Rio Gestão, também comentou que as ações de crescimento lideraram o desempenho do índice, enquanto as exportadoras de commodities e os grandes bancos, que estavam sustentando o Ibovespa, fecharam de lado ou em queda.

Esse apetite por risco, segundo ele, vem após pressão sobre as ações ligadas ao consumo interno nos últimos meses, o que as deixaram mais atrativas para investidores.

No exterior, o mercado americano operou em alta durante a maior parte da sessão, dando sinais de que estava a caminho de recuperar parte das baixas recentes. Mas os principais índices devolveram os ganhos do dia no final da sessão e fecharam no vermelho.

Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq caíram 0,89%, 1,10% e 1,30%, respectivamente.

Prevaleceu o temor de que o Fed (Federal Reserve, o banco central americano) elevará os juros pelo menos quatro vezes em 2022, o que está afastando investidores de ações consideradas mais arriscadas.

Com Reuters

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