Descrição de chapéu congresso nacional

Bolsonaro sanciona projeto que tira do teto despesas com emendas parlamentares

Outra medida prevê divisão de ICMS, em caso de vendas online, entre estado que fez a venda e o que recebeu produto

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Brasília

O presidente Jair Bolsonaro (PL) sancionou, nesta quarta-feira (5), um projeto de lei que retira do teto dos gastos dos estados as despesas com emendas parlamentares e também as transferências da União.

A proposta foi aprovada pelo Senado em 9 de dezembro com 56 votos favoráveis dos senadores. Na ocasião, sete foram contrários.

O objetivo da proposta é promover um alívio para as finanças estaduais.

Presidente Bolsonaro discurso no Palácio do Planalto, em Brasília - Adriano Machado - 7.dez.2021/Reuters

A proposta agora sancionada altera uma lei complementar de 2016 que criou o Plano de Auxílio aos Estados e ao Distrito Federal e criou medidas ao reequilíbrio fiscal de entes federados. Essa legislação contém dispositivos que limitam o crescimento anual das despesas primárias à variação do IPCA (índice oficial de inflação).

A nova lei retira dessas limitações as despesas custeadas por recursos de transferências da União com aplicações vinculadas, como transferências fundo a fundo, a Cide (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico), salário-educação, Pronatec (Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego), Lei Pelé e outras. Também retira da base de cálculo despesas com emendas parlamentares.

Em nota, o governo Bolsonaro afirmou que os entes federados que descumprissem o teto de gastos no âmbito da renegociação com a União perderiam facilidades.

"As leis complementares vigentes já eliminam do teto as despesas sobre gastos mínimos com saúde e educação que aumentarem mais que a inflação medida pelo IPCA; e as despesas pagas com as doações e transferências voluntárias da União, e agora a exclusão de todas as despesas pagas com transferências federais designadas a despesas específicas, e todas as transferências previstas nos créditos suplementares e nas leis orçamentárias", diz o comunicado.

Não foram feitos vetos à proposição.

Para Fernando Facury Scaff, professor de Direito Financeiro da USP (Universidade de São Paulo), a medida representa mais uma flexibilização do teto de gastos, agora os estaduais, que foram estabelecidos no âmbito das renegociações das dívidas entre os Estados e a União.

"Com isso, mais uma vez, a lógica do teto de gastos foi driblada pelo governo Bolsonaro, desmoralizando a responsabilidade fiscal estadual. É mais uma medida que aponta uma falta de compromisso com o lado fiscal", disse.

"Apesar de ser um aceno para os estados, é o típico casuísmo de fim de festa, não é um tema relevante", avalia o consultor econômico e especialista em finanças públicas Raul Velloso. "O ponto do rompimento com emenda não faz diferença agora, já que a política fiscal, na prática, já morreu. O limite de gastos tem morrido um pouco a cada dia."

Também sem vetos, o presidente sancionou nesta quarta uma proposta que regulamenta a cobrança do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) na venda de produtos e serviços nos casos em que o consumidor final reside em um estado diferente de onde o item foi originado —caso das compras feitas online.

​Com isso, as unidades da federação onde estão localizados centros de distribuição de mercadorias para revenda eletrônica a todo o Brasil passaram a ratear o ICMS com os estados de destino dessas mercadorias.

Na avaliação de Scaff, a medida terá impacto relevante para os estados, mas seria melhor que isso tivesse sido resolvido ainda no ano passado. "Ter sancionado e publicado em 2022 só permite a cobrança em 2023. Simples assim. Os estados perdem a possibilidade de cobrar esses valores neste ano."

Ainda nesta quarta (5), Bolsonaro sancionou um projeto que define uma parcela da arrecadação de loterias a ser destinada ao CBCP (Comitê Brasileiro de Clubes Paralímpicos). De acordo com comunicado do Planalto, o objetivo da medida é incentivas o esporte paralímpico.

No bolo da arrecadação de loterias, 0,46% será destinado ao CBC (Comitê Brasileiro de Clubes) e 0,04% ao CBCP.

Colaborou Douglas Gavras, de Curitiba

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.