A diretora do Federal Reserve Lael Brainard afirmou nesta quinta-feira (13) que o banco central dos Estados Unidos está em posição de iniciar o que poderiam vir a ser várias altas nos juros neste ano assim que concluir seu programa de compra de títulos, previsto para março.
"O comitê [de definição de política monetária do Fed] projetou vários aumentos [dos juros] ao longo do ano", disse Brainard em depoimento perante o Comitê Bancário do Senado.
"É claro que estaremos em condições de fazer isso acho que assim que nossas compras forem encerradas, e simplesmente teremos que ver o que os dados exigem ao longo do ano, e vocês sabem que começamos a discutir a redução de nossos balanço", afirmou ela.
Brainard também disse esperar que a atual onda de inflação alta persista nos próximos dois trimestres. Seus comentários vieram em resposta à pergunta de um senador durante sua audiência de confirmação de nomeação para vice-chair do Fed.
A diretora, porém, afirmou que está confiante de que o banco central será capaz de conter a taxa de inflação, atualmente mais de duas vezes superior à meta do Fed, e que, por sua vez, permitirá que o mercado de trabalho recupere toda a força.
"Estamos tomando ações na frente da política monetária que, acredito, reduzirão a inflação e, ao mesmo tempo, continuaremos a permitir que o mercado de trabalho volte à força total ao longo do tempo", disse Brainard.
"Então, vamos alcançar esse pleno emprego sustentável enquanto reduzimos a inflação para 2%."
O banco central, no final do ano passado, começou a reduzir suas compras de Treasuries e títulos lastreados em hipotecas e está a caminho de concluir esse processo em março.
A ata da última reunião de política monetária do Fed de 2021 indicou que as autoridades estavam cada vez mais ansiosas para lidar com a taxa de inflação, que está mais de duas vezes acima da meta anual flexível de 2%.
Várias autoridades do Fed, desde então, defenderam publicamente que os aumentos da taxa de juros começassem na reunião de política monetária de 15 a 16 de março. Brainard pareceu sinalizar que está pronta para agir sobre os juros imediatamente após a conclusão da redução da compra de títulos.
O banco central reduziu sua taxa de juros de referência para quase zero em março de 2020 e lançou um programa de compra de ativos em larga escala para proteger a economia do golpe causado pelo início da pandemia de coronavírus.
Na terça-feira, em sua audiência de confirmação perante o mesmo grupo de senadores para um segundo mandato como chefe do Fed, Jerome Powell disse que a economia não precisa mais de um apoio tão amplo.
Diretora diz não ter sugerido testes de estresse com foco no clima
Brainard também disse nesta quinta-feira que não sugeriu que o banco central norte-americano usasse testes de estresse para avaliar a exposição das instituições financeiras às mudanças climáticas, acrescentando que as autoridades não devem dizer aos bancos para quais setores eles podem ou não emprestar.
A diretora afirmou que é importante que o Fed entenda os potenciais riscos para o sistema financeiro e que ela está mais preocupada com a capacidade das grandes instituições financeiras de gerenciar seus "riscos materiais".
Jerome Powell disse na terça-feira que vê os testes de cenários de estresse climático como uma "ferramenta-chave no futuro" para garantir que os principais bancos norte-americanos estejam cientes dos riscos que estão assumindo em relação às mudanças climáticas globais, que podem impactar sua força e estabilidade financeiras.
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