Economia perde fôlego e enfrenta desafios em 2022 na América Latina, diz FMI

Inflação, eleições e desaceleração de países parceiros devem continuar afetando economia da região

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São Paulo

Após um ano de relativa recuperação na América Latina, 2022 guarda desafios para a região, segundo o FMI (Fundo Monetário Internacional). Aumento de preços, desaceleração de parceiros econômicos e eleições com grandes chances de agitação social são alguns dos motivos elencados.

Grande parte das questões está ligada à crise sanitária e à altamente transmissível variante ômicron do coronavírus.

"A incerteza sobre a evolução da pandemia de forma mais ampla continua lançando uma sombra sobre a recuperação global e na América Latina e no Caribe", disse o fundo nesta segunda-feira (31) em texto assinado por alguns de seus diretores, entre eles o presidente do Banco Central entre 2016 e 2019 Ilan Goldfajn.

Fruta em promoção em feira na Cidade do México - Luis Cortes - 22.jan.2022/Reuters

O texto assinala que gestores públicos devem começar desde já a pensar em políticas que garantam a sustentabilidade das finanças públicas e aumente o crescimento da região.

A projeção de crescimento em 2022 da América Latina feita em outubro, de 3%, foi reajustada para baixo e chegou a 2,4%. A estimativa é que a região tenha crescido 6,8% no ano passado, quando os países se recuperavam do tombo de 6,9% em 2020.

Ainda que a desaceleração seja esperada à medida que as economias entrem no ritmo pré-pandemia novamente, o número reflete as adversidades que a região deve enfrentar, segundo o FMI.

O ano passado foi marcado pela alta inflação na região, seguida de apertos monetários pelos bancos centrais do país. Nas principais economias da região, a inflação foi chegou a 8,3%.

No Brasil, o índice​ estourou a meta do Banco Central e bateu os dois dígitos: 10,06% no acumulado do ano, maior alta desde 2015.

Adversidades climáticas, como a geada e a seca, interferiram no preço dos alimentos e da energia, altamente dependente de usinas hidrelétricas. A alta de preços das commodities e o aumento do dólar, que fechou 2021 em R$ 5,58, também incentivaram a exportação e inflacionaram os alimentos no mercado interno.

Em resposta, os bancos centrais da região aumentaram suas taxas de juros para desacelerar a economia e segurar os preços. Em algumas das principais economias, o aumento ficou entre 1,25 e 7,25 ponto percentual, o último sendo o patamar brasileiro.

"Se a inflação crescente ameaçar desancorar as expectativas pelo índice, os bancos centrais terão que aumentar ainda mais as taxas de juros para sinalizar compromisso contínuo com as metas e evitar persistentes aumentos de preços", afirma o texto do FMI.

Os Estados Unidos, importante parceiro econômico da América Latina, lidam com uma inflação inédita em 40 anos e devem seguir o mesmo caminho. No último sábado, o Goldman Sachs calculou cinco altas de juros pelo BC dos EUA em 2022. Atualmente, o país sustenta uma política de estímulo com a taxa zerada.

Já a China, cujo crescimento impulsionou as exportações do Brasil em 2021, está imponto medidas restritivas de circulação enquanto vive nova onda de infecções por coronavírus.

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