Ex-mulher de Jeff Bezos doa R$ 4,2 milhões para ONG brasileira

Vetor Brasil, que atua com setor público, vai investir em 'caixinha de ferramentas' online para gestores

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São Paulo

Uma das maiores filantropas do mundo, MacKenzie Scott, doou R$ 4,2 milhões para o Vetor Brasil, organização que atua com o setor público. A verba será destinada para produtos online que deverão ajudar gestores a dar mais eficiência a suas áreas.

"Se a pessoa quer trabalhar com impacto social em escala, o governo é um lugar legítimo para se fazer isso"​, diz Joice Toyota, cofundadora da ONG. Com essa premissa, desde 2015 o Vetor capacita profissionais para atuar na administração pública e faz pareamentos entre candidatos e vagas em todo o Brasil.

Scott é ex-mulher do bilionário Jeff Bezos, fundador do gigante de tecnologia Amazon.

MacKenzie Scott, ex-mulher de Jeff Bezos - Jorg Carstensen - 23.abr.2018/AFP

A organização já tem expertise em alocação de profissionais na gestão pública: pelo Vetor, mais de 700 pessoas já foram para governos estaduais e municipais de todos os estados do Brasil em áreas como cultura, esporte e saneamento.

Do lado da ONG, há investimento em seleção e capacitação. Na outra ponta, o governo disponibiliza um cargo comissionado. "Para um governo contratar uma pessoa que foi selecionada pelo Vetor, ele abre mão de uma indicação política. Essa sinalização é importante para a gente", diz Toyota.

Quando começou, a empreendedora ouvia que seria difícil achar gestores dispostos a fazer tal concessão. "Hoje nós temos uma demanda dos governos que não conseguimos atender", conta.

Por isso, a doação vem em boa hora: o espaço virtual também invadiu a entidade nos últimos anos, em consonância com a transformação tecnológica forçada pela pandemia. No ano passado, eles criaram um braço que desenvolve plataformas de serviços online para apoiar os governos. A verba vai justamente para esse setor.

"Ao longo dos últimos seis anos, o Vetor trabalhou bastante com esses programas que são mais próximos dos governos e dos participantes. Percebemos que, com essa expertise, poderíamos criar produtos online com escala maior —e até alcançar o nosso sonho de atingir as prefeituras, que são os entes mais desatendidos", afirma Toyota.

A ideia é que o projeto seja uma caixinha de ferramentas para o gestor público usar.

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Joice Toyota, cofundadora da ONG Vetor Brasil - Divulgação

Quando o secretário de educação de um município precisar escolher os diretores das escolas, por exemplo, ele vai poder submeter os candidatos a uma certificação da plataforma e formar a sua equipe para fazer entrevistas profissionais.

O pareamento entre profissionais e cargos em todo o Brasil —operação do mais famoso projeto da ONG, o Trainee de Gestão Pública— também será ofertado online.

"Todo real que a gente está investindo não é para apoiar apenas uma prefeitura. É para desenvolver um produto que vai ser útil para todo mundo. A gente já estava nessa toada e o apoio da Mackenzie chegou em um timing perfeito", diz Toyota.

A equipe da Mackenzie não terá interferência na ONG. A doação, feita após processo de análise de seis meses, é irrestrita e não exigirá prestação de contas. A ideia é que a organização, que tem conhecimento do cenário local, tenha liberdade para aplicar o dinheiro da maneira que julgar mais interessante.

Para a dinâmica da organização, Toyota diz que o maior impacto será ter a possibilidade de "errar, aprender rápido e ajustar esses produtos para que eles ganhem escala".

"No mundo de setor privado, isso parece óbvio. No terceiro setor, a carta branca para execução é uma novidade", afirma.

A ONG, segundo a fundadora, é suprapartidária e trabalha com governos de 14 partidos diferentes, "do PSL ao PC do B".

"A gente pode pensar diferente em muitas coisas. Por exemplo: tamanho do Estado. A gente não vai entrar nessa discussão, mas uma vez que o recurso está ali, como fazer a melhor gestão possível para entregar o melhor serviço?", diz.

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