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Entenda o que levou a Microsoft a pagar US$ 75 bilhões por uma produtora de games e como preços do petróleo atingiram o maior patamar desde 2014 e não devem parar por aí.
O que mais importa: por que gestores estão deixando de lado as queridinhas ações de tecnologia para focar em outros setores, e a disputa bilionária entre acionistas da Tesla e Elon Musk por uma compra que a montadora fez em 2016.
Microsoft e o game bilionário
A Microsoft fechou nesta terça (18) a maior aquisição da sua história. A big tech americana comprou a produtora de videogames Activision Blizzard, de "Call of Duty" e "Candy Crush", por US$ 75 bilhões (R$ 414 bilhões).
Esse também é o maior negócio da história da indústria de games, e faz da Microsoft a terceira maior companhia de jogos do mundo, atrás da chinesa Tencent e da Sony, do Japão.
Activision Blizzard: a produtora vem enfrentando, desde o ano passado, uma crise reputacional que fez suas ações despencarem mais de 30%. A empresa sofreu diversas denúncias de um ambiente de trabalho tóxico, com abusos e misoginia.
A notícia da compra da Microsoft fez os papéis da produtora dispararem quase 26% nesta terça.
O que quer a Microsoft: a compra, além de alçá-la para a elite das produtoras de jogos, também vem para rechear o catálogo do seu Game Pass. O serviço de assinatura de jogos, carro-chefe da Xbox, tem 25 milhões de assinantes.
- A Microsoft também coloca o pé em um dos setores mais rentáveis e que mais crescem no mercado de games: o do desenvolvimento de jogos para dispositivos móveis.
- Mas esses não são os únicos motivos. A compra envolve até planos para o metaverso –tema da moda no setor– com o jogo "World of Warcraft", analisa João Varella.
Máquina de bilhões: o ano começou quente nas negociações envolvendo o mundo dos games. Na semana passada, a Take-Two, de "GTA" e "Red Dead Redemption", comprou por US$ 12,7 bilhões (R$ 72,14 bilhões) a Zynga, também com foco no mundo mobile.
Nem filmes, nem música: o mundo dos games é o que atrai a atenção e o dinheiro no entretenimento. É um mercado que já soma US$ 300 bilhões ao ano, segundo dados da Accenture aos quais a Folha teve acesso em julho do ano passado, quando o Magalu comprou o KaBum!.
Não é à toa que a Netflix tem planos para oferecer games em sua plataforma.
Ouro negro
O preço do petróleo no mercado internacional alcançou, nesta terça, o maior valor desde outubro de 2014. O barril do Brent, referência mundial, subiu 1,64% a US$ 87,60 (R$ 482,25).
A alta provocou recuo nas Bolsas americanas, com o mercado prevendo avanço na inflação e, consequentemente, possibilidade de alta mais rápida de juros.
O que explica: tensões geopolíticas e queda na expectativa de produção impactam na atual alta dos preços, mas nada perto da influência que as decisões da Opep e aliados têm na cotação da commodity.
- O cartel manteve, na reunião do começo do mês, o atual nível de aumento da produção, que é de 400 mil barris por dia.
- A decisão pressionou os preços do petróleo porque o mercado considera que a variante ômicron afetou pouco as atividades econômicas, e a demanda deve seguir em alta.
Por que importa: a cada vez que as cotações da commodity sobem, o brasileiro coça a cabeça porque já antevê uma alta nos preços dos combustíveis.
- A Petrobras, que tem uma política que acompanha o sobe e desce do petróleo lá fora e também a variação cambial, já anunciou um aumento neste ano.
- Em 2021, os combustíveis inflamaram a inflação de dois dígitos. A gasolina e o etanol acumularam avanços de 47,49% e 62,23%, respectivamente.
- A partir de 31 de janeiro, os combustíveis devem ficar ainda mais caros nos postos com a decisão dos estados de descongelarem o ICMS sobre esses produtos. Só em São Paulo, a gasolina pode subir R$ 0,027.
Petróleo a US$ 100? A projeção dos analistas do Goldman Sachs é de que a commodity deve superar este patamar ainda em 2022, com a tendência de alta na demanda global.
De queridinhas a rejeitadas
Antes consideradas as queridinhas do mercado, as ações de tecnologia agora são as mais evitadas pelos investidores, mostram pesquisas com grandes gestoras estrangeiras.
- Um levantamento do Bank of America (BofA) com investidores com US$ 1,2 trilhão (R$ 6,6 tri) sob gestão mostrou que eles reduziram suas posições "overweight" (com desempenho acima da média) para os níveis mais baixos desde 2008.
- Outra pesquisa, do Deutsche Bank, apontou que a grande maioria dos entrevistados acredita que as ações de tecnologia nos EUA estão em território de bolha.
O que explica: todos estão apreensivos com os sinais de antecipação na alta dos juros por parte do Fed, o BC americano. Esse movimento afugenta investidores de ativos mais arriscados e penaliza sobretudo as empresas de tecnologia que precisam de crédito constante para crescer.
Novo foco: as pesquisas ainda apontam que os gestores passaram a mira para ações de setores que não apanham tanto com o aperto monetário. Entre os citados, estão papéis de bancos, commodities e indústrias.
Ninguém a salvo: as techs brasileiras não são exceção e também vêm sendo penalizadas –tanto na Bolsa local quanto lá fora.
O maior exemplo é o Nubank, que após o IPO nos EUA se tornou o banco mais valioso da América Latina, mas perdeu o posto para o Itaú na última sexta (14). Nesta terça, os papéis da fintech caíram mais 5%.
Acionistas na cola de Musk
Um grupo de acionistas da Tesla pediu nesta terça à Justiça americana que Elon Musk devolva US$ 13 bilhões (R$ 71,8 bilhões) à montadora em razão do acordo que envolveu a compra da SolarCity em 2016.
Entenda: o grupo de fundos de pensão e de gestoras de ativos afirma que Musk, na época, coagiu o conselho da Tesla a comprar a SolarCity, que tinha como principal acionista o próprio bilionário.
Eles ainda dizem que a empresa de painéis solares estava próxima da insolvência e que sobrecarregou a Tesla com suas dívidas de US$ 3 bilhões (R$ 16,5 bilhões, na cotação atual) na época.
Relembre o caso: a compra da SolarCity pela Tesla aconteceu quando as ações das duas companhias vinham em uma sequência de queda. Na tentativa de reverter o cenário, Musk tomou duas decisões:
- Uma foi o lançamento do Model 3, a aposta da montadora para o mercado popular.
- Outra foi a compra da SolarCity em um plano para criar uma empresa integrada que transformaria a geração e o consumo de energia.
O que diz Musk: ele afirma que a SolarCity não estava nem perto de ir à falência e que suas finanças eram semelhantes a de muitas empresas de tecnologia de alto crescimento.
O fundador da Tesla, que no ano passado vendeu quase US$ 14 bilhões (R$ 79,734 bilhões) em ações da companhia, disse que o valor exigido pelos acionistas é muito maior que o de outros processos semelhantes.
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