Descrição de chapéu Banco Central Selic juros

Mercado vê Selic em 11,75% no fim do ano e crescimento menor do PIB, mostra BC

Economistas reduziram perspectiva de expansão do PIB a 0,28% na mediana das projeções

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São Paulo e Washington | Reuters

O mercado passou a ver maior aperto monetário neste ano, ao mesmo tempo que reduziu pela terceira vez seguida a perspectiva para o crescimento da economia, mostrou a pesquisa Focus divulgada pelo Banco Central nesta segunda-feira (10).

O levantamento semanal mostrou que a taxa básica de juros Selic passou a ser calculada agora em 11,75% ao final deste ano, de 11,50% antes. Para 2023, a conta segue em 8,0%.

Na última reunião do ano passado, o BC elevou a taxa básica de juros a 9,25%, e volta a se reunir nos dias 1 e 2 de fevereiro.

Sede do Banco Central, em Brasília - Adriano Machado - 4.out.2021/Reuters

Para o PIB (Produto Interno Bruto), os cerca de 100 economistas consultados continuaram vendo crescimento de 4,50% no ano passado, mas reduziram a perspectiva de expansão em 2022 a apenas 0,28% na mediana das projeções, contra taxa de 0,36% estimada antes. A conta para 2023 também caiu, em 0,1 ponto percentual, a 1,70%.

Em relação à inflação, os especialistas passaram a calcular que o IPCA fechou 2021 a 9,99%, de 10,01% no levantamento anterior. A leitura da inflação de dezembro e do acumulado do ano passado será divulgada pelo IBGE na terça-feira. (11)

Apesar da quinta queda seguida na projeção de 2021, ela segue bem acima da meta oficial, que é de 3,75% com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou menos.

Para 2022, a expectativa de alta do IPCA permaneceu em 5,03%, mas, para 2023, caiu a 3,36%, de 3,41%. Para este ano, o centro do objetivo é de 3,5% e, para 2023, de 3,25%, sempre com margem de 1,5 ponto.

Aperto monetário do Fed

As economias emergentes precisam se preparar para as altas de juros nos Estados Unidos, afirmou o FMI (Fundo Monetário Internacional), alertando que movimentos mais rápidos do que o esperado pelo Federal Reserve podem afetar os mercados financeiros e provocar saídas de capital e depreciação cambial no exterior.

Em um blog publicado nesta segunda-feira (10), o FMI afirmou esperar que o crescimento robusto nos EUA continue, com a inflação provavelmente se moderando mais tarde no ano. O credor global vai divulgar novas projeções econômicas mundiais em 25 de janeiro.

O Fundo disse que um aperto gradual e bem telegrafado da política monetária nos EUA deve ter pouco impacto sobre os mercados emergentes, com a demanda externa compensando o impacto do aumento dos custos de financiamento.

Mas uma inflação de salários nos EUA ou gargalos sustentados de oferta podem impulsionar os preços mais do que o esperado e alimentar expectativas de inflação mais rápida, provocando altas mais aceleradas dos juros pelo banco central norte-americano.

"As economias emergentes deveriam se preparar para potenciais períodos de turbulência econômica", disse o FMI, citando os riscos apresentados por altas de juros mais rápidas que o esperado pelo Fed e o ressurgimento da pandemia.

O presidente do Fed de St. Louis, James Bullard, afirmou recentemente que o Fed pode elevar os juros já em março, meses antes do esperado anteriormente, e que está agora em uma "boa posição" para adotar passos ainda mais agressivos contra a inflação, conforme necessário.

"Altas de juros mais rápidas pelo Fed podem afetar os mercados financeiros e apertar as condições financeiras globalmente. Esses acontecimentos podem vir com uma desaceleração da demanda e comércio nos EUA, e podem levar a saídas de capital e depreciação cambial em mercados emergentes", escreveram autoridades do FMI no blog.

O FMI disse que os mercados emergentes com altas dívidas públicas e privadas, exposições cambiais e baixos balanços de transações correntes já começaram a ver movimentos mais amplos de suas moedas em relação ao dólar.

O Fundo disse que mercados emergentes com pressões inflacionárias mais fortes ou instituições mais fracas devem agir rapidamente para deixar as moedas se depreciarem e elevar os juros.

Ele pediu aos bancos centrais que comuniquem clara e consistentemente seus planos para apertar a política monetária, e disse que os países com níveis altos de dívida denominada em moedas estrangeiras devem buscar proteger suas exposições onde possível.

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