Petróleo tem maior preço desde 2014 em meio a tensões e oferta restrita

Barril do Brent pode superar US$ 100 com demanda firme, diz Goldman Sachs

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tóquio, Hong Kong, Bengaluru (Índia) e São Paulo | AFP

O preço do petróleo no mercado internacional alcançou o maior valor desde outubro de 2014. O barril do Brent, referência mundial, encerrou esta terça-feira (18) cotado a R$ 87,90 (R$ 485,26). No ano, a alta acumulada chega a 13%.

Já a commodity classificada como WIT (West Texas Intermediate), usada como parâmetro para um tipo de óleo menos denso, também encostou nas altas registradas há quase oito anos.

Analistas atribuem a escalada do petróleo à combinação de tensões geopolíticas em regiões produtoras e à decisão dos principais países fornecedores em não elevar a oferta, mesmo em um cenário de demanda crescente.

Na Europa, movimentos militares da Rússia na fronteira da Ucrânia estão elevando a tensão entre Moscou e Washington.

No Oriente Médio, um ataque realizado com drone na manhã desta segunda-feira (17) pelo grupo rebelde houthi, do Iêmen, contra Abu Dhabi provocou um incêndio próximo ao aeroporto da capital dos Emirados Árabes Unidos e a explosão de três caminhões-tanque. Três pessoas morreram.

Bombas de sucção são vistas ao nascer do sol em Bakersfield, Califórnia - Lucy Nicholson - 14.out.2014/Reuters

A principal perturbação em relação à oferta, porém, está relacionada à decisão da Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) e aliados, como a Rússia, em não acelerar a oferta da commodity.

Em meio a incertezas sobre os efeitos da variante ômicron sobre a economia, a estratégia dos maiores exportadores é manter o atual ritmo de crescimento da produção para evitar desvalorizações repentinas devido a eventuais paralisações de atividades econômicas para a contenção da pandemia.

Apesar do avanço global da ômicron, a vacinação tem evitado um crescimento de internações proporcional ao aumento das infecções.

A retomada das atividades econômicas segue em curso e a demanda por combustível em um cenário de escassez, sobretudo durante o inverno no hemisfério norte, vem pressionando a alta da inflação.

​Brent deve quebrar barreira de US$ 100 com demanda firme, diz Goldman Sachs

Os preços do petróleo Brent devem superar os US$ 100 (R$ 550) por barril neste ano, afirmaram analistas do Goldman Sachs, acrescentando que o mercado de petróleo continua em um "déficit surpreendentemente grande", já que o golpe da variante ômicron do coronavírus na demanda pela commodity é, até agora, menor do que o que era esperado.

O impacto da ômicron na demanda provavelmente será compensado pela substituição do petróleo pelo gás, por aumentos nas interrupções de demanda, pela escassez do produto em países da Opep e aliados e pela produção abaixo do esperado no Brasil e na Noruega, apontaram analistas em uma nota na segunda-feira (17).

A demanda global por petróleo cresce 3,5 milhões de barris por dia em 2022, no comparativo anual, com a demanda no quarto trimestre atingindo 101,6 milhões de barris diários.

O Goldman espera que os balanços da OCDE caiam para o menor nível desde 2000 até o verão no hemisfério Norte, e a capacidade sobressalente dos principais exportadores deve cair para níveis historicamente baixos, dada a diminuição da perfuração nos principais países da Opep e com as dificuldades da Rússia para aumentar a produção.

Os preços mais altos vão permitir que a Opep diminua seu caminho mensal de alta para preservar a capacidade sobressalente, com a aceleração no crescimento da produção de xisto oferecendo um tampão necessário nos estoques, acrescentou o Goldman Sachs.

O banco também empurrou suas expectativas de aumento na produção iraniana para o segundo trimestre de 2023, citando o fracasso nos avanços das negociações pelo acordo nuclear.

Com Reuters

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.