Descrição de chapéu inflação

Veja a melhor época para comprar frutas, verduras e legumes

Sazonalidade ajuda a economizar e melhora a qualidade dos produtos

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São Paulo

Com a inflação pressionando os preços de alimentos, uma boa saída é aproveitar a sazonalidade de frutas e verduras, pois os preços caem e a qualidade sobe.

"Quando a produção acontece na época certa, ela vem em condições melhores para a fisiologia daquela planta e vai produzir de maneira mais fácil", diz o engenheiro agrônomo Gabriel Vicente Bitencourt de Almeida, chefe da seção do centro de qualidade hortigranjeira da Ceagesp (Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo).

O IPCA, índice calculado pelo IBGE e que é considerado a inflação oficial, acumulou variação de 10,06% em 2021. O grupo de despesas com alimentação e bebidas teve alta de 7,94% no período.

A Ceagesp tem um calendário que pode ajudar o consumidor no planejamento de suas compras. Ele vale principalmente para São Paulo —outros estados têm suas particularidades. Em geral, a tradicional abundância de um produto em um certo período não quer dizer que não haverá disponibilidade nos outros meses, mas as chances de os preços subirem são maiores.

A combinação de conhecimento técnico e tecnologia ajuda os produtores rurais a escaparem de questões sazonais como temperatura, umidade e volumes de chuvas. É o caso, por exemplo, da produção de uva e goiaba, que são estimuladas a partir de técnicas de poda.

Outras, como a maçã, têm um pico de produção a partir do meio do ano. Porém, a fruta se adapta bem à refrigeração, o que garante o abastecimento durante todos os meses.

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Alimentos produzidos por agricultura familiar; parte é vendida, parte é doada - Zo Guimarães-25.set.21/Folhapress

As mangas paulistas são mais abundantes no fim do ano, mas as variedades do semi-árido ficam em produção durante quase todo o ano. Essas especificidades fazem com que os sacolões e feiras paulistas tenham mangas mais baratas no verão, pois ao invés de a fruta viajar do Nordeste ao Sudeste, ela vem da produção local.

As frutas mais afetadas pela sazonalidade, ou seja, de produção mais complicada fora de época, são as de caroço, como pêssego, ameixa e nectarina. Lichia, fruta de origem asiática, vem ganhando espaço na cesta de produtos de fim de ano e tem colheita anual iniciada sempre entre o fim de novembro e o início de dezembro.

Já as hortaliças tendem a ficar mais caras no verão pela combinação de calor e chuva, condições muito favoráveis à proliferação de fungos e bactérias. "Há muito trabalho de poda e irrigação, mas as principais passam por essas questões", diz o engenheiro agrônomo. "No inverno, se não der geada, é mais fácil de produzir."

Outros produtos importantes na alimentação dos brasileiros, como batata e tomate, são produzidos durante o ano inteiro. Quando não estão nos melhores intervalos de produção, eles ficam mais caros porque o produtor também gasta mais.

O chefe do centro de qualidade hortigranjeira da Ceagesp explica que a produção de batata, por exemplo, é mantida porque há demanda, mesmo que os preços subam. Para conseguir plantar, porém, é necessário que a produção, no verão, migre para regiões mais altas.

"Isso é uma regra geral. Quando é favorável, a planta produz mais e mais barato, o produto vai ter qualidade mais alta e o produtor vai usar menos químicos."

Outra referência a que o consumidor pode lançar mão para decidir o que priorizar em cada época do ano é o calendário de hortifruti elaborado pelo Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), instituto vinculado à Esalq (Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz"), da Universidade de São Paulo.

Esse, porém, tem função oposta ao do Ceagesp, pois ele é voltado aos produtores rurais. Por exemplo, para o tomate salada, o mês de março é considerado um período sob pressão de preços -e aí o consumidor talvez precise reduzir o consumo desse fruto para manter o orçamento sob equilíbrio. Para a cebola, o período entre março e julho são aqueles em que a hortaliça estará mais valorizada, segundo escala do Cepea, a partir da sazonalidade verificada no Ceagesp.

O ano de 2021 não foi dos melhores para o setor de hortaliças. Segundo o anuário HF Brasil, produzido pelo Cepea, houve queda de 3,7% nas áreas produtoras na comparação com o período pré-pandemia, e de 1,3%, em relação a 2020.

A produção industrial de batata e tomate cresceu, mas as hortaliças frescas tiveram recuo. "As incertezas econômicas em 2021, aliadas ao aumento considerável de custos de produção, limitaram o investimento dos produtores de hortaliças, principalmente do segmento in natura doméstico", diz a publicação.

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