A companhia proprietária do Facebook, Meta, disse esperar que as receitas no primeiro trimestre deste ano fiquem abaixo das expectativas de Wall Street devido ao "aumento da concorrência", o que fez suas ações despencarem mais de 20% nas negociações após o pregão.
Se as ações não se recuperarem, será o pior dia para a ação desde que a empresa abriu seu capital em 2012, com quase US$ 200 bilhões (R$ 1 trilhão) eliminados de seu valor de mercado. O declínio foi aproximadamente igual à capitalização de mercado individual da Intel e maior que a do McDonald's e da AT&T.
As empresas de tecnologia de rápido crescimento sofrem pressão considerável este ano, enquanto os investidores se preparam para uma política mais rígida do Federal Reserve. O índice de ações Nasdaq Composite teve seu pior mês em janeiro desde que o coronavírus abalou os mercados financeiros dos Estados Unidos, em março de 2020.
Juntamente com a intensa volatilidade no início do ano, os corretores alertaram para "bolsões de ar" extremos no mercado, com os preços se movendo muito mais drasticamente do que se esperava conforme as notícias do dia.
No final do mês passado, as ações da Netflix tiveram sua maior queda em quase uma década, depois que a orientação da empresa ficou aquém das expectativas. O Paypal, que ficou abaixo das expectativas na terça-feira (1º), caiu quase 25% durante as negociações na quarta, perdendo US$ 51 bilhões (R$ 270 bilhões) na avaliação da empresa.
O Spotify também divulgou nesta quarta (2) uma perspectiva decepcionante para o crescimento de assinantes no primeiro trimestre, fazendo suas ações caírem até 23% nas negociações após o expediente, antes de se recuperarem para negociar cerca de 10% mais baixas.
A Meta registrou uma queda anual de 8% nos lucros no quarto trimestre, para US$ 10,2 bilhões (R$ 54 bilhões), pressionada por seu investimento no mundo virtual cheio de avatares digitais conhecido como metaverso, bem como maiores gastos em seu ramo de tecnologias de realidade virtual e aumentada.
A Meta disse esperar que as receitas no primeiro trimestre de 2022 fiquem na faixa de US$ 27 bilhões a US$ 29 bilhões, equivalentes a um crescimento de 3% a 11% ano a ano.
Isso ficou abaixo das expectativas dos analistas, de receitas de US$ 30,3 bilhões (R$ 159,4 bilhões) no primeiro trimestre, de acordo com a S&P Capital IQ, e marca uma desaceleração em relação ao aumento de 20% nas receitas no último trimestre de 2021, quando a empresa gerou US$ 33,7 bilhões (R$ 178 bilhões).
A Meta culpou o "aumento da competição pelo tempo das pessoas", bem como "uma mudança de envolvimento com nossos aplicativos" para se assistir mais vídeos curtos, que geram menos dinheiro do que a publicidade que aparece em seu feed.
A empresa também citou o impacto das novas mudanças de privacidade adotadas pela Apple, que incluem a exigência de que os aplicativos garantam autorização explícita para rastrear usuários e enviar publicidade direcionada.
Os resultados medíocres ocorrem quando a empresa de rede social luta para manter sua posição vantajosa entre adolescentes e usuários mais jovens no Facebook e no aplicativo Instagram. Escândalos de privacidade e moderação prejudicaram o grupo, enquanto ele também enfrenta a concorrência acirrada dos aplicativos Snapchat e TikTok, da ByteDance.
Isso ameaçou seu modelo de negócios baseado em anúncios e levou o executivo-chefe, Mark Zuckerberg, a dizer no ano passado que a empresa estaria "reabastecendo" suas equipes "para tornar o serviço a jovens adultos a estrela guia".
Os usuários ativos mensais aumentaram 4% em relação ao ano anterior, para 2,91 bilhões, abaixo das estimativas de analistas, de 3 bilhões.
Tradução de Luiz Roberto M. Gonçalves
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