BNDES tem lucro recorde de R$ 34 bilhões

Banco vendeu ações de grandes empresas, como JBS e Vale

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Brasília

O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) anunciou, nesta sexta-feira (25), um lucro recorde de R$ 34,1 bilhões no ano passado, um crescimento de quase 65% em relação ao ano anterior.

"Esse é o maior lucro contábil já registrado por uma instituição financeira no país", afirmou Gustavo Montezano, presidente do banco.

Segundo ele, o resultado se explica por uma combinação de fatores: redução de despesas, realocação de recursos em outras empresas, e venda de ações e outros ativos de sua carteira de investimento.

"Desinvestir de posições [ações de empresas] maduras e de posições especulativas foi fundamental para essa mudança", disse Montezano. "É um recurso que agora vai para setores que realmente contribuem com o desenvolvimento do país."

Logo do BNDS exibido em cerimônia no Rio de Janeiro - Sergio Moraes - 8.jan.2019/Reuters

Dentre essas empresas estão Vale, Petrobras e JBS. Somente em 2021, foram R$ 16 bilhões com essas transações.

"Elas já se desenvolveram. Não precisam mais do banco", disse Montezano. "Manter posição em Bolsa com ações dessas companhias é especulação. É preciso realocar esses recursos para o desenvolvimento do país."

O alvo da próxima rodada de investimento do banco, segundo Montenzano, serão as micro, pequenas e médias empresas (MEI), chamada por ele de "heróis nacionais".

"Muito dessa capital [obtido com o resultado do banco] será realocado nas MEIs", disse Montezano.

Na pandemia, essas empresas, que respondem pela maioria dos empregos gerados no país, receberam menos do que o necessário, segundo representantes do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio a Micro, Pequenas e Médias Empresas).

Apesar de responderem por mais da metade dos desembolsos do BNDES em 2020 —participação que caiu para 46%, em 2021— essas empresas só conseguiram R$ 1,1 bilhão dos fundos capitaneados pelo BNDES que disponibilizaram recursos para esse grupo.

Também faz parte da estratégia do BNDES financiar projetos ligados à agenda climática, como o incentivo para fontes alternativas de energia renovável e crédito de carbono.

Outra fonte de receita do banco foi a estruturação de projetos de concessão e privatização.

Segundo o diretor da área, Fábio Abrahão, o BNDES passou à liderança nesse mercado, concentrando R$ 24,4 bilhões em projetos estruturados em sua carteira.

De acordo com o ranking, elaborado pela consultoria Infralogic, a Ernest Young está na segunda colocação, com uma carteira de R$ 14,4 bilhões.

Abrahão destacou que esse resultado se deve à parceria com o PPI (Projeto de Parceria e Investimentos) e com o Ministério de Infraestrutura, que concentrou quase 100 projetos de um total de 148 em curso no banco, dentre eles o da Eletrobras.

"Até hoje foram 19 projetos leiloados que garantiram R$ 109 bilhões em investimentos contratados", disse Abrahão. "Com os 148 projetos que temos mandatos [para estruturação], serão R$ 274 bilhões em capital mobilizado."

Com o lucro obtido, o BNDES terá folga de caixa para transferir R$ 17,2 bilhões neste ano para o Tesouro Nacional. O banco ainda discute com o TCU (Tribunal de Contas da União) a necessidade de antecipar R$ 13,3 bilhões em instrumentos híbridos de dívida e capital próprio para a União.

Até o momento, o BNDES devolveu R$ 99,8 bilhões ao Tesouro, restando R$ 85,4 bilhões.

A resistência em elevar o volume de devoluções foi um dos motivos de insatisfação do governo com Joaquim Levy, primeiro presidente do BNDES após a posse de Jair Bolsonaro, que durou pouco mais de seis meses no cargo.

Ao assumir, seu substituto, Gustavo Montezano, elencou a devolução como uma das metas de sua gestão, ao lado da redução da carteira de participações acionárias do BNDESPar e da abertura da chamada "caixa-preta" da instituição.

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