Descrição de chapéu Folhainvest Rússia

Alerta de possível invasão da Ucrânia pela Rússia abala mercados

Ações em Nova York voltam a cair, petróleo salta e Bolsa brasileira perde força

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São Paulo

O mercado global de ações foi sacudido na tarde desta sexta-feira (11) pelo alerta do governo americano sobre a iminência de uma invasão da Ucrânia pela Rússia. Um conselheiro da segurança nacional da Casa Branca disse que a ofensiva militar russa pode ter início antes mesmo do fim dos Jogos de Inverno de Pequim, em 20 de fevereiro.

Os principais índices de ações negociadas em Nova York passaram a operar em forte queda após o alerta, o que interrompeu uma tentativa de recuperação em Wall Street. Na véspera, o mercado dos Estados Unidos já tinha sido afundado em pessimismo devido à divulgação de um indicador de inflação pior do que o esperado.

Nesta sexta, os índices Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq fecharam com quedas de 1,43%, 1,90% e 2,78%, respectivamente.

Placa de rua indica a Wall Street, rua que dá nome ao distrito financeiro de Nova York, nos Estados Unidos
Placa de rua indica a Wall Street, rua que dá nome ao distrito financeiro de Nova York, nos Estados Unidos - Brendan McDermid -18.set.2007/Reuters

O petróleo Brent, referência internacional, subia 4,01%, a US$ 95,08 (R$ 494,23), no final da tarde. A Rússia está entre os principais produtores globais de petróleo e gás natural. Uma crise envolvendo o país pode restringir ainda mais a oferta desses materiais, pressionando os preços, que já estão no maior patamar desde 2014.

A Bolsa de Valores brasileira perdeu fôlego em meio ao crescimento da tensão no exterior. O Ibovespa encerrou o pregão com ligeiro ganho de 0,18%, a 113.572. Antes do noticiário sobre a Ucrânia impactar o mercado, o indicador de referência da Bolsa havia atingido uma alta de 1,35%, na cotação máxima do dia (114.899 pontos).

Apesar da turbulência no final da sessão, o mercado de ações do Brasil fechou com um saldo semanal positivo pela quinta vez seguida. Desde dezembro de 2020, quando completou um ciclo de sete semanas em ascensão, a Bolsa não tinha um período tão longo de altas.

Já o dólar encerrou em alta de 0,07%, a R$ 5,2440. Ao longo da sessão, também antes de ser influenciada pelo temor vindo do exterior, a moeda americana havia caído abaixo dos R$ 5,20, dando sinais de que haveria uma correção em relação à alta da véspera.


É também do exterior que vem a explicação para esse período positivo da Bolsa neste início de ano. Investidores estrangeiros estão vendendo ações que tiveram grande valorização, sobretudo no mercado dos Estados Unidos, e que agora estão sofrendo forte correção devido à expectativa de que o Fed (Federal Reserve) e outros bancos centrais elevem suas taxas de juros para combater uma onda inflacionária global.

"Com a perspectiva de que o Fed tome medidas mais rígidas visando conter a inflação americana, os investidores globais buscaram ativos mais descontados, impulsionando a entrada de capital estrangeiro para a Bolsa brasileira. Assim, a Bolsa se manteve no positivo, com destaques para as ações da Vale, Petrobras, Bradesco e Itaú", resumiu a Genial Investimentos em seu relatório diário.

Bolsa e real sofreram forte desvalorização no ano passado devido à tensão gerada pela antecipação da disputa eleitoral. O Ibovespa recuou quase 12% em 2021.

As expectativas para a Bolsa brasileira em 2022 também eram de queda devido à pressão que a disputa eleitoral costuma exercer sobre os gastos públicos, comprometendo a avaliação de investidores sobre a capacidade que o governo terá de executar o Orçamento.

Ainda não há consenso entre analistas de mercado sobre até quando o cenário positivo para o Brasil irá durar. A manutenção da valorização das principais commodities locais é apontada como o fiel dessa balança.

Com o agravamento da crise entre Rússia e ocidente, porém, restrições na oferta de petróleo podem impulsionar ainda mais a inflação global. Isso poderia obrigar o Fed a antecipar e a ampliar uma alta de juros.

Para o mercado de ações do Brasil, a crise na Europa deixa o horizonte nebuloso. Caso os juros americanos subam além do esperado, há o risco de uma fuga de capital rumo aos títulos do Tesouro dos Estados Unidos. Mas a elevação do preço do petróleo também pode valorizar ações de petroleiras brasileiras, como é o caso da Petrobras.

Na esteira da escalada do petróleo, a Petrobras subiu 4,07% nesta sexta. A petroleira privada PetroRio teve valorização de 4,24%. As empresas figuraram entre as principais altas do Ibovespa, que foi liderado pelo Itaú Unibanco, cujo balanço do quarto trimestre agradou ao mercado.

Inflação pode acelerar alta dos juros nos EUA

Até esta quinta-feira, analistas de mercado apostavam em quatro ou cinco elevações de 25 pontos-base nos juros de referência nos Estados Unidos, o que ainda manteria a taxa em um patamar relativamente baixo.

Nesta sexta, porém, novas análises começam a indicar que o mercado passa a esperar uma política de elevação de juros mais agressiva.

O banco Goldman Sachs relatou prever sete altas de 25 pontos-base, acima das cinco estimadas anteriormente, atualizando sua previsão após os dados de inflação americana de quinta-feira.

Os preços ao consumidor nos EUA subiram 7,5% no mês passado na base anual, acima das estimativas de economistas de 7,3% e o maior salto anual da inflação em 40 anos, aumentando ainda mais a pressão sobre o banco central do país para elevar os juros de forma mais agressiva.

Com Reuters

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