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Dólar cai a R$ 5,18 em meio a alívio na crise entre Rússia e Ucrânia

Bolsas globais têm dia de alta após anúncio de retirada de tropas russas

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São Paulo

Os mercados globais de ações tiveram um dia de alta nesta terça-feira (15), após o alívio nas tensões sobre a iminência de uma guerra na Europa. A expectativa de conflito foi parcialmente dissipada após a Rússia ter anunciado o início da retirada de parte das tropas que se exercitavam perto das fronteiras da Ucrânia.

No Brasil, o índice de referência da Bolsa de Valores subiu 0,82%, a 114.828 pontos. O Ibovespa vem mantendo altas moderadas mesmo diante da aversão ao risco que a ameaça de guerra tem provocado nos principais mercados. Neste ano, o ganho acumulado é de 9,55%.

O dólar fechou em queda de 0,72%, a R$ 5,1810. É a menor cotação desde o início de setembro do ano passado. A moeda americana já cedeu 7,08% frente ao real em 2022.

Nos Estados Unidos, os principais índices de ações abandonaram as baixas dos últimos dias. Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq subiram 1,22%, 1,58% e 2,53%, respectivamente.

Bolsas europeias fecharam no azul, com destaque para a alta de 1,95% do Euro Stoxx 50, indicador que acompanha 50 das principais empresas da região. Os mercados de Londres, Paris e Frankfurt avançaram 1,03%, 1,86% e 1,98%, nessa ordem.

Placa de rua indica a Wall Street, no distrito financeiro de Nova York, nos Estado Unidos
Placa de rua indica a Wall Street, no distrito financeiro de Nova York, nos Estado Unidos - Carlo Allegri - 9.mar.2020/Reuters

O petróleo também apresentava forte queda no mercado internacional no fim desta tarde de terça. O barril do Brent caía 3,29%, a US$ 93,31 (R$ 484,04). A Rússia é um dos maiores produtores da commodity e um conflito envolvendo o país reduziria a oferta, pressionando ainda mais os preços que rondam o maior valor desde 2014.

Na Bolsa brasileira, o sexto dia seguido de alta ocorre em meio à busca de investidores estrangeiros por ações baratas em mercados emergentes.

Eles estão reduzindo aplicações em ativos de mercados de países desenvolvidos, que estão muito valorizados, enquanto aguardam sinais mais claros sobre o desenrolar da crise entre Rússia e Ucrânia e, principalmente, sobre as medidas que o Fed (Federal Reserve, o banco central americano) irá adotar para combater a maior inflação nos Estados Unidos em quatro décadas.

A pergunta para a qual esses investidores internacionais esperam respostas é: até quanto o Fed irá subir a sua taxa de juros?

Se os juros americanos saírem do zero para uma taxa anual relativamente alta em um intervalo de poucos meses, há o risco de que investidores deixem de aportar recursos no Brasil e em outros emergentes para faturar com a alta dos títulos do Tesouro dos EUA.

Nesta terça, os rendimentos dos títulos soberanos americanos chegaram perto das máximas em mais de dois anos em alguns vencimentos, segundo a agência Reuters.

Essa alta ocorria em meio a apostas de que o Fed irá elevar a taxa em 0,5 ponto percentual em março, um movimento considerado agressivo para os padrões dos EUA.

Mesmo assim, o real está se mantendo em queda. Analistas atribuem essa situação também à elevada taxa de juros do Brasil, que está em 10,75%, com expectativas de superar 12%. Apesar dos riscos que o país oferece, investidores internacionais estão considerando que o retorno compensa.

Felipe Kulchetscki, fundador da JFK Investimentos, avalia que o Brasil está em vantagem em relação aos seus pares porque antecipou o seu ciclo de alta de juros. Isso coloca o país mais perto de controlar mais cedo a inflação, que hoje é um problema mundial provocado pela redução da oferta de produtos e insumos devido às paralisações geradas pela pandemia.

Kulchetscki ainda reforça que, mesmo em um cenário de agravamento da crise na Europa e uma eventual escassez da oferta de petróleo, o mercado brasileiro ainda pode se beneficiar da valorização das ações das suas petroleiras. "O Brasil tem muitas empresas vinculadas a commodities, o que acaba impactando positivamente", comentou.

Neste ano, a expectativa do mercado é que a inflação oficial fique abaixo de 5,5%. Apesar de elevada, essa taxa é muito inferior aos juros básicos do país. Isso permite retorno elevado para aplicações em renda fixa, como o Tesouro, e também melhora a perspectiva de ganhos de um dos setores mais fortes da Bolsa, que é o dos grandes bancos.

Nesta terça, o setor bancário rendeu as principais contribuições positivas para o Ibovespa. O destaque foi o BB, que um dia após comunicar um lucro recorde de R$ 21 bilhões em 2021, teve suas ações valorizadas em 4,74%.

​Beneficiados por um ambiente de retomada das atividades após a paralisação provocada pela pandemia, os quatro grandes bancos (Itaú Unibanco, Bradesco, Santander e Banco do Brasil) reportaram um lucro líquido consolidado de R$ 81,632 bilhões em 2021.

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