Descrição de chapéu copom Selic Banco Central

Com novo presidente, Fiesp critica alta de juros e diz que é preciso pensar além do Copom

Josué Gomes da Silva é filho de um dos principais críticos do Banco Central

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São Paulo

Sob o comando do empresário Josué Gomes da Silva, filho de um dos principais críticos das ações de política monetária do Banco Central durante os governos Lula, a Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) divulgou um duro comunicado sobre a alta dos juros anunciada nesta quarta-feira (2).

Josué substituiu Paulo Skaf, que dirigiu a entidade por 17 anos. O novo presidente da Fiesp, à frente da Coteminas, é filho de José Alencar, vice-presidente da República de 2003 a 2010, que morreu devido a um câncer em 2011. Em 2009, Alencar chegou a dizer que a política monetária era um "desastre" e que a economia estava em situação relativamente boa apesar das decisões do BC.

Nesta quarta-feira, o Copom elevou a taxa Selic de 9,25% para 10,75%, maior patamar em quase cinco anos.

Mais cedo, foi divulgado o resultado da produção industrial de 2021, que cresceu, mas não recuperou as perdas da pandemia e está hoje em patamar similar ao de 2009.

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Evento de fim do mandato de Paulo Skaf (ao centro) na Fiesp, após 17 anos, com o novo presidente da Fiesp, Josué Gomes da Silva (à esquerda), e da Ciesp, Rafael Cervone (à direita). - (Jardiel Carvalho/Folhapress)

Na nota "É preciso pensar para além do Copom", a Fiesp diz que as reuniões do comitê deveriam soar como "alerta sobre tudo o que deixamos de fazer a contento para colhermos crescimento econômico com geração de emprego e renda de modo sustentável".

"O novo patamar da Selic incomoda, e muito, já que a inflação que visa combater não apresenta um perfil condizente para um tratamento exclusivo via aumento dos juros. Mas deveriam incomodar muito mais as razões que movem o Copom a refrear a atividade econômica já combalida", diz a entidade no primeiro comunicado sobre o tema emitido pela nova diretoria.

Para a federação, as questões conjunturais que definem as ações do BC não devem se sobrepor às razões estruturais que influenciam a economia nacional.

"Muito mais que o BC e o Tesouro, são os Poderes da República e a sociedade que devem dar as diretrizes visando o interesse comum do desenvolvimento nacional", diz a entidade, que faz ainda uma defesa do setor.

"A expansão da renda e a geração de empregos de qualidade são características da indústria de transformação, com impactos positivos generalizados, do agronegócio aos serviços. Por isso, a Fiesp afirma: é preciso pensar para além do Copom."

Também em nota, a Firjan (Federação das Indústrias do Rio de Janeiro) afirmou que o aumento da taxa Selic em 1,5 ponto percentual já era esperado, mas que dados mais recentes revelam uma economia ainda fragilizada e que esse aumento dos juros pode comprometer uma recuperação consistente da atividade econômica em 2022.

Para a federação, as incertezas quanto à sustentabilidade fiscal continuam contribuindo para uma percepção ainda muito elevada de risco no país, o que reduz a confiança de empresários e investidores.

"É impreterível o resgate da credibilidade fiscal com a aprovação das reformas necessárias, que são capazes de sinalizar a boa conduta no caminho da sustentabilidade das contas públicas. Só assim conseguiremos resgatar a já muito abalada confiança dos empresários e promover um crescimento sólido da atividade econômica."

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