Descrição de chapéu Guerra na Ucrânia Rússia

Crise na Ucrânia pode desacelerar, mas não parar, alta de juros do Fed

Conflito ameaça atrasar a resolução de fatores que aumentaram a inflação nos EUA

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Howard Schneider
Washington | Reuters

A batalha do Fed (Federal Reserve) contra a inflação, já complicada pelo impacto imprevisível da pandemia, agora enfrenta um provável choque nos preços de energia e outra camada de incerteza após o ataque militar da Rússia à Ucrânia.

Os preços do petróleo dispararam, com os futuros do petróleo bruto dos Estados Unidos chegando a US$ 100 (R$ 511,68) o barril pela primeira vez desde 2014, enquanto os preços das ações caíam com força no pregão norte-americano.

Investidores praticamente descartaram um aumento de 0,5 ponto percentual —maior que o normal— da taxa de juros na reunião de março do banco central norte-americano.

A ferramenta FedWatch do CME Group, amplamente acompanhada, chegou a sinalizar a probabilidade de uma elevação de tal magnitude sendo reduzida para menos de 10%. Uma alta de 0,25 ponto ainda é esperada, com o Fed devendo começar a elevar sua taxa de juros ante o atual nível próximo de zero, estabelecido no início da pandemia.

Prédio branco, em dia de céu azul
Prédio do Federal Reserve em Washington, DC, nos Estados Unidos, em dezembro de 2021 - Daniel Slim/AFP

O presidente do Fed de Richmond, Thomas Barkin, disse nesta quinta-feira (24) que a taxa de juros dos EUA deve subir porque "a demanda implícita é forte. O mercado de trabalho está apertado. A inflação está alta e se ampliando".

Apesar dos eventos na Ucrânia, "não acho que você verá muitas mudanças na lógica implícita... Mas este é um território inexplorado, então teremos que ver para onde o mundo vai."

Autoridades do banco central dos EUA começaram a pensar nas consequências antes mesmo do ataque russo. O presidente do Fed de Atlanta, Raphael Bostic, disse que sua equipe tinha começado a analisar possíveis impactos, particularmente qualquer golpe potencial para o investimento empresarial, se as condições globais piorassem.

Poucas horas antes de a invasão ser noticiada, a presidente do Fed de San Francisco, Mary Daly, afirmou que, com a inflação dos EUA tão alta e o mercado de trabalho forte, o banco central deveria seguir com as elevações dos juros mesmo com a incerteza de um conflito entre Ucrânia e Rússia.

"Eu realmente não vejo, a menos que as coisas piorem materialmente... que isso terá um efeito" na decisão do Fed de começar a subir os juros em março, disse ela em um evento na quarta-feira em Los Angeles.

Mas as autoridades podem agora ter um pouco mais de cuidado até que a amplitude das ações da Rússia e como elas afetam os preços do petróleo, os mercados financeiros e a economia em geral se tornem mais claras.

A forma como os EUA e a Europa responderão às ações da Rússia também terá consequências, que se somariam ao que poderia causar aos bancos centrais o pior dos dois mundos: inflação ainda mais alta e desaceleração do crescimento.

De fato, o risco econômico imediato parece maior para a Europa do que para os EUA. Formuladores de política monetária do Banco Central Europeu têm nesta quinta-feira um encontro "informal" previamente agendado que pode se tornar uma reunião de gestão de crise.

Ainda assim, a crise ameaça atrasar a resolução de fatores proeminentes que aumentaram a inflação nos EUA, como gargalos na oferta global, que podem manter as pressões de preços altas ao mesmo tempo que prejudicam as perspectivas de crescimento.

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